DEMOLIDOR: RENASCIDO #03 - A PALMA DA SUA MÃO (CONTÉM SPOILERS)

 


Não tenho pretensão de escrever qualquer análise complexa sobre esse episódio, vamos apenas continuara conversa de onde a gente parou.

É justamente nesse ponto, de onde nós paramos que jaz a minha decepção inicial com esse episódio, que é discutivelmente, inferior ao anterior... A série deu um bait safado no telespectador no fim do episódio anterior que o Murdock tinha matado um policial com as próprias mãos, e o policial - que teve a cabeça batida várias vezes contra a geladeira e caiu de pescoço (com direito a um sonoro “crack”) aparece de boa no tribunal pra depor apenas com uns roxos na cara? E tipo, ninguém nota que uma testemunha chave de um caso apareceu mais machucada do que havia aparecido antes para depor, com direito até ao Matt fazendo piadinha com o olho roxo do cara no meio da sessão... (!!)

Descarregado isso, a série foi um bom (e já esperado) episódio de tribunal. É explicado o “motivo” do rapaz tá apanhando no metrô (e eu sei, você quando viu ele mentindo de deixando um homem que salvou a vida dele provavelmente pegar uma perpétua deve ter pensado “é por isso que eu deixo se foder, se eu ver algo assim na rua”, eu sei), Murdock fica acuado e resolve jogar a merda no ventilador e expor que o cara era o Tigre Branco mesmo e fodam-se as consequências, é um jogo de tudo ou nada. A série começa a mostrar toda uma moralidade bem volúvel do Matt (ou hipocrisia, se você preferir), com o próprio juiz lembrando como o mesmo advogado que coberto na legalidade não quis que os atos pregressos do cliente influenciassem na ação atual, pegando o júri nesse golpe emocional.



Claramente, que na perspectiva de telespectador, sabemos que o homem é inocente, e até relativizamos o que o Murdock fez, mas se ponha na posição de um observador que não sabe disso, e você odiaria o Matt. Bem como o próprio “decidir pelo outro” que é hora de parar. Não obstante Murdock se punir, se negando o chamado para ser um vigilante, ele tenta matar no Tigre Branco o que não conseguiu matar nele. Psicólogos nos comentários, podem aprofundar essa questão.

Wilson Fisk claramente ficou sem função narrativa clara nesse episódio. Apático, eu diria, e quando ele sai da sua apatia, não existe uma motivação clara. Primeiro “ele não liga que os ratos se matem”, depois ele segue naquela ridícula terapia de casais pra inglês ver, só que ao final do episódio ele fica putinho pelo Murdock ter vencido o caso? Me pareceu só uma forçada de barra pra ter um antagonismo entre eles, não sei se mais alguém interpretou assim. É uma vontade tão grande em transpor o “Fisk prefeito com a lei anti-vigilante” que eu não vejo ainda um alicerce argumentativo sólido para isso. Veremos se a série aprofunda.



Gosto bastante de ver essas cenas de tribunais, porque junto das provas, datas e depoentes, é sempre interessante, quando bem escrito, quando um advogado e um promotor se enfrentam. Há todo um jogo entre A vs B sobre a leitura dos fatos. Mas a série entrega pouco espaço para o promotor, que até faz um ponderamento racional, mas logo é suprimido. Ficou um tempo de tela muito a favor do protagonista, fazendo parecer fácil como ele ganhou o caso.



E agora vamos pra “polêmica” (apenas para pessoas com probleminhas) caveira do Justiceiro, e sua “apropriação indevida”. Encerramos - talvez até de forma literal demais - o arco do Hector. Ok, o problema é uma parte da corporação policial que fez grupos de extermínio paralelos inspirados no Justiceiro. Há uma validade na crítica, mas uma certa desonestidade argumentativa nisso, ao menos eu fico com essa percepção. Grupos de justiçamento sempre existiram e sempre vão existir, independente de um personagem fictício nos quadrinhos. Tem muito “noia” que faz uma tattoo do Coringa na perna ou no braço e reinterpreta esse símbolo, tem grupos de milícia que pegam o símbolo do Batman, grupos extremistas que podem pegar desde da Máscara do V de Vingança (era uma febre, vocês lembram?), ao rosto do Pantera Negra ou mesmo até a maquiagem do Coringa do Joaquin Phoenix (fora um monte de traficante com a porra da bandeira do Flamengo, enfim, tô divagando, mas você entendeu). Isso só mostra que a ficção inspira a realidade, e vice-versa, mas não de uma maneira preguiçosa e conveniente que muita gente pode colocar, sabe aquela história do “saiu matando na rua porque matou no joguinho”?

Eu só fico receoso na série mirar numa crítica e acabar acertando em algum tipo de palestrinha, o que quebra qualquer imersão. E claramente, eu espero que não tenha sido o Frank Castle que apertou o gatilho no fim do episódio. E vocês? Gostaram mais desse episódio? Não botaram fé que o Demolidor tinha matado o cara? Será que até um tiro na cabeça do Tigre Branco é mais um bait e depois ele aparece lutando ao lado do Demolidor? Deixem nos comentários. Nos vemos nesse mesmo canal semana que vem, debatam livremente.

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