Ele aparecia no making-of do DVD do "Shrek 2" porque tocava uma música sua, "Changes", quando o Shrek e o Burro tinham tomado a poção Felizes Para Sempre e voltavam para o reino de Tão Tão Distante.
![]() |
Todo mundo que ia lá tocava Restart... A noite toda! Foi um alívio ver a dança da banana! |
Alguns dias antes do lançamento oficial via iTunes o álbum vazou na Internet, o que infelizmente é muito comum. Era impressionante como as faixas eram tão diferentes umas das outras, como tantos anos parado o Bowie não parecia ter piorado nada, tanto em técnica quanto criatividade. Do início até o final do álbum você ouvia faixas que não ia esquecer. Depois da décima música tinha "How Does The Grass Grow" que parecia um bebê irritante no refrão e "You'll Set The World On Fire", nascida para ser um clássico de rock.
![]() |
David Bowie, Martion Cotilard e Gary Oldman |
Quem fazia o roteiro dos clipes era o próprio Bowie e a direção ficava com a competente Floria Sigismondi. No outro mês saiu o clipe da faixa-título que abria o álbum "The Next Day". Apesar da sátira à igreja, a letra da música parece contar também sobre o retorno do cantor, é o que muitos especulam.
Look into my eyes he tells her
I'm gonna say goodbye he says yea
Do not cry she begs of him goodbye yea
All that day she thinks of his love yea
They whip him through the streets and alleys there
The gormless and the baying crowd right there
They can't get enough of that doomsday song
They can't get enough of it all
Listen
Listen to the whores he tells her
He fashions paper sculptures of them
Then drags them to the river‘s bank in the cart
Their soggy paper bodies wash ashore in the dark
And the priest stiff in hate now demanding fun begin
Of his women dressed as men for the pleasure of that priest
Here I am!
Not quite dying!
My body left to rot in a hollow tree!
Its branches throwing shadows!
On the gallows for me!
And the next day!
And the next!
And another day!!!
Ignoring the pain of their particular diseases
They chase him through the alleys chase him down the steps
They haul him through the mud and they chant for his death
And drag him to the feet of the purple headed priest
First they give you everything that you want
Then they take back everything that you have
They live upon their feet and they die upon their knees
They can work with Satan while they dress like the saints
They know God exists for the Devil told them so
They scream my name aloud down into the well below
Here I am!
Not quite dying!
My body left to rot in a hollow tree!
Its branches throwing shadows!
On the gallows for me!
And the next day!
And the next!
And another day!!!
Pra não nos esquecermos dele, em julho ainda saiu o clipe de "Valentine's Day".
Todos os clipes eram foda e nem sequer havia qualquer comentário do Bowie sobre a produção. Antes os fãs teorizavam se ele não andava sumido por estar mal de saúde e não querer que isso fosse a público, o que acontece algumas vezes quando figuras públicas têm doenças graves, como Alzheimer, por exemplo. Apesar de após a morte dele (de câncer), imaginamos que ele não estivesse tão mal, pois o produtor do "The Next Day", Tony Viscontti, comentava no final de 2014 que fazer shows dependia da vontade do camaleão.
"Definitivamente nós lançaremos um novo álbum, e será logo. Com relação a shows, eu não tenho ideia do que vai acontecer. Ele claramente não promoveu The Next Day com turnê, e se ele vai fazer isso com o próximo eu não sei e não consigo prever - só depende dele"
No fim não houve qualquer show ou até mesmo entrevista nos últimos anos, o cara morreu sem soltar uma palavra que não fosse cantada. Antes desse retorno surpresa com "The Next Day" ele nem sequer era visto publicamente. Aliás, eu lembro de apenas duas vezes. Uma foi o enterro do Lou Reed e outra era uma foto dele andando na rua, diziam que era porque o filho dele estava no hospital e ele teve que sair correndo pra ir ver.
Mas era completamente recluso. Sobra esperarmos pra ver se agora que ele morreu com os anos veremos entrevistas ou making-ofs dos seus últimos trabalhos... Em novembro de 2015 foi liberado o clipe da faixa-título do novo álbum, a hoje famosa "Blackstar". O vídeo, que hoje tem mais de 30 milhões de visualizações, tinha DEZ MINUTOS e era diferente de todo o álbum anterior.
Me lembro bem que só vi em dezembro e fiquei revoltado. Tipo, como em todas as suas relações sociais pode não ter UMA pessoa que te avisa que saiu uma música nova do David Bowie?! Cara! A vida foi passando, tinha um monte de notícias de cultura pop na Internet. Ia sair "Deadpool", ia sair "Batman V Superman", ia sair "Star Wars VII". Eis que dia 10 de janeiro... David Bowie havia morrido.
Something happened on the day he died...
Spirit rose a metre and stepped aside...
De acordo com a mensagem que foi postada no Facebook oficial do artista, ele morreu de câncer rodeado por parentes amados.
Como uma pessoa normal...
A letra não é muito direta, podendo gerar várias interpretações, mas soa inegavelmente triste, como a "Blackstar". Um documentário lançado agora que foi produzido pela BBC, justamente sobre os últimos anos do cara, revelaram que ele só descobriu o câncer terminal três meses antes de morrer. O trabalho já estava todo feito, ele só tinha interesse de dialogar com o aspecto bíblico da ideia de "Lazarus", não com sua própria morte, que, coincidentemente (!) veio apenas três meses depois.
