Lembro até hoje da alegria do anuncio das Séries do MCU para o Disney+, meu lado marvete falou alto com a iniciativa da Marvel de entrar de vez no mundo televisivo. A proposta da leva inicial de 3 produções vinha com uma ideia promissora de expandir o MCU, trazer mais camadas para os heróis pouco explorados nos cinemas e ainda introduzir novos personagens com outros séries a serem lançadas. E ainda, as séries não só ajudariam a fortalecer o streaming, mas também passaram a ser essenciais para a continuidade das tramas no cinema.
Porém, convenhamos, não foram só flores. O império Marvel construído tão bem planejado (dúvido muito) até Ultimato estava perto do fim. O estúdio não percebeu de imediato a necessidade de um showrunner e o que tivemos em tela foram grandes filmes divididos em episódios, sem uma verdadeira separação ou aprofundamento que só um bom planejamento de série pode oferecer.
Dito isso, para essa análise estarei deixando de fora alguns lançamentos, como os especiais de Natal e Halloween, e as animações como X-Men 97, que continua a animação clássica dos anos 90 que considero superestimada, mas é papo para outro dia) e Amigão da Vizinhança, que surpreende com o seu charme, apesar das mudanças. What If...? por sua vez é um grande desperdício de potencial.
Então, vamos ao ranking!
1º Lugar: Demolidor: Renascido
Não poderia ser diferente, em primeiro lugar temos a mais nova das séries da Disney, que com apenas poucos episódios lançados até agora, Demolidor: Renascido se revelou uma série sólida, trazendo de volta o que a produção da Netflix tinha de melhor: ação e drama de qualidade, com ótimas atuações. O Matt Murdock de Charlie Cox é impecável, e não podemos deixar de falar do Fisk, que finalmente retornou a sua glória com a atuação do Vincent D'Onofrio. Por fim, a série ainda acerta ao se basear em momentos clássicos das HQs nas mais diversas eras, em especial, a trama do Chip Zdarksy, Charles Soule e outros, como a trama do julgamento do Tigre Branco e o Justiceiro.
O clássico vilão do Thor e Vingadores ganha uma nova chance após Ultimato e estrela uma produção de 2 temporada marcada por sua ambiguidade moral em uma jornada de redenção na missão da AVT. No geral, a série se mostrou um dos maiores trunfos do MCU, não só apresentando o conceito de multiverso como também lançou as bases para a Saga do Multiverso, com Kang como o vilão - Algo que mudou com os problemas do ator e a mudança de rumo dos cinemas - Mesmo com esses percalços, a segunda temporada soube se reinventar. Ao tirar Kang do centro e focar no crescimento de Loki como o Regente do Multiverso, a produção nos entregou uma jornada rica e cheia de reviravoltas, com o título de “Deus das Histórias” fazendo referência direta às HQs de Al Ewing.
3º Lugar: Agatha: Desde Sempre
A maior surpresa da lista é dizer que a série é boa, sim, eu sei que alguns podem criticar nos comentários a dose de cultura woke da série, sim, ela tem, porém, como narrativa, a mesma surpreende. Aquilo que começou como uma piada, se mostrou muito mais do que uma simples extensão de WandaVision. Kathryn Hahn é sensacional e carrega a série nas costas, com sua personagem ganhando mais camadas e tendo um elenco muito bom, como Aubrey Plaza, as outras bruxas e o Wiccano. Dessa forma, a série ganha uma posição de destaque no pódio ao apresentar uma trama que mistura magia, mistério e um toque de humor, conseguindo equilibrar tudo isso de forma bem divertida na medida que explora novos conceitos da Marvel no campo da Magia e os Convém.
4º Lugar: WandaVision
Estreiando as séries da Marvel no D+, a produção que abraçou o tom divertido de sitcons, explorando as décadas da televisão ao longo dos episódios, na medida que avançávamos na psique fraturada da personagem título, Feiticeira Escarlate. Aqui, vimos Wanda enfrentar suas dores e tentar lidar com o luto de uma forma que poucos personagens conseguiram explorar. Porém, aqui temos um problema recorrente em outras produções, a conclusão apressada e sem peso, que segundo a produção é uma consequência da pandemia. Fora isso, o Visão e a Agatha são os pontos que vem logo em seguida com destaque, mesno que essa última, não seja fiel a sua contraparte nas HQs, diria que temos uma personagem original.
5º Lugar: Falcão e o Soldado Invernal
Agora, Falcão e o Soldado Invernal é aquele tipo de série que me fez pensar: “ok, Marvel, vocês estão indo na direção certa, mas… vocês poderiam ter feito melhor.” O dilema de Sam ao assumir o manto do Capitão América foi profundo, e a dinâmica com Bucky trouxe boas cenas de redenção. Porém, os vilões, os Apátridas, acabaram sendo genéricos e sem muita profundidade. E não podemos esquecer o discurso de Sam como Capitão América, que tentou abordar questões relevantes, mas não conseguiu escapar de uma visão muito superficial, especialmente ao passar pano para grupos terroristas. Por mais que as intenções fossem boas, a execução ficou a desejar.
6º Lugar: Eco
Eco, do selo Marvel Spotlight, e derivada de outra produção, Gavião Arqueiro, a série tem um tom urbano e com breve uso de violência gráfica, que funciona bem nas cenas de ação como a luta contra o Demolidor que é um dos destaques da minissérie. Contudo, a trama de fundo não consegue se sustentar. A série tenta explorar o mito por trás da personagem, mas acaba indo por um caminho genérico demais. E as mudanças, como os superpoderes que não estão nas HQs, podem ter afastado um pouco os fãs mais hardcore. A história de Eco poderia ser mais interessante se não fosse essa mistura confusa de elementos. Ainda, a mesma nos traz o Fisk em uma caracterização mais próxima a série da Netflix (Abro um parêntese pois na cronologia do MCU, essa série se passa antes de Demolidor Renascido), porém, o vilão principal da produção não se sustenta e a construção dos laços familiares com a personagem título pecam na execução.
