COLEÇÃO HELLBOY - PARTE 2


"Hellboy é o passaporte para um recanto no paraíso dos gibis, um recanto de onde você pode nunca mais querer sair." Alan Moore

>> Veja também: HELLBOY HQs PACK

Conseguimos agilizar pro Halloween, pessoal. A Parte 1 da "Coleção Hellboy" havia sido focada em todas as primeiras aventuras do personagem. Esse será um pouco diferente, sendo as primeiras essenciais pra trajetória principal, e de resto focaremos mais em algumas tramas secundárias que tiveram colaboração do aclamado desenhista Richard Corben, responsável pela sinistreza acima. As investigações do maior detetive paranormal nunca fogem do terror, não importa em qual canto do mundo ele esteja, sempre tem que encarar algo que arrepiaria todas as outras pessoas do seu ramo de trabalho. Aqui trazemos mais uma leva de análises de estórias desse personagem. Espero que curtam. Feliz Dia das Bruxas! Bu!

POSTS DE ANÁLISE ANTERIORES




A Mão Direita da Perdição



"E eu vislumbrei o Fim do Mundo e vi a besta. E em sua mão direita estava a chave para o abismo sem fundo."

"A Mão Direita da Perdição" foi uma coleção com vários curtas, então resolvemos analisá-la por inteiro, ao invés de uma parte de cada vez.

Parte 1 - Os Anos Dourados

Panquecas: História descompromissada e cômica com apenas duas páginas mostrando a infância do Hellboy.
A Natureza da Fera: Mais uma curta e descompromissada. Mostra um acontecimento que é citado na jornada principal do personagem.
Rei Vold: Homenagem ao folclore norueguês, foi feita especificamente pra esse encadernado e é bem legal. Se passa antes de "Sementes da Destruição" e o detetive vai fazer um favor ao seu pai ajudando um amigo dele na Noruega. É uma mistura entre as lendas "O Caçador Voador", que seria o Rei Vold, com "O Gigante Verde".


Parte 2 - Os Anos de Maturidade

Cabeças: Aventura no Japão em 1967. Bem curta também.
Adeus, Senhor Tod: Mais uma investigação curta.
O Vârcolac: HQ curta homenageando a estória do vampiro Vârcolac.

Parte 3 - A Mão Direita da Perdição

A Mão Direita da Perdição: O filho de um pesquisador do Bureau que dedicou a vida a provar que o Hellboy era um perigo se encontra com ele e pede que conte sua história. Acaba sendo uma revisão de todas as aventuras já passadas.
A Caixa do Mal: Esse já foi avaliado na última parte. É a estória com o macaco.

São várias curtas, mas são divertidas de ler.






O Terceiro Desejo



"Isto, é um cemitério. Aqui não há honra em armas quebradas e ossos velhos... Somente nos feitos de nossos filhos."

Retornamos às estórias da série principal do personagem. Após o final de "O Verme Conquistador" (avaliado no post passado), Hellboy viajando pelo mundo vai à África, mas o continente não será um bom ponto de descanso. No mar ele é capturado por sereias que o prendem com correntes e um prego mágico em seu chifre. Preso, o anti-herói observa um monstro marinho oferecer a realização de três desejos para as sereias que o raptaram, sereias que chamam o monstro de "vó". Como observador, o demônio vai descobrindo as intenções da monstra até ter que enfrentá-la. A coloração mais fria e escura feita nos ambientes da África e no fundo do oceano ficaram bem características. A trama revisa as últimas estórias ao mesmo tempo que já começa a introduzir a série que vem no futuro.





A Ilha


"Hellboy... Agora você está na encruzilhada de sua vida... E todas as estradas levam pra lugares estranhos."

"A Ilha" é sequência direita de "O Terceiro Desejo". Após sair dos oceanos Hellboy se encontra mais uma vez com a feiticeira Hecate. Ela volta a irritá-lo com as profecias sobre uma guerra apocalíptica e sua importante participação nela. Ele então continua seu caminho e encontra um outro personagem místico. Esse último vem contar histórias mais uma vez. Mas por mais que nesse ponto o leitor já tenha ouvido falar do dragão adormecido e os sete que são um várias vezes, em "A Ilha" o flashback volta muito mais atrás! Mignola conta toda a origem da existência nesse universo de HQs, pode ser confuso de tantas informações que são narradas em pouco tempo (são duas partes), então é bom ler sem pressa. A criatividade do roteiro é admirável, conectando vários pontos de mitologias distantes para enganchar com a jornada do anti-cristo.






Makoma, ou uma história contada por uma múmia no clube dos exploradores em 16 de agosto de 1993


"Quando ele nasceu ele podia falar, então ele se nomeou, e esse nome significava aquele que é o maior e nada teme."

