De vez em quando se destacam histórias mais notáveis, às quais Varella dá mais atenção. É inegável que tem pessoas que entram no mundo do crime pra conseguir lucros fáceis, histórias que o livro aborda também, mas as mais marcantes são de pessoas cujas vidas se encontraram em pontos de pressão, sem opções de sobrevivência, onde o único caminho era recorrer ao crime; sem dúvida as mais impactantes, mostrando os pontos de vista mais tristes do mundo. Vários choques de realidade com o passar de páginas.
Explicado todo o sistema e o que costuma acontecer lá, crimes dentro das prisões, como o tráfico de drogas, as particularidades da hierarquia feminina dentro da cadeia e a forma que elas são tratadas pela família e se relacionam uma com as outras, nos últimos capítulos Varella vai contando algumas histórias de presas em particular que valem a pena. Há a violência chocante, que eu já ressaltei logo no início, e histórias muito boas. Nessas inclusas uma versão feminina do Justiceiro, a Negona e a Tia Maluca, que estou certo que poderiam render ótimos filmes e séries de TV sobre o mundo do crime.
"Doutor, para o bem da sociedade é mais seguro lidar com o crime organizado do que com o crime desorganizado."
Varella faz uma boa pesquisa, usando dados sobre a situação do sistema prisional, do crime e da segurança no cenário mundial, e na história do Brasil, onde tudo só tem piorado. Estando dentro do território há quase três décadas, Drauzio aproveita pra fazer algumas críticas bem embasadas quanto ao sistema. Uma boa leitura, recomendado! Assim como os últimos, esse livro já está sendo adaptado para a televisão, após o sucesso que foram as adaptações dos últimos.