Desenvolvido por Michael Goguen e Duane Capizzi, The Batman (conhecido no Brasil apenas como O Batman) foi uma adaptação em desenho animado do cavaleiro das trevas, que foi exibida no ano de 2004.
Tendo durado 5 temporadas, a série tinha como foco os primeiros anos do Batman, mostrando a evolução do jovem vigilante solitário num herói mais experiente e com uma rede de aliados.
Infelizmente, por ter vindo logo após a aclamada Batman Série Animada, O Batman acabou sendo alvo de várias críticas de fãs que julgaram o desenho inferior ao anterior, além de reclamar do estilo diferente da animação, o design de personagens como o Coringa e mudanças feitas as outros como Mr Freeze.
Contudo, conforme o
tempo foi passando, o desenho criou uma legião de fãs, que curtiram a forma
como adaptaram Batman e sua mitologia.
No meu caso, eu cresci
com essa animação e, apesar considerar o desenho do Bruce Timm superior, ainda
considero o The Batman uma boa adaptação, conseguindo criar histórias novas do
vigilante e explorar aspectos do personagem e seu mundo que não chegaram a
serem tão abordados no DCAU.
Tendo passado esses
dias revendo seus episódios, elaborei essa lista falando sobre 10 melhores
episódios do The Batman e o que eu acho que torna eles tão legais.
Vamos lá....
10)
O pior do Cobblepot (T1 EP2)
Enquanto tiveram alguns
vilões que não foram bem representados comparados com suas versões da série
animada, outros conseguiram ser tão, senão até melhores, como no caso do
Pinguim.
Nessa sua primeira
aparição, Oswald Cobblepot é apresentado como um esnobe e rude membro de uma
família aristocrata de Gotham, que voltou a cidade depois de uma viagem na
Asia. Contudo, logo Batman começa a perceber que Oswald é mais do que aparenta,
quando membros da elite começam a ser vítimas de roubos cometidos por aves. Na
realidade, a familia de Oswald perdeu sua fortuna, o que leva o Pinguim a ficar
obcecado em restaurar seu status. Para complicar as coisas, Alfred acaba sendo
capturado pelo vilão aviário, cabendo ao Batman salvar seu leal mordomo.
Diferente do gangster
que os fãs conhecem, o Pinguim nessa série é mais próximo do ladrão-mestre das
hqs clássicas (com visual e personalidade baseados na versão do Danny DeVito).
Mas, os produtores exploraram uns novos ângulos, como o fato dele ser um
lutador marcial (tendo inclusive guarda-costas kabukis) e membro de uma família
rica. A melhor parte foi estabelecer uma rivalidade entre os Cobblepots com os
Waynes, tornando o Pinguim um rival não só para o Batman, como também para o
Bruce Wayne (algo que ser referenciado em adaptações como os jogos Arkham).
9)
Batman Hilariante (T2 EP4)
Um vilão que sofreu
muita crítica foi o Coringa. Fãs reclamaram do visual mais acrobático e com
cabelos longos (lembravam um chapéu de bobo da corte). Eu compartilhava de tais
críticas. Contudo, aos poucos fui apreciando essa versão, com seus episódios
capturar seus dois lados: o cômico e o assustador.
“Batman
Hilariante” é o Coringa em um de seus planos mais
bizarros e divertidos. Cansado de sofrer tantas derrotas nas mãos do Batman, o
palhaço do crime decide então imitar seu inimigo e “combater o crime”. Claro,
sendo o Coringa, ele faz isso em seu jeito insano e distorcido, levando Batman
a ter que confrontar esse impostor risonho.
Ver o Coringa imitando
o Batman é bem engraçado. Mas o destaque do episódio é o drama do Batman, após
o Coringa aplicar um veneno que iria, aos poucos transforma-lo num Coringa 2.0
(o que pode ter sido uma influência ao Batman que Ri), colocando o herói numa
corrida contra o tempo para encontrar um antidoto.
8)
Um Punhado de feltro (T3 EP4)
Dos vilões do Batman, o
Ventriloquo e Scarface são um dos casos que anda a linha de divertido e
trágico. Por um lado, é engraçado ver um homem recebendo ordens de um boneco,
mas, é também triste ver pobre Arnold Wesker, sempre sofrendo abusos do
Scarface (ele basicamente se auto-pune). Isso foi algo que o desenho soube
explora com eficiência, tornando Wesker um personagem que o público torce para
que consiga se livrar de seu tormento.
“Um
Punhado de feltro” é quando temos uma faísca de esperança,
quando Wesker, após ser internado no Asilo Arkham, recebe um tratamento do Hugo
Strange, que substitui o Scarface por um novo boneco, senhor Snoots. Como seu
novo parceiro se mostra uma influência positiva, Wesker é liberado e recomeça
sua vida como artista para crianças. Porém, o que acontece quando Scarface é
reinserido em sua vida?
Apesar do episódio ter
momentos bem cômicos (principalmente no clímax), nunca deixa o telespectador
esquecer que é isso é uma tragédia de um homem doente tentando se redimir mas
sendo vitima da falta de cuidado de outros, não só Hugo Strange (que se mostra
um dos vilões mais desprezíveis no desenho) como o próprio Batman, cuja
desconfiança acaba contribuindo para levar Wesker a retomar sua vida de crimes.
