Holy Diver (1983)
"You got desire, so let it out! You got the power, Stand Up And Shout!"
The Last in Line (1984)
"Sail on, sing a song, carry on..."
"The Last in Line" também é muito bom, um maremoto de clássicos! Creio que só não é tão consagrado quanto o anterior, pelo anterior ter sido, afinal, o primeiro. Eu não conseguiria escolher um dos dois, declararia um empate, pra mim chega a parecer aqueles álbuns que poderiam se chamar "Parte 1/Parte 2". "Speed At Night" por exemplo, parece uma nova versão de "Stand Up And Shout", mas claro que não há só um remexido do que já havia sido ouvido. Na verdade pra mim um ponto que é muito melhor nesse são as letras. Parece que o Dio está se encontrando melhor, é como se já rolasse uma síntese do que ele procura passar pela sua obra.
Sacred Heart (1985)
"Whenever we dream, that's when we fly. So here is a dream just for you and I!"
Esse não é ruim não, mas ele apenas não inova, sendo o menos expressivo da primeira trilogia. A capa deve ser uma das mais legais, é bem a cara da banda. Há faixas bem fortes, continua sendo um ótimo trabalho como os anteriores, mas esse não marcou tanto. Foi o último com a formação imutável. As composições continuam no mesmo estilo, com Dio conseguindo fazer temas que pareceriam bobos, como os recorrentes arco-íris, soarem pesados; vide a faixa "Rock and Roll Children".
Dream Evil (1987)
"They'll take your diamonds, and than give you steel. You'll be caught in the middle of the madness, just lost like them! Part of the pain they feel!"
Este é um subestimado pelo próprio Dio, mas também acho que rivaliza com o próprio "Holy Diver", devem haver mais pessoas que concordam comigo. Todas as faixas são incríveis! Mas se você ver certas entrevistas com o Dio dá pra notar como ele leva muito em consideração o processo pessoal da produção do álbum no que ele acha dele, independente do resultado, isso inclui a relação dele com os colegas de banda. Aqui parece que ele ficou decepcionado com a saída do Vivian Campbell. Mas Craig Goldy complementou a banda muito bem substituindo o guitarrista original. O resto da formação é a mesma, com Bain, Appice e Schnell nos teclados. Como eu disse, apesar de serem reconhecidos como trabalhos solo do Dio, na verdade é uma baita banda que se manteve. "Dream Evil" é o quarto álbum e perde em nada o fôlego. Com faixas como "Night People", "Sunset Superman" e "All The Fools Sailed Away" não soa como exagero dizer que na verdade aqui eles tomaram um novo fôlego, isso sim.
Lock Up The Wolves (1990)
"You can hide in a circle, it's a way to survive. Be another number, at least you'd be alive..."
Muitos desses artistas clássicos de Metal viraram bem a década e o Dio não foi exceção. Assim como o Ozzy Osbourne tem o "No More Tears" com o Zakk Wylde, o Alice Cooper tem o "Hey Stoopid" e o Motörhead o "March or Die", Dio não ficou pra trás com o "Lock Up The Wolves", mesmo não sendo tão famoso. Nesse ponto as letras dele já pareciam que só ficavam cada vez melhores, como se ele já tivesse pego o jeito na época do Black Sabbath e não tivesse perdido mais. Todas as faixas são muito pesadas, vale a pena deixar tocando do início até o final. A faixa que eu mais gosto é a segunda, "Born on the Sun", uma das minhas favoritas de toda a carreira dele. A voz do baixinho também se manteve.
Engraçado que aqui mudou a formação toda. O Dio fez um concurso para escolher o novo guitarrista, Rowan Robertson, que na época só tinha 16 anos! Ou seja, ele não estava com medo de mudar, mas o resultado não foi nada experimental ou alternativo, pelo contrário! É um trabalho extremamente direto e eficiente, pra guardar com orgulho na coleção.
Strange Highways (1993)
"Can't you tell? That all the wishes you've made have filled up the well?"
"Strange Highways" parece puxar seu irmão mais velho. Não o "Lock Up The Wolves", mas o "Desuhmanizer" (1992), trabalho inesquecível que foi feito em um breve retorno do Black Sabbath com Dio e Appice. Pra quem conhece o Desuhmanizer (se não conhece trate de ir conhecer), sabe como é. Um ritmo meio lento, mas extremamente pesado. É assim que soa "Strange Highways", até o Tony Iommi, guitarrista do Sabbath, fala que a letra de "Hollywood Black" havia sido escrita pro álbum do Sabbath, mas o Dio pegou e usou nesse álbum. O próprio Dio admite que o que ele fez foi o que teria trabalhado em um futuro com o Sabbath se eles não tivessem se separado brigando novamente (foi a segunda vez, sendo a primeira no início dos Anos 80, antes de formar o "DIO").
Não é por nada que soa tão do mal. A primeira faixa já surpreende pelo nome, "Jesus, Mary and The Holy Ghost". Dio nunca havia se referido à religião de forma tão clara antes. Ele apenas falava de pecado ("sin") como uma coisa boa, como um caminho que valia a pena, mas é em uma pegada completamente diferente de coisas como Marylin Manson; tá mais virado pra mesma forma que ele fala de mágica, algo pro lado de procurar a verdade, procurar a força em você mesmo. No Black Sabbath você encontrava uma ou outra mais forte como "Heaven and Hell" e "TV Crimes". Ele já explicou que seu lado cínico quanto à religião veio de sua educação em um colégio de freiras. Em "Jesus, Mary and The Holy Ghost" ele deixa isso mais claro do que nunca.
"Prime time, nursery rhyme, did you see the teacher?
Sister, black and white, what she gonna do?
They say eye for eye, tooth for tooth
But don't hurt your brother"
"Horário nobre, cantiga de ninar, você viu a professora?
Irmã de preto e branco, o que ela vai fazer?
Eles dizem dente por dente, olho por olho
Mas não machuque seu irmão"
Também tem "Evilution" em que parece ser um cara no Inferno falando sobre a Terra como um lugar ridículo.
"Oh, neon names play neon games
Showing it to the public
I hate you and you hate me
And everybody smiles"
"Oh, nomes fosforescentes jogam jogos fosforescentes
Mostrando ao público
Eu odeio você e você me odeia
E todo mundo sorri"
Além da sonoridade lembrar os novos subtipos de Metal que estavam surgindo na época, todo o tom lembrava mais "Black Sabbath" do que "DIO". Claro que houveram os saudosistas que acharam isso ruim, mas o resultado foi muito bom, inclusive porque "Desuhmanizer" tá na lista de favoritos de todo mundo, não é como se fosse ruim lembrar ele, haha. Aqui já há outro guitarrista inédito, o Tracy G, mas Appice do Black Sabbath retorna à bateria.
E acabamos por aqui. Além dos álbuns com o "Black Sabbath" e o "Rainbow", depois de 93 ainda tiveram vários álbuns da carreira solo dele antes de sua morte em 2010. Eu pensei em avaliá-los brevemente, mas creio que posso deixar para um novo post caso vocês tenham curtido este, aí eu analiso com mais detalhes. Esses primeiros seis álbuns já são uma baita demonstração da criatividade e competência do bom e velho Dio.