"Em 23 de dezembro, 1944, Hellboy apareceu em uma bola de fogo nas ruínas de uma igreja próxima de East Bromwich, Inglaterra. Em 1952 ele conseguiu status honorário humano por um ato especial das Nações Unidas e começou a trabalhar como agente de campo para o Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal.
Ele saiu do B.P.D.P em 2001 e viajou para a África, onde foi raptado por sereias.
Após vários anos perdido no mar, ele retornou para a Inglaterra, enfrentou alguns gigantes,
se apaixonou,
e descobriu que era um descendente direto do Rei Arthur, e portanto, rei por direito de toda a Grã-Bretanha.
e foi morto." introdução de Hellboy NO INFERNO
Ano retrasado as histórias do nosso anti-cristo favorito tinham chegado ao fim, junto com a aposentadoria do seu criador do meio das HQs. Mignola havia anunciado que agora só trabalharia com pinturas
Com o fim do Hellboy, eu havia me dedicado a fazer um especial sobre o anti-herói em três partes, todas extremamente bem recebidas pelo nosso público. Como ainda não tinha terminado "No Inferno", eu prometi que quando lesse eu analisaria pra vocês; o que farei agora. Se perdeu, confira os links das três partes do especial Hellboy:
1: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2016/10/colecao-hellboy-parte-1_13.html
2: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2016/10/colecao-hellboy-parte-2.html
3: http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2016/12/colecao-hellboy-parte-3.html
Os textos chegaram em mil visualizações, com exceção do primeiro, que quase alcançou CINCO MIL!!! Sempre bom agradecer a todos que nos acompanham, apoiam e ajudam a compartilhar o conteúdo, hehe, afinal, grana a gente não ganha mesmo, é só pelo hobby.
"Eu achava que tudo seria mais simples quando eu estivesse morto. Mas não foi bem o que aconteceu."
Logo no começo é interessante pensar como, mais de vinte anos depois de sua estreia, estamos vendo o fim da jornada do personagem e ele ainda mantém tanto de sua essência. Não tenho dúvida que em "Sementes da Destruição" há uma grande influência do John Byne, e nas primeiras histórias depois dessa há um terror pesado, como "Lobos de Santo Augusto"; mas depois o Mignola parece que chutou o pau da barraca e colocou um senso de humor no mínimo inesperado para uma história que conta com referências a H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. Essa inusitada mistura se tornou identidade das aventuras do detetive, com raras exceções onde eles caem completamente pro terror ou completamente pra comédia. A maioria é uma mistura dos dois.
Acontece que Hellboy foi um personagem da Dark Horse, e um personagem bem autoral, mesmo as histórias secundárias não costumam fugir da supervisão do seu cocriador, Mike Mignola. Então tendências temporárias e modismos não influenciaram a carreira do vermelhão, que na história "Fúria" chegou ao fim. Tantos anos depois, ainda é possível perceber o mesmo estilo que marcou o personagem. Pra agradar aos fãs, o próprio Mike Mignola volta a desenhar a HQ, algo que ele não fazia há muitos anos, desde "A Ilha", trabalhando só nos roteiros e fazendo as capas, deixando o resto com Duncan Fegredo na série principal. Estava tudo muito bonito, mas é legal ver esse retorno às origens no último arco. A coloração do veterano Dave Stewart deixa tudo realmente bem morto, passando o tom fantasmagórico da morte com cores que pouco fogem do cinza. De vez em quando há um pouco mais de vermelho, afinal, a história se passa no Inferno, mas o próprio Hellboy está acinzentado aqui.
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Fica parecendo um Hellboy fantasminha, coitado |
"Você quer começar de novo? Você quer uma nova vida? Primeiro você tem que terminar a última."
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"-Hellboy, você se lembra de mim? -Vocês caras parecem todos iguais." |
O senso de humor é aquele já conhecido, quem gosta não vai se sentir enganado. Não tem nada pra você cascar o bico, mas há uma constante fanfarronice em como certas coisas são ditas e feitas normalmente como se houvesse nada de errado nas mais bizarras situações, com mortos e demônios. Você não chega a rir, mas fica sempre com aquela sensaçãozinha de sarro implícito entre coisas sinistras.
O abstrato que havia ficado mais forte na época que havia o Duncan Fegredo desenhando continua bem presente aqui, a sequência narrativa não segue um estilo comum. Há vários elementos chave da história inclusive que passam de maneira bem abstrata. Apesar de ser grande fã do autor e do personagem, confesso que não é meu tipo preferido de narrativa quando tenho que voltar as páginas pra ter certeza do que aconteceu, prefiro que as coisas fiquem mais claras. Além de que o Mignola deixa tanta referência que eu me pergunto se já era a intenção ficar um mistério ou teve alguma pista que eu não peguei.
"-Eu já estou morto. Quanto pode piorar?
-Muito. Pode piorar muito."
Apesar do tom de fantasma andarilho pelo inferno, há vários conflitos e momentos de tensão que o personagem enfrenta. Além disso, não é porque é o final do personagem que eles ficam revisando tudo da vida dele o tempo todo, há muitos fatores que são da própria história, ela é bem autossuficiente. Isso inclui acontecimentos importantes e até personagens novos que possuem bastante carisma. Eles têm até histórias próprias que são contadas! Algumas são bem legais, como a do Edward Grey, Mignola não perdeu o jeito de criar contos particulares cativantes pros personagens secundários. Como disse logo no início, o que mais marca é como o estilo do personagem se mantém, mas mesmo assim a história conta com novas ideias, não utilizando a nostalgia e o fan-service como muletas. Além de que ver o Mignola e o Dave Stewart ilustrando o inferno ser uma maravilha, já que o gótico vitoriano sempre foi a praia do cara e o Stewart já provou sua competência diversas vezes.
Todas essas características também trazem a falta de preocupação com um tom de grandiosidade. A jornada do herói continua melancólica e trágica da mesma forma que começou. Me deu vontade de ver mais coisa do personagem. Pra quem tem, o jogo Injustice 2 tem uma DLC que vem com o Hellboy pra você controlar.
Os filmes do Guillermo del Toro não terão sequência, infelizmente, mas confirmaram um reboot (...) com o ator da série Stranger Things. Eu esperei muito por uma sequência dos anteriores, devo nem assistir ao novo, e mesmo que eu acabasse assistindo, o que é quase impossível, acho que eu nem escreveria sobre. É que eu nunca tinha ficado tão chateado em um filme não receber continuação, duvido muito que eu assista um reboot claramente feito pra atrair pós-modernos, tanto é que pegaram um ator e um diretor de uma série recente enquanto TODA a equipe anterior tava topando fazer uma sequência, eu realmente não vejo a mínima graça nisso
Esse eu com certeza devo escrever uma análise logo que eu assista. Até lá, caros leitores, negociem bem com seus demônios... e guardem muito dinheiro pra comprar HQs da Mythos e.e