7º Lugar: Gavião Arqueiro
Uma série de Natal, sim, e isso explica seu tom leve, contudo, é uma produção que começa a denotar a necessidade de um showrunner para as séries da Marvel no D+. Ao apresentar leves detalhes da vida pessoal do personagem título, ela nos leva a propõem desenvolver as consequência de suas ações como Ronin no período de Vingadores Ultimato e ainda apresenta dois personagens legados, que são Kate Bishop, a Gaviã Arqueira, e Eco, que eu mencionei anteriormente. Temos ainda a primeira aparição do Wilson Fisk no MCU, integrando o Universo da Netflix ao MCU. A série tbm agrega ao apresentar a heroina aposentada Harpia, que é a esposa do nosso protagonista. A produção se inspira levemente no trabalho do Matt Fraction.
8º Lugar: Miss Marvel
A série até que tem um começo divertido, ao proporcionar a mesma sensação que tive ao heroina mulçumana Kamala Khan, tida como o Homem-Aranha da nova geração e conectando-se com novas gerações. A produção, consegue captar bem a essência das HQs da G. Willow Wilson, porém, se perde no decorrer da trama ao retirar o elemento Inumano da origem da personagem e vincular a viagem no tempo, vilões genéricos, os djinn e para piorar uma origem mutante... Ah, e a mudança de poderes... Nota: A ideia original é que ela fosse mutante, contudo, a Marvel no ano de lançamento da personagem estava na fase do boicote aos X-Men e demais propriedades vinculadas a Fox, em paralelo a promoção dos Inumanos. Essa mudança de origem também se refletiu nos quadrinhos com a decepcionante morte da personagem feita sob as mãos do Zeb Wells nas HQs do Homem-Aranha (que escritor e título ruim), além de termos o retorno dela como mutante.
9º Lugar: Cavaleiro da Lua
Um dos personagens que eu estava mais ansioso para ver adaptado era ele, por conta das HQs do Jeff Lemire. Com seu ar de loucura, questionamento da realidade e luta ao crime, o herói poderia render uma produção no nível do Demolidor ou mesmo Legion do Noah Hawley, porém, a série não honra a trama das HQs em suas décadas de existência e várias abordagens de autores consagrados. No fim, ela cria algo original que usa as HQs como apenas uma leve inspiração, ao vincular o personagem diretamente a mitologia egípcia, deixar em segundo plano a origem judaica e ainda por cima ter uma batalha final que se resume ao confronto de monstros gigantes... Ah, só valeu a pena termos a May Calamawy como coprotagonista.
10º Lugar: She-Hulk
Vindo logo em seguida como a segunda pior série do MCU. A mesma tinha como a promesa de ser uma série que usasse a personagem título quebrando a quarta parede e ainda expandindo a mitologia do Hulk, o que de fato acontece, porém, sendo feita com pouca qualidade. - Sim, estou falando de você F.E.I.G.E . - A atriz principal se dá bem na personagem, mas usa um humor que se perde nas piadas e não explora todo o potencial que uma comédia de advogados poderia render. Ainda, usa o Bruce como alivio cômico e fazendo da protagonista superior a ele, sem nunca passar por uma jornada de amadurecimento são outros elementos que só prejudicam a composição do todo. Os vilões, são versões caricatas de incels e outros grupos na internet, porém, beiram ao ridículo. Dessa, posso dizer que a série apenas ridiculariza pautas e não se sustenta, nem mesmo com as participações especiais, como o Demolidor com seu traje amarelo, que sim, eu gostei do visual e do tom do personagem. Ah, não posso deixar de falar do filho do Hulk e o CGI terrível da série... A cena da dança que dispensa comentários.
11º Lugar: Invasão Secreta
Por fim, temos a pior produção das séries da Marvel que me deixou com um gosto ruim na boca e nem cheguei a concluir. Essa série só utiliza o nome da HQ, que admito não gostar muito, porém, ao se propor ser uma produção voltada para a espionagem, nos coloca como protagonista o Nick Fury, que já teve uma explicação ridícula para o seu olho lá em Capitão Marvel. Aqui ele esta em sua crise existencial e parece ser um personagem que a Marvel não sabe o que fazer. Daí, desperdiça o talentoso Samuel L. Jackson e os demais membros de peso da produção, como Ben Mendelsohn, Olivia Colman e outros nomes, com o destaque sendo a nossa querida Daenerys, que aqui é uma personagem que se tornou ultraforte e que a Marvel jamais deve utilizar novamente, dado o nível de absurdo e o quão desnecessária foi essa série.

Para concluir, diria que as séries da Marvel lançadas no Disney+ são divisivas, com as iniciais sendo boas, porém, a necessidade de produção rápida gerou produções que desperdiçam persoangens, tramas, eventos e afins e que no fim, não parecem agregar muito a narrativa macro do MCU na Saga do Multiverso.
Agora, com o lançamento de Demolidor e a promessa de uso correto de um showrunner, as coisas podem andar.
Para o futuro, ainda temos Magnum, Coração de Ferro e outras séries a ser lançadas, as coisas podem melhorar. Que Nova retome a sua produção.