Ney Bellas, do Memória Nerd
"Lembro quando saiu o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, talvez pela propaganda, ou expectativa de fã, sei lá. Foram seis edições, se não me engano, e foi tremendamente doloroso aguardar a chegada do próximo número. Nunca antes, eu havia lido algo tão denso e complexo. Somente anos depois, consegui absorver melhor aquela história com todas as referências e indiretas. Foi incrível! Desde então, já li muitas outras revistas e já conheci excelentes roteiristas, mas Batman: O Cavaleiro das Trevas, sem dúvida nenhuma, marcou a vida de todo fã de quadrinho. Eu me senti respeitado, levado a sério. Não era uma historinha para crianças, era algo denso que fazia pensar e provocava emoções verdadeiras. Um misto de excelente livro com um filme fantástico. Bem, pelo menos é assim que me lembro!"
ANT, do MEGABLOG
"Batman: O Cavaleiro das Trevas é uma das mais importantes histórias em quadrinho de todos os tempos. Quando eu comecei a ler só queria saber o que estava acontecendo, me situar melhor. A medida que a história progredia os personagens já conhecidos apareciam de maneira que eu não esperava. Duas-Caras de uma forma que parece familiar no começo, mas logo se prova bem diferente, sem falar no Coringa ou no próprio Batman. Estão todos velhos e eu via como um futuro certo para aqueles personagens que eu já conhecia, ao mesmo tempo em que eu me surpreendia.
Batman: O Cavaleiro das Trevas são aquelas raras histórias de futuro que parecem tão condizentes com as histórias normais dos personagens que eu pessoalmente nem pensei duas vezes antes de a tomar como oficial. "
Roger, do Planeta Marvel/DC
"Atendendo mais uma convocação (na verdade, foi um convite amigável...rs) do Douglas Joker para mais uma homenagem – os 30 anos de Batman, o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Assim como fiz com Watchmen, dessa vez também, apenas contarei como foi minha primeira experiência com essa minissérie, sem fazer muita análise da obra em si.
A Abril ainda estava começando a publicar Crise nas Infinitas Terras em suas revistas mensais e até então, minha visão do Batman era a da série dos anos 60 e da primeira série que a própria Abril lançou em 1984, ou seja, nada de Batman Ano Um, ou qualquer outro material mais sombrio. Quando comprei a edição #1 de Cavaleiro das Trevas, em 1987, confesso que fiquei meio perdido, pois na minha falta de mais conhecimento, não entendia que se tratava de um futuro alternativo. Nomes como Jason Todd ainda era novidade. Mas, quando decidi ler pra valer, sem me preocupar com cronologia e sim apenas com a história, acabei sendo transportado para esse mundo sombrio, urbano e violento da Gotham do futuro, sem o Batman.
Meus olhos arregalavam ao ver o visual amedrontador da gangue dos mutantes, ou do Batman quebrando a tudo e a todos. Vi como é possível criar um novo personagem para substituir um herói conhecido de maneira crível e aceitável (no caso estou falando sobre a Carrie Kelley se tornar a nova Robin). E fiquei embasbacado ao ver o combate final entre Batman e Coringa. Até então, não fazia ideia do potencial do Batman para histórias tão cruas e reflexivas. Foi com essa história que eu percebi que Frank Miller não foi apenas mais um caso de 'sorte de principiante' com seu trabalho em Demolidor."
André Luz, do Esmiuçando a Cultura Nerd
"Quando 'Batman: O Cavaleiro das Trevas' foi lançado pela primeira vez no Brasil, em 1987, eu tinha somente 14 anos e dependia, ainda, financeiramente do meu pai, então terminei não conseguindo adquirir aquelas três edições que lançavam luz sobre uma nova visão do Batman.
Dois anos depois, ele completava 50 anos, tinha um filme sendo lançado, edições especiais e a Abril decidiu lançar novamente 'Batman: O Cavaleiro das Trevas' em uma edição única, encadernada. Eu, nessa época, já trabalhava como office-boy e tinha meu dinheirinho, o que permitiu uma certa independência para comprar essa edição e poder ter o prazer de desfrutá-la.
