HOMEM-ARANHA DE JMS: http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2016/11/mega-post-analise-e-download-de-homem.html
CAPITÃO AMÉRICA VOL. 4: http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2016/10/mega-post-capitao-america-vol4-resenha.html
MONSTRO DO PÂNTANO: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2017/04/analise-colecao-monstro-do-pantano.html
FRANK MILLER: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2017/01/analise-colecao-frank-miller.html
THOR DE JASON AARON: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2017/12/colecao-thor-de-jason-aaron.html
GRANT MORRISON - ROUND 1: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2018/01/colecao-grant-morrison-round-1.html
COLEÇÃO QUARTETO FANTÁSTICO
PARTE 2: http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2017/09/colecao-quarteto-fantastico-parte-2.html
PARTE 3: https://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2017/09/colecao-quarteto-fantastico-parte-3.html
"Eu não tinha tantas ideias quanto Jack. Ninguém tem. Mas, definitivamente, queria começar minha fase em Thor com a maior quebra dramática com as edições anteriores que fosse possível." Walter Simonson
Além é claro, dos scans de Internet, essa série foi republicada na íntegra há muito tempo, e mesmo as edições usadas na Internet custam muito caro. A primeira linha da coleção Salvat publicou o início da série, mas faltava mais da metade, visto que são muitas edições. O encadernado se chamava "O Último Viking". Eis que recentemente, a própria Salvat republicou a série inteira em três volumes luxuosos que saíram de uma vez para compra exclusiva da Internet. O preço é bem salgado (e um tanto abusivo), dando 300 reais a coleção toda; mas o que não dá pra negar é que as histórias são um exemplo eficiente de histórias de aventura e fantasia. Essas últimas publicações foram recoloridas por Steve Oliff & Olyoptics 2.0, dando uma cara diferente.
A Balada de Bill Raio Beta (#337-340)
Já é bom aproveitar a deixa pra dizer que essas características se aplicam em toda a série. A trama tem vários momentos bem bobões de descontração, são partes realmente fanfarronas de brincadeira, assim como as partes épicas não se reservam muito antes de serem bem exageradas. O mesmo vale pro romance envolvendo algumas belas personagens femininas. É clichê como uma novela da Globo. Porém, as partes mais profundas são extremamente convincentes, e Simonson consegue te fazer passar por todas essas diferentes sensações de forma eficiente, o que torna a leitura tão satisfatória! O tom fabulesco também fica bem equilibrado com o de aventura espacial, provavelmente por isso sendo considerada a série definitiva do Thor junto com a de Jack Kirby.
Aqui nos aproximamos mais da trama de Surtur, o demônio do espaço que vem preparando sua espada desde a primeira página da série. Quem vai ajudar o plano ainda não explicado do capetão é Malekith, líder dos elfos negros que havia sido exilado por Odin há muito tempo. Aqui é a estreia do personagem, mais um criado por Simonson após Bill Raio Beta. Thor está tendo problemas com uma feiticeira sedutora, o que atrapalha sua percepção. O deus do trovão se une a Roger Wilis, um americano médio de calça jeans, jaqueta e boné, ex-veterano de guerra que se compromete com a proteção da caixa do inverno eterno, que o líder dos elfos negros almeja usar. Saindo do meio termo para o plano completamente fantasioso, a trama do Balder vai recebendo cada vez mais atenção, alcançando pontos inesperados. O herói secundário chega a passar por percepções filosóficas abstratas, mostrando que o autor se comprometeu com a sua jornada de redenção, ficou realmente muito legal pra um personagem que estava em plano secundário.
O novo vilão dá muito trabalho para Thor e Roger, até que por fim a introdução acaba e Odin declara que começará a inevitável guerra contra Surtur.
"Asgard, lar dos poderosos deuses nórdicos, está vazia, com seus salões abandonados e ruas desertas..."
Odin reúne todo o elenco asgardiano para anunciar a batalha, mas antes ele explica a origem antiquíssima do inimigo em uma narrativa memorável, onde retorna ao tempo quando era jovem, ou nas palavras do próprio deus, quando o próprio céu ainda era jovem. A aventura é digna de ser chamada de guerra, visto que se estende por cinco edições! Meio que tudo trouxe até aqui, já que logo a primeira página apresentada por Simonson já tinha o demônio Surtur, personagem introduzido por Jack Kirby e Stan Lee que antes só aparecia de forma secundária, aqui sendo um exemplar algoz. Após todas as preparações das forças de guerra; Thor, Lady Sif, os Três Guerreiros e companhia se juntam na Terra a heróis como os Vingadores e o Quarteto Fantástico, tendo o Senhor Fantástico e o Tocha Humana participações mais importantes.
Em paralelo aos esforços de Thor, a ação é constantemente intercalada pelo o que está acontecendo com outros personagens nos diferentes pontos da guerra! Bill Raio Beta e os outros heróis são mostrados enfrentando os demônios de fogo em Midgard; Balder é enviado para persuadir Karnilla, que o deseja, para ajudar na batalha. Frigga, esposa de Odin, parte com as crianças de Asgard para se protegerem do ataque devastador. É tudo digno de ser comparado com batalhas épicas narradas por Tolkien em Senhor dos Anéis, inclusive contando com uma clara homenagem à série da Terra Média no final. Interessante pensar como na época ainda não haviam os filmes do Peter Jackson, que só sairiam umas duas décadas depois. Simonson sucede em prender o leitor e convencê-lo que se trata de um evento grandioso, digno do título de Ragnarok, que no caso o autor brinca chamando de "Ragnarok & Roll". Há surpresas, um uso bem equilibrado de vários personagens cativantes e ao final o leitor não sai decepcionado com as expectativas que estava acumulando.