Essa foi a primeira aventura do Hellboy com outro ilustrador auxiliando Mignola, que sempre cuidava do roteiro e os desenhos. Quem o faz é o amado Richard Corben, que fica devendo absolutamente nada para o criador do personagem. Como o próprio título deixa bem claro... o protagonista encontra uma múmia que começa a contá-lo uma história, a lenda de Makoma! É todo um conto africano sem qualquer responsabilidade com a saga do anti-cristo, mas mesmo assim a qualidade transborda! O senso de humor aqui está no ponto! Talvez mais do que em todas as outras estórias! É tranquilamente uma das aventuras mais divertidas que já li do Hellboy, e as ilustrações do Corben com elementos típicos da África são cativantes e altamente admiráveis.






O Vigarista


"O avarento assustador. Era assim que alguns o chamavam. A maioria o chamava somente de O Vigarista."

A partir daqui não seguiremos mais na cronologia. Aproveitei a análise de "Makoma" para analisarmos outras estórias em que houveram marcantes parcerias com o Richard Corben. A maioria vale tanto a pena ser conferida quanto as aventuras principais. "O Vigarista" é uma das tramas mais secas e bizarras do Hellboy, deixando o humor de lado e focando apenas no terror (perfeita pra data de Halloween). Corben dá um show mais uma vez, é incrível como unido ao roteiro do Mignola eles criam narrativas tão eficientes! São três partes que prendem muito! Durante suas peregrinações Hellboy é chamado para ajudar uma família que sofreu uma maldição e descobre que tem que enfrentar um tipo de poltergeist, o Vigarista. É legal que tudo se passa com o folclore típico estadunidense. O próprio vilão foi um colonizador e há menções à história dos EUA. O cenário é o mesmo de histórias como daquele filme de terror, "A Bruxa" que saiu ano passado. Tem bruxas, animais malditos, caipiras desorientados e o capeta. Todas as três partes são niveladas em qualidade, e é uma qualidade muito alta!







No México, ou um porre para esquecer


"Nem todo tipo de gente tem estômago pra esse tipo de trabalho."

O estilo é similar com o de "Makoma". Corben desenha também e Hellboy conta uma outra história, só que dessa vez é uma história da vida dele mesmo. Aqui é bem misto o horror e o humor. É contada uma aventura ambientada no cenário mexicano, mas se tratando de uma estória do Hellboy, há envolvimento paranormal. O humor se dá mais pelo carisma e doideira do demônio lutando e bebendo com um monte de luchadores. O desenhista Corben mostra mais uma vez pra que veio ao mundo. Essa é uma edição só, mas também é curiosa e divertida como as anteriores analisadas.






Sessão Dupla de Terror


"Imagino que tenha sido ele quem construiu essa casa... E que ganhava seu dinheiro por meios malignos."

São contadas duas estórias de terror protagonizadas pelo detetive demoníaco. Na primeira Hellboy aceita ajudar um sujeito alcoólatra que alega estar sendo manipulado por entidades de sua casa a matar uma série de pessoas que passam meio despercebidas, como mendigos, prostitutas e idosos solitários. A segunda é daquelas muito mais curtas. As duas são bem legais, principalmente a primeira que surpreende bastante.






Sendo Humano


"Tom, por quanto tempo você vai manter ele preso lá dentro?"
"'Ele'? Seu grande amigo 'Roger', homúnculo do século quinze?"

Essa aventura foca em narrar o período que Roger saiu dos experimentos no Bureau para agir em sua primeira missão com o Hellboy, ideia do próprio agente demoníaco. Só pode se passar após "O Gigante Infernal", já que em "O Verme Conquistador" o homúnculo já aparece como um agente. A aproximação entre os dois personagens se dá de forma meio lenta, não é tão intenso quanto outras estórias que foram ilustradas pelo Corben. Os dois personagens tentam se conciliar com o fato de não serem realmente humanos e quanto isso pesa em suas existências. No que se trata de ser profundo, isso acaba não indo muito longe e temos que ver os heróis enfrentando uma série de zumbis, os quais Corben desenha muito bem. Acho que ele até gosta... De forma geral, há nada que surpreenda, apesar dos personagens despertarem interesse.



Nazistas das Trevas


"Com todo o respeito, Batman, por mais que você acredite ter experiência com magia, se comparado a mim... você não sabe nada."

Crossover entre o Hellboy, Batman e Starman. A estória é narrada em duas partes, sendo que na primeira ocorre a parceria com o Batman, e na segunda apenas com o Starman. A estória foi feita em colaboração com o James Robinson, criador do Starman. Como dá pra notar pelo título, "Nazistas das Trevas", há bastante influência do universo do Hellboy, assim como nos desenhos que são do Mignola. O pai do Starman foi raptado por uma gangue de nazistas ocultistas em Gotham City, então o Hellboy vai à escura cidade ajudar o Cavaleiro das Trevas na investigação, depois partindo com o Starman. Bem, a parte com o Batman decepciona bastante, levando em consideração como o personagem é icônico, a parceria ficou bem clichê e sem-graça, além do próprio visual do Batman não ter ficado muito caprichado. Dá pra notar que ficou forçado, o que é verdade pois a DC "pediu" que eles metessem o Batman no crossover pra vender mais, mas não era a ideia original. E... não deu outra. Vale mais pela colaboração com Starman e seu criador, ler esperando um bom crossover com o Batman pode mais provavelmente levar à decepção.