Ao abrir a edição e ler todas as suas páginas, percebi o motivo de todos dizerem que ela era única. Não tinha nada a ver com aquele Batman que estava acostumado nos quadrinhos e nem na série de TV. Ele era mais violento e determinado, mais velho e objetivo. Ele encarava a todos, até mesmo o Super-Homem, sendo um verdadeiro Cavaleiro das Trevas, e não o Cruzado Encapuzado. Ele era um vigilante, um justiceiro, e não um mero combatente do crime, um 'super-herói' – termo que nunca achei que combinasse com o personagem. Não tinha o Robin tradicional, mas sim uma menina que fez o próprio uniforme e usava um óculos como máscara. Quem era o Duas-Caras? Por que o Coringa usava batom? Mulher-Gato cafetina? Mutantes para mim era uma banda? Filhos do Batman? Foi chocante e motivante ler algo totalmente diferente e complexo, me mostrando que o Batman ia além do pequeno conceito que estava acostumado. Hoje todos consideram como o marco dos quadrinhos, ao lado de Watchmen, e sempre concordei com isso, pois mudou minha forma de ver um personagem que eu era um enorme fã."
Ozymandias_Realista, dono do barracosite
Bem, eu gostaria de contar uma intricada história de origem acerca de como esse quadrinho chegou nas minhas mãos, e se tornou, segundo o meu critério, o segundo melhor gibi de todos os tempos, perdendo “apenas” para Watchmen, mas ai, eu estaria mentindo, mitificando esse macaquinho herege que vós fala.
O que aconteceu, eu falo abertamente: quase toda a minha vida eu achei o Batman, e a DC uma piada, e nada além disso. Como Marvete fanático, do tipo que não reconhecia gibis que não fossem da Marvel, eu só haveria de vir ter um mínimo de respeito por Bruce Wayne após assistir Batman Begins já em 2008. Mesmo ano que saiu também o “Cavaleiro das Trevas”, mas verdade seja dita, eu detestava tanto tudo, que não gostei a principio nem do Coringa, vilão que eu considerava um dos piores de todos os tempos. Mas a visão dos envolvidos no filme, me fizeram rever alguns desses conceitos. Em 2012, tive meu real “Boom da DC”. Em 2009, eu havia entrado de cabeça nos materiais da Vertigo, mas ainda tinha receio de entrar no universo DC em geral. Achava tudo muito estático, vago, via no Super-Homem um personagem poderoso mais do que devia, sem nenhum carisma, e a Mulher-Maravilha “um gibi pra mulherzinha”. Mas, em 2012, após assistir a pré-estréia de “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, algo tinha se destravado ali. Para se ter uma ideia, eu assisti ao filme, e saí da sessão quase 3 da manhã, com um amigo meu. E só fui dormir, acredito que umas 11 da manhã, ainda com o filme girando, e girando dentro da minha mente, conversando comigo mesmo tentando entender todos aqueles conceitos (que depois, seriam zombados pela maioria, após o lançamento de Vingadores 1).

E após ir assisti mais duas vezes no cinema, feito inédito até hoje com qualquer filme para mim, vi que não dava mais. Eu precisava de mais material como aquele. Não poderia acabar ali.
Após a decepção inicial, ao ver que das páginas, Batman não usava armadura, não tinha um Alfred tão bem desenvolvido quanto Michael Caine, ou a trinca de adversários Ras Al Guh, Coringa, e Bane tão brilhantes como no filme, fui me acostumando com aquele universo, fui lendo os “clássicos”, em determinados casos, relendo, como o caso de “Piada Mortal”, e achando novos sentidos. Quando dei por mim, já tava com 40% da minha coleção virtual só pautada no Batman... Mas, nada de ler Cavaleiro das Trevas. Ao “folhear” o scan, detestei de primeira os desenhos, e o velho resquício de Marvete gritou “olha esses mutantes, tudo com o visor do Ciclope, lixo”. Até que me convidaram a assistir a animação... Outro golpe. Benéfico, mas ainda um golpe. Após a primeira parte da animação, eu já estava decidido, que não se tratava de um material para ler em scan, era algo que eu DEVERIA TER. E tive, semanas depois, pelo valor de 60 R$ pela internet, ainda na encadernação da Abril, e posteriormente, a “definitiva” da Panini.