Estamos chegando no dia de hoje... Estamos chegando em 10/01/2017....
2016 foi passando... Lemmy Kilmister (Motörhead), Jimmy Bain (Rainbow) e David Bowie estavam mortos. Morreram também outros mortais notáveis no mundo da música. Prince, Leonard Cohen... Enquanto um festival muito interessante era organizado em algum lugar, aqui eu ia escrevendo textos no meu hobby de blogueiro. Em 2016 comecei algo que já queria fazer desde... mais ou menos setembro e outubro de 2015. Comecei a escrever alguns textos refletindo sobre a carreira solo de músicos que gosto. Os resultados foram na sua maioria positivos.
http://ozymandiasrealista.blogspot.com/2016/07/alice-cooper-bowie-artistas-no-full.html
O fascínio por Bowie continuava, e agora em outro ano, ainda continua. Assim como as poesias de Lemmy Kilmister do Motörhead (que eu até gostaria de ter feito um post em dezembro quando deu um ano de sua morte, mas acabou não rolando, infelizmente), Bowie tinha todo um espectro que ainda cativava, continuava parecendo rico e pertinente após sua morte. Durante o ano um pensamento que me passou sobre o David Bowie foi que... eu fui da época dele! Veja só, desde a minha infância eu ouvia falar dele nos mais diversos lugares, apenas na adolescência o tratando como um músico que eu curtisse, tendo uma seleção de suas músicas na minha playlist. Mas! Apenas em 2013 eu estava realmente acompanhando novidades sobre David Bowie!
Há outros nomes notáveis que cantavam trazendo experiências que fazem milhões de pessoas serem agradecidas por eles simplesmente existirem. Tem o Elvis, Michael Jackson, bandas como Beatles, Black Sabbath, Kiss e Pink Floyd, mas acho que o melhor exemplo é o Queen com o Freddie Mercury. A experiência de ouvir Queen parece alcançar níveis infinitos. Há o ouvir das músicas e depois o assistir das músicas sendo tocadas ao vivo em um DVD. Cara, você quase chora pensando como devia ser assistir um show do Queen e ter aproveitado daquela época. Eu ouvi Queen minha vida inteira, minha família toda curte, até minha tia-avó. Mas isso não significa que eu vivi na época do Queen. Poxa, eu vi o Brian May tocando na abertura das Olimpíadas, mas não tinha o Freddie Mercury. A época passou e eu nem tinha nascido! Não tive a oportunidade de assistir. Também não fui da época dos Ramones, o Joey morreu eu era criancinha ainda, poxa. E agora que eu pensava sobre o Bowie ter morrido, escrevia textos sobre ele... eu pensei... Que eu fui da época do David Bowie! Eu senti isso como uma sorte e até uma certa alegria!
O que eu penso sobre o David Bowie é que... eu fico feliz de ter pego o lançamento de dois álbuns dele. Cara, eu vi a divulgação dos clipes, postei no meu blog, comentei com os amigos e até recebi a notícia da morte dele. Essa é a sensação de ter sido da época de um artista, ter pego seus trabalhos todos quentinhos quando saíram. Eu ficava ouvindo as músicas novas dele, várias e várias que eu tinha gostado; aí na reprodução automática o Youtube me mandava pra um monte de remix que já haviam sido feitos por outros artistas. E alguns eram muito bons, ouvi bastante "Love is Lost", que até tinha um clipe com a participação do cantor.
Esses dias, faz nem uma semana, eu fui na livraria comprar a biografia em quadrinhos do Stan Lee, "Incrível, Fantástico, Inacreditável Stan Lee" (tá em promoção, aproveitem!) e quando saía vi um livro chamado "1001 álbuns para ouvir antes de morrer", aquele que relançam todo ano com atualizações. Curiosamente, eu abri exatamente na página que tinha o Alice Cooper, meu artista preferido, e provavelmente só por isso, continuei folheando o livro. Chegando no final havia o "The Next Day", de 2013, e alguns comentários sobre como a capa com o quadrado branco cobrindo a foto de "Heroes" procurava representar como a música pop trás muitas coisas vazias ignorando completamente o que foi feito no passado. Eu não fazia a mínima ideia disso... David Bowie me surpreende novamente...
O livro fechava justamente com o "Blackstar", de 2016. De todas aquelas letras tão diferenciadas e com clipes tão bem feitos e fascinantes, acredito que apenas com novos documentários e depoimentos de envolvidos na produção descobriremos ainda mais coisas que Bowie queria passar com seus últimos trabalhos. E sabe aquela impressão que eu escrevi lá no início do texto, quando eu era criança? Que o Bowie parecia com um ser fantástico que estava de alguma forma presente em vários cantos do universo, sempre surgindo quando você o encontrava para recompensá-lo com alguma informação ou algum item que você apreciava? Como colecionáveis de videogame? Fazendo um ano que ele morreu e o conhecendo melhor que nunca volto agora a pensar a mesma coisa.
Mas não mais como uma impressão, mais como uma certeza.
I know something is very wrong
The pulse returns for prodigal sons
With blackout hearts with flowered news
With skull designs upon my shoes
I can't give everything
I can't give everything
Seeing more and feeling less
Saying no but meaning yes
This is all I ever meant
That's the message that I sent
I can't give everything
I can't give everything
Away
I can't give everything
Away