B.P.D.P - Volume 1


"Eu nunca fui muito boa pra pedir ajuda... Tenho um incêndio ardendo dentro de mim, e está fora de controle."

Terra Oca: A aventura mostra o B.P.D.P. após as mudanças ocorridas em "O Verme Vencedor". A estória aproxima mais personagens secundários como Abe e Elizabeth do leitor. A desertação de um dos principais agentes levam Abe e Roger a considerar ir embora da organização secreta, mas primeiro eles precisam encontrar sua amiga Elizabeth que havia se exilado em um monastério e enviou uma mensagem psíquica e flamejante pedindo ajuda ao seu velho colega Abraham. A trama é menos direta e cartunesca do que nos enredos mais recorrentes de Mignola, parece uma mensal mais padrão da Dark Horse do que aquele estilo do Hellboy. Isso talvez aconteça pois aqui Christopher Golden e Tom Sniegoski colaboram com o roteiro (escritores de livros de fantasia, inclusive do Hellboy). Os desenhos são de Ryan Sook e a coloração do Dave Stewart. Na estória um novo agente chamado Johann se une à equipe, sendo um ser nem vivo nem morto que vive por seu fluído espiritual, ainda havendo uma boa dose da criatividade maluca de Mignola. Não é tão engraçado, atraente ou terrível quanto as estórias do Hellboy, mas pra quem é fã vale a pena pra conhecer mais do universo do personagem.


O Assassino em Meu Crânio: Primeira estória com o Lagosta Johnson (de "O Verme Conquistador") em que ele investiga um caso estranho que vai ficando cada vez mais estranho...

Abe Sapien Contra a Ciência: Trama extremamente simples visando narrar como o homúnculo Roger voltou à vida entre "O Gigante Infernal" e "O Verme Conquistador". Originalmente, foi publicado como curta junto da segunda edição de "A Caixa do Mal".

Tambores dos Mortos: Estória sem o Hellboy, protagonizada pelo Abraham Sapien (justamente pelo demônio não estar disponível na estória) investigando um caso paranormal no oceano. Não há envolvimento de Mignola. O roteiro é de Brian McDonald e os desenhos de Derek Thomspon.







Minuto Mignola - Batman: The Doom That Came to Gotham


"O seu retorno pra casa finalmente colocou certos eventos em movimento. Não se culpe por eles. Os pecados do pai são passados pro filho."

Isso é muito louco! E ainda parece mais um crossover de Hellboy com Batman do que "Nazistas das Trevas", só não tem o Hellboy, hehe. Mas logo nas primeiras páginas dá pra notar as influências de Mignola, é uma exata versão do Batman como se tivesse sido escrito no universo de terror do H.P. Lovecraft, simples assim. Na estória é refeito todo o universo do personagem, nem há super-vilões e não há nem o próprio Batman da forma que conhecemos. Tudo é feito de novo. Não há economia em outros personagens da DC, como Monstro do Pântano e Harvey Dent, mas você vai conhecê-los de uma nova forma, repito: tudo-foi-refeito. O próprio Bruce Wayne vive com Alfred e os três Robins ao mesmo tempo: Dick, Jason e Tim. É como aquelas versões paralelas em que o Batman é um vampiro, o Superman domina o mundo em uma ditadura ou toda a mitologia da Marvel é narrada na época de 1602.


O próprio título é uma adaptação de "The Doom That Came to Sarnath", do Lovecraft. Mesmo reinventando tudo, combina muito bem. Leve em consideração que "Arkham" de "Asilo Arkham" foi tirado de um livro do cara, e o Batman quase sempre teve esse visual todo obscuro, mas ainda assim é estranho ver Oráculo e Sr. Frio com funções completamente diferentes. Um mal distante está vindo para destruir o mundo e Bruce Wayne precisa impedi-lo descobrindo muitas verdades sinistras sobre a história de Gotham City e as famílias que a moldaram, inclusive a sua própria. É muito maluco e interessante, vale a pena. Mignola colabora com Richard Pace no roteiro, enquanto Troy Nixey, Dennis Janke e Dave Stewart ficam com as ilustrações. Mesmo assim os desenhos ficaram com um estilo bem parecido do Mignola, chega a parecer que o homenagearam. Se fosse um post todo só sobre essa HQ caberia discutirmos se é mais uma homenagem de Batman à Lovecraft, ou do Lovecraft ao Batman... Mas nosso tempo aqui já acabou.





Espero que tenham curtido as recomendações, pois a Parte 3 da Coleção Hellboy já deve trazer muito de uma das melhores fases do personagem! Até lá!




Continuação:


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