HORA DO DUELO – Hulk (2003) vs O Incrivel Hulk (2008)

 


HORA DO DUELO – Hulk (2003) vs O Incrivel Hulk (2008)

Enquanto muita gente concorda que o Hulk não teve um bom desenvolvimento em suas participações nos filmes do MCU, sendo tratado como um personagem de suporte para outros, a opinião é dividida quando se trata de seus filmes solo.

Antes, muita gente defendia o blockbuster de ação e pancadaria que foi O Incrivel Hulk, estrelado pelo Edward Norton. Mas, tem surgido um grupo de pessoas que defendem o filme dramático do Hulk de 2003, estrelado pelo Eric Bana.




A partir disso, surge a grande pergunta: Qual deles foi o melhor? Qual deles melhor adaptou o Golias Esmeralda e a essência de suas HQs?

Vamos descobrir...

 

O PROTAGONISTA



Vamos começar com o herói dessa história.

Como não há muita diferença entre os Hulks exceto pelo visual, a comparação será envolverá os dois Bruce Banner. Tanto Norton quanto Bana conseguem representar bem o trágico cientista inteligente e atormentado, lidando com seu “monstro interno”.

No entanto eu sinto que o Banner do Eric Bana consegue apresentar melhor esse lado perturbado, visto que o filme explora o passado traumático do Banner, mostrando como ele já tinha problemas com a raiva mesmo antes do acidente que o transformou, sendo um cara isolado, focado no trabalho e se recusando a se abrir. Ele ser transformado no Hulk é trágico mas ao mesmo tempo força o Banner a ter que lidar com essa parte de si mesmo que ele ignorou todos esses anos.





O Banner do Norton, mesmo representando bem a personalidade do Banner, não tem muito de seu passado ou mente explorada, com o foco ficando mais nele buscando uma cura para o Hulk do que ter um arco pessoal.



Por esse motivo, eu considero o Banner do Eric Bana superior, sendo complexo e tendo mais drama em sua história.

Vencedor: Hulk (2003)

 


O VILÃO




Ambos filmes possuem vilões bem distintos. No Hulk de 2003, o vilão é David Banner, pai de Bruce, que, ao ser liberado da prisão, começa a espionar seu filho. Após vê-lo se transformar no Hulk, David fica obcecado pelo poder de Bruce e realiza experimentos em si mesmo, ganhando a habilidade de absorver e se transformar em tudo que toca (basicamente ele é uma mistura de Brian Banner com o vilão Homem Absorvente). Porém, devido a instabilidade em suas moléculas, ele acaba precisando drenar a força de seu filho.




o Incrivel Hulk de 2008 tem como antagonista Emil Blonsky, um soldado do General Ross, que após testemunhar o Hulk em ação, fica obcecado em se tornar tão forte quanto o monstro e derrota-lo.



Logo a escolha é entre um vilão fiel as HQs (Abominável) ou um personagem baseado em um ou mais já existentes (David Banner).

Embora eu respeite a fidelidade em uma adaptação, é importante considerar a forma como o elemento é adaptado. Seja o vilão fiel ou não, ele tem que representar um obstáculo para o herói em seu conflito externo (o conflito físico entre eles), interno (o drama do protagonista) e ideológico (o debate das ideologias dos dois rivais). Por exemplo: Darth Vader é um vilão que desafia o Luke num conflito externo (o duelo de sabre de luzes), força o Luke a encarar um dilema interno (se deve ou não matar seu pai) e ideológico (Vader tentando trazer Luke para o lado negro e ele tentando redimir seu pai).



No caso dos vilões do Hulk, embora o Abominável contribua para um desafio externo e interno para o Hulk, fazendo Banner aceitar se transformar no Golias Verde para impedir o novo monstro de destruir Nova York, os dois não possuem uma grande conexão. Blonsky se torna apenas mais um valentão obcecado por poder e desejo de superar o protagonista por puro orgulho, e nada mais.



David Banner, sendo pai abusivo de Bruce, já cria uma conexão pessoal entre os dois, com seu conflito não só tendo Banner tentando derrotar seu pai, que pode absorver seus poderes (o conflito externo) e provar que ele não é um instrumento do cientista louco (conflito ideológico), como também tendo ele confrontando seu medo de aceitar sua raiva (o Hulk), algo que ele sempre associou com seu pai, como parte de si mesmo (conflito interno).

Além disso, David tem uma personalidade mais forte como vilão do que Blonsky, sendo mais manipulador e desiludido, nunca reconhecendo seus erros e tentando encontrar justificativas para suas ações (ex: “eu fui atrás de poder porque é o que todo mundo iria fazer”, “eu tentei matar meu filho porque estava sendo misericordioso”). Até mesmo a forma como ele fala demonstra o quão desassociado com humanidade ele é, se julgando acima dela e vendo a todos como mera moléculas. Blonsky é apenas um invejoso que quer superar o herói, o tipo de personagem presente em várias coisas da cultura pop.



Logo, apesar de eu curti o Abominável e sua rivalidade com o Hulk nas hqs, o ponto vai para o Hulk de 2003, que teve um vilão mais complexo e interessante.

Vencedor: Hulk (2003)

 


O ELENCO DE SUPORTE




Quando se trata do elenco de suporte, os únicos personagens que aparecem nas duas adaptações e tem um papel significante para a história são a Betty Ross e o pai dela, General Thunderbolt Ross, interpretados no filme de 2003 por Jennifer Connely e Sam Elliot, e no filme de 2008 por Liv Tyler e o falecido William Hurt.