Não tinha mais volta, eu tinha entrado no universo DC de modo perpetuo. É inevitável. Bem como visto na figura do Batman, nas mãos, e no agora traço perfeito, a história definitiva sobre um vigilante em um futuro distópico, que servirá de referencial para os meus netos, como uma das maiores obras de arte já feitas. Apenas leia ela, tentando respirar todas as 200 provocações políticas filosóficas a cada página, veja as dezenas de metáforas que Miller deixou no “combate de titãs” que é tido como “clímax” do conto. E no fundo, após a leitura, um tanto inquieto, observe com calma aquele mundo, aquele modo de agir de todas as estruturas, e observe pela sua janela o “seu mundo”, e questione-se com sinceridade, se tudo o que acabou de ler foi apenas uma ficção escapista.
Almofadinha, do Batman Antologias G+ te traiu, haw haw haw

Meu contato com a história O Cavaleiro das Trevas-I foi na minissérie em 4 edições pela ed.
Abril publicada em 1987, que trazia o selo “edição especial de luxo” (já que
até ali a editora não tinha lançado no mercado o formato americano com capa
cartonada e papel offset), todavia só conhecido por mim nos idos de 1996, então
com 10 anos de idade, uma criança querendo ser adulta. Reli em 2002, com 16
(pelo lançamento da parte-II), em 2012, com 26 (pelo lançamento do omnibus
definitivo da Panini). Posso falar então de 3 leituras diferentes de O Cavaleiro das Trevas, sendo a terceira
a mais próxima da grandiosidade da obra. A leitura infantil foi obtida num
sebo, comprada a R$ 12,00 com grana do lanche escolar (tempos em que gibi era
coisa de otário que gasta dinheiro com super-heróis de papel); estava
familiarizado com o Batman do Neal Adams nas minhas Superamigos e o do Norm Breyfogle na 3ª série do mix mensal, mas
não estava com o do Frank Miller, num traço sujo, grosseiro, sombreado, expressivo;
estava acomodado com uma caixa de texto que narrava a história toda pra mim, e
não com uma caixa de texto contendo várias vozes narrando a história, cada qual
em sua perspectiva. Aquilo era muito elevado para minha óptica de criança,
porém a história em si atendia aos meus adultos e exigentes anseios literários,
já incitados pelas prévias histórias sombrias do Batman de Dennis O'Neil com
Neal Adams nas minhas revistinhas da Superpowers
ou das Superamigos. Li as 4 edições
de uma só sentada de bunda, como quando se assiste a um filme ininterrupto na
sala de cinema. A leitura adolescêntica foi uma revisão que fiz para conectá-la
a O Cavaleiro das Trevas-II, uma
frustração. Para mim eram duas coisas diferentes, sendo a segunda abaixo da
primeira, o que soou àquela mente púbere como um tipo de Novo e Antigo
Testamento, com o Novo (TDK-I) permanecendo incólume, mais sofisticado do que o
Antigo (TDK-II). O positivo foi ter prestado melhor atenção às nuances de O Cavaleiro das Trevas-I, coisa só
possível com a maturação da idade – e por isso defendo, certos acertos só vêm
com a idade –, como a profundidade do roteiro e a influência da obra no legado
do Homem-Morcego. A leitura adulta foi um revisionismo da leitura
adolescêntica, agora com o olhar apurado, com um acúmulo de leitura digno à
obra. Ao tocar a “versão definitiva” da graphic novel, minha primeira edição omnibus,
a excitação que senti ao manusear aquele produto me reportou à sensação
primeira de tocar a minissérie em 4 edições de 1987 nos idos de 1996... Uma
emoção pura, genuína, tão íntima que escrita alguma pode reproduzir; deixei de
lado a leitura técnica e racional, dei vez à leitura contemplativa e afetiva,
como quem visita a casinha da infância, como quem viaja de volta a um lugar
marcante, que nem grandes amigos que se reencontram para falar de saudades e do
presente. Frank Miller me oportunizou tudo isso, coisa que poucos autores da
alta Literatura universal conseguem fazer a um leitor, e por isso O Cavaleiro das Trevas se estabeleceu
dentro em mim como a obra-prima dos quadrinhos, porque foi a única que
conseguiu me levar ao êxtase, ao estado de graça – propósito de toda a arte –
por todos os aspectos, desde o estético, passando pelo técnico, até repousar
sobre o que é mais íntimo no leitor, a memória afetiva.