Juntando os pedaços (#354-359)
"Assim como não há vergonha em viver, não deveria haver nenhuma em morrer."
A aventura continua logo após a fatal guerra contra Surtur e suas hordas. Os sobreviventes percebem que terão que decidir como seguir com o destino de Asgard. Hela, a deusa da morte, surge como nova vilã que perseguirá Thor trazendo problemas com seus poderes fortes e rastejantes. Em luto pelo que perdeu, o deus do trovão vai se isolar em um deserto nevado, onde encontra um velho forte e gigantesco (capa acima) que o recebe em sua moradia para um jantar e cativa bastante com seus mistérios. Há a arte final do Sal Buscema, que torna a edição mais atraente que o resto. Após a guerra, Frigga segue com as crianças de Asgard e surgem alguns problemas no caminho. O esforço em resguardar os jovens, se preocupando com sua integridade física e a tranquilidade emocional, faz um contraste com as lutas envolvendo magia e força. O que beira o insuportável é quando volta a Lorelei e o Loki com a mesma ideia de seduzir o Thor. A ruiva é muito chata, só pensa em arranjar homem. Decepciona o Simonson não ter pensado em nada novo e investido no mesmo planinho que os dois personagens estavam usando desde o início.
Se antes estávamos tendo desfechos que eram comparáveis com as mais épicas guerras de fantasia, essas duas histórias contra a Lorelei parecem uma novela mexicana! Infelizmente, não chega a ser tão engraçado ao ponto de compensar a troca de clima. Como personagem feminina, a Lady Sif é mil vezes melhor, apesar de também estar sofrendo de amor, envolve uma crise existencial e ambivalência quanto aos seus sentimentos pelo Thor. Bill Raio Beta atua como defensor de Midgard enquanto o filho de Odin está ausente. O alien tem o desafio de enfrentar um exército de criminosos com alta tecnologia que são ex-veteranos da guerra do Vietnã e se sentem sacaneados pelo governo que não os reconheceu, querendo cometer um grande roubo para compensar seus sacrifícios. Também é simples e meio clichêzinho, mas é mais divertido. E de todas as histórias secundárias de amor, a do Bill é a melhor.
O Vale das Sombras (#360-362)
"Tudo pronto, meu amigo. Penso que a longa noite se iniciou."
Thor e alguns colegas asgardianos que haviam ajudado com a guerra contra Surtur passam a se preparar para ir pra terra da morte enfrentar a deusa Hela e livrar as almas de alguns mortais que estavam presos lá graças aos problemas que Malekith havia causado. Para isso, Thor recorre pela ajuda de seu amigo Balder que conhece o caminho e o alerta de como será doloroso atravessar a estrada do inferno. Exatamente como vendem as capas com Thor e os asgardianos avançando violentamente em suas bigas, Simonson entrega toneladas de ação, apesar de parecer que não capricha tanto nos desenhos quanto em algumas histórias passadas. Volta a ter um pouquinho de noveleira, mas graças a Odin passa rápido e o foco fica mais na ação e na fantasia. A luta contra Hela é digna da espera. Uma trilogia intensa e divertida, com vários momentos significativos para os personagens, seja em lutas físicas ou dilemas internos. Sequência digna de ser adaptada para um bom filme ou videogame.
Balder, o bravo (#1-4)
"Assim como um povo deve lealdade à sua rainha, será que uma rainha também não deve ser leal a seu povo?"
Uma das maiores surpresas é a minissérie solo que foi feita para o Balder! Simonson deve ter notado o potencial que o personagem já estava tendo em sua jornada solitária durante as revistas do Thor e resolveu revisitá-lo. O personagem é diferenciado, sendo tão bondoso e amoroso que chega a se comunicar com os animais, como se fosse algum santo. A primeira edição mostra Balder no castelo de Karnilla enquanto seu antigo companheiro, Agnar, vem convocá-lo para a viagem contra Hela. Na primeira página é mostrada a origem da feiticeira Karnilla, e depois vemos o convívio espinhoso dos dois. A rainha é manipuladora e possessiva, mas Balder enxerga que por trás disso ela o ama. O bacana é como passa o temor de Simonson fazer maaaaaaais uuuuuuuuum clichêzão romântico, pois a aventura impressiona terminando como um épico amoroso mais envolvente, provavelmente pela Karnilla amadurecer e o leitor poder levar todo o contexto mais a sério com os grandes perigos que os personagens têm que enfrentar.
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Na minissérie, Buscema volta a colaborar com a arte-final |
Apesar de continuar com os cabelos brancos, vemos o deus superar sua imagem obesa e deprimida, voltando a parecer com um herói! Junto com o arco do Thor contra Hela que estava havendo nessa mesma época, dá pra perceber como o lado de aventuras de super-herói fica pra trás nessa fase, enquanto o tom de conto de fadas toma conta. O resultado é certeiro! O autor conseguiu fazer uma minissérie que vale tanto a pena ser conferida quanto a série principal do deus do trovão. Na última edição, Simonson demonstra claramente como se divertia em fazer essas histórias com a mitologia que tanto ama, se despedindo do leitor com uma arte de duas páginas com a mensagem: "E aqui vai uma última saudação de Balder e seus companheiros. Foi divertido, pessoal! - Ralph, Walt e Sal". Prova explícita do amor de fã que W. Simonson tinha por essa revistinha que acompanhava desde moleque, até que enfim teve a oportunidade de trabalhar com ela e deixou sua marca para sempre!
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Eis a mencionada despedida |
Continua...