Ambas versões são bem parecidas no seus papeis, com Betty sendo o interesse romântico do Banner e o general sendo um antagonista secundário. Mas a diferença está no fato do filme de 2003 deixá-los ir um pouco além de seus archtypes.

A Betty da Connely é muito mais ativa e independente que a da Tyler, não só investigando o passado do Bruce e confrontando com o David, como também tenta ajudar o Bruce a lidar com essas memórias reprimidas e se abrir.



Já o general Ross do Ellot, apesar de ser um antagonista secundário, ele é pouco mais complexo do que a versão de 2008, sendo mostrado menos como um militar obcecado em caçar o Hulk e mais um homem em conflito, dividido entre seu dever e sua filha. Sua desconfiança no Bruce é muito mais compreensível, visto o passado do Ross com o David Banner. Tem até momentos em que ele, apesar de discutir com a filha, deixa ela tenta ajudar o Banner.



É essa relação complicada da Betty com o general e a forma como reflete a relação do Bruce com seu pai abusivo, que torna a dinâmica dos quatro mais interessante, fazendo o elenco de 2003 contribuir mais para a história.

Vencedor: Hulk (2003)



CENAS DE AÇÃO




Agora chegamos no ponto que as duas adaptações se divergem muito, pois quando se trata das cenas de ação o filme de 2008 é o campeão.

O filme de 2003 tem umas boas construções para as lutas e elas tem funções importantes na história, mas falham na execução, com apenas uma das cenas se passando de dia enquanto todas as outras acontecem de noite, ficando difícil de ver o que tá rolando, além do CGI do filme ser muito tosco, com o Hulk parecendo algo saído de um jogo de PS2.



Já o filme de 2008 é um blockbuster, tendo várias cenas de ação bem filmadas, mostrando o Hulk sendo badass e arrasando os inimigos. A única vez que a cena acontece no escuro é no início do filme, construindo o momento em que o Hulk se revela para os soldados (e consequentemente para o público assistindo). Depois disso em todas suas aparições o Hulk e suas lutas são bem visíveis e representam bem a ação das HQs.



Vencedor: O Incrivel Hulk (2008)

 


HISTÓRIA




Chegamos ao aspecto que distingue os dos filmes aos olhos dos fãs que é a trama. Enquanto Hulk de 2003 é mais melodramático e tem um foco num estudo psicológico do trauma do Banner e como sua vida é afetada após seu acidente, o Incrivel Hulk é mais um filme de ação e perseguição, mostrando o Banner tentando escapar dos soldados do Ross e encontrar uma cura para sua transformação.

O fato do filme de 2008 ter um foco maior nas lutas e cenas do Hulk causando destruição é um motivo compreensível para muitos fãs julgarem essa adaptação superior ao de 2003, recriando a ação das histórias do Golias Verde. O problema é que cenas ação não definem a qualidade de uma história, mas sim o desenvolvimento dos personagens.

Nesse aspecto, o Incrivel de Hulk tem uma ideia de arco pro Banner, dele começando querendo se livrar do Hulk para no final aceitar o Hulk e reconhecer que ele pode ser uma força para o bem. Infelizmente o filme não dedica tantas cenas mostrando o Banner fazendo essa reflexão. Tirando uma cena de dialogo dele com a Betty sobre o Hulk, Banner passa maior parte do tempo focado no objetivo de se curar do Hulk até o ataque do Abominável ao Brooklyn fazê-lo mudar de ideia. O filme precisaria de mais cenas discutindo essa temática par tornar a evolução do Banner mais natural e genuíno.



O Hulk de 2003, por sua vez, pode até ser um filme meio lento para muitos, busca trazer o Hulk de volta a suas origens, recriando aquele clima de filme de terror presente nas histórias originais do Hulk, com o foco sendo no drama psicológico dos personagens do que as cenas de ação.

Ele dedica seu tempo para trabalhar com o personagem do Banner, mostrando ele indo de um cientista reservado, que não se abre com as pessoas, para ser forçado a lidar com essas memórias reprimidas que ele desesperadamente tenta se desassociar por causa do abusos que sofreu de seu pai. 





Através dessa história o filme de Ang Lee explora temas bem profundos sobre os pecados do pai influenciando os filhos e dualidade do ser humano. O Hulk no filme não é apenas um monstro random que o Banner se transforma, mas também uma consequência do Banner tentou lidar com suas emoções após a morte da mãe e o medo de sua raiva, a emoção que ele conecta com seu pai.

Vários elementos no filme tem um papel nesse drama, desde a relação do Banner com a Betty (representando uma figura feminina acalmando o Banner, assim como sua mãe era pra ele em sua infância) ao conflito do Hulk contra o David Banner no final, com o Golias Verde derrotando o vilão não com a força física mas sim deixando-o absorver seu poder ilimitado (mostrando Banner não mais lutando contra sua raiva, mas sim escolhendo libera-la). Até mesmo o detalhe do Hulk falando no final tem mais impacto do que o “Hulk Esmaga” 2008, pois representa Banner e Hulk finalmente se tornando um só e encontrando equilíbrio em seu dilema interno.



Portanto, embora o filme de 2008 seja bem divertido e capture as cenas de ação do Hulk, o filme de 2003, apesar das críticas, foi o que conseguiu capturar a essência do personagem e o drama do Banner e “a fera que habita seu interior”. Por isso que, dos dois, o vencedor desse duelo é Hulk (2003).

Campeão: Hulk (2003)



Então, vocês concordam com minha opinião? Acham que o resultado deveria ter sido diferente? fiquem a vontade para expor suas opiniões nos comentários.


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