7)
É fogo (T1 EP7)
Como demonstrado por
personagens como Homem Aranha, ser super herói com uma vida dupla não é nada
fácil. Cedo ou tarde, o determinado herói tem tomar decisões quanto suas
prioridades na vida.
Na trama do ‘É Fogo” Batman percebe que ele não é
uma exceção: Durante uma visita ao prefeito Hill (dublado por ninguém menos que
Adam West, por sinal) Bruce descobre que um hospital apoiado por sua familia
vai parar de fazer negócios por causa de sua reputação como playboy. Buscando
preservar o legado de sua familia, Bruce marca uma conferência com os diretores
para tentar faze-los mudar de ideias. Infelizmente isso acontece justo quando
companhias começam ser atacadas pelo Vagalume. Diante desse cenário, Bruce fica
dividido entre salvar Gotham ou proteger o negócio de seu pai.
Além de excelente cenas
de ação entre Batman e Vagalume (que recebe um visual bem bacana e é
reformulado como um sabotador industrial), o episódio explora a dualidade do
Batman e Bruce. Na maioria versões, Batman é a personalidade dominante enquanto
sua vida como Bruce Wayne serve apenas para enganar o público. Já no Batman
(2004) existe um equilíbrio, com Bruce valorizando tanto seu dever como um
vigilante como também de sua vida civil, tornando uma das versões mais
humanizadas do personagem.
6)
Fuga (T4 EP5)
Existe uma pequena
diferença de estilo nas temporadas do The Batman: Enquanto as primeiras duas
temporadas tinham um tom mais sombrio e noir, a partir da terceira tempora, a
série passou a ter uma pegada mais campy, introduzindo personagens como o Robin
e a Batgirl. Isso, naturalmente, causou estranheza nos fãs e fez alguns
abandonarem série.
No entanto, como diz um
ditado “Não julge um livro pela capa”. Tinham uns episódios bem meia-bocas, mas
tinham outros bem legais.
Pegando inspiração em
dramas de suspense, “A fuga” gira em
torno de Gotham sendo ameaça pelo Máscara Negra, que possui um dispositivo que
permitiria ele destruir parte da cidade a menos que receba uma grande
quantidade de dinheiro. Apesar de conseguir captura-lo, Batman ainda tem que
encontrar o dispositivo, deixando Robin e Batgirl sendo responsáveis por vigiar
o Máscara Negra. Para o azar do homem morcego, ele acaba caindo numa cilada e
capturado, enquanto os homens do Máscara Negra iniciam uma invasão a delegacia
para libertar seu chefe. Sobra apenas para Robin e a Batgirl trabalharem juntos
para impedir essa fuga e o plano do líder criminoso.
Tem gente que subestima
Robin e Batgirl, achando que a presença deles torna as aventuras do Batman
bobas. Porém, as versões do desenhos são bem carismáticas, tendo uma dinâmica
quase que de irmãos. O episódio mostra bem a determinação dos dois em tentarem
sobreviver aos bandidos, mas também dando momentos bem tocantes, que revelam
como, no fundo, eles ainda são crianças lidando com muita pressão mas recebendo
apoio um do outro.
Esse é o maior ponto
positivo do The Batman: Ele tornou a Bat-família numa verdadeira família.
5)
Questões de família (T4 EP1)
Com o arco do Batman
sendo dele indo de um vigilante solitário para um herói mais aberto a trabalhar
com outros, naturalmente que a série iria introduzir Robin, seu aliado mais
icônico.
Devido ao famoso
Bat-embargo, uma regra que estabelecia que a DC não podia ter duas ou mais
versões de um personagem em adaptações, os produtores foram impedidos de usar o
menino prodígio (que, na época, era protagonista da série dos Jovens Titãs).
Por isso que a Batgirl foi introduzida.
Mas, quando a quarta
temporada estreou, a série dos Titãs já tinha encerrado e a série pode
introduzir o Dick Grayson numa a abordagem bem fiel as hqs, com ele sendo filho
de acrobatas que são mortos pelo mafioso Tony Zucco. Se identificando com a dor
do garoto, Bruce adota Dick e se torna seu mentor enquanto tenta trazer o
assassino dos Grayson voadores a justiça.
Não só o episódio é bem
emocionante, com Batman se tornando uma figura paterna para o Dick
Grayson, mas também conta com a
participação especial do Mark Hammil e o falecido Kevin Conry (os respectivos
dubladores do Batman e Coringa da Série Animada) dando voz para Tony Zucco e o
pai do Dick Grayson.
4)
Máscara de Borracha da Comédia/Máscara de Barro da tragédia (T1 EP12 e 13)
Tal como Batman Série
Animada fez com a Arlequina, The Batman também criou personagens originais,
como Ethan Bennet e Ellen Yin. Eles eram dois detetives encarregados de caçar o
Batman. Para complicar ainda mais as coisas, Ethan era amigo do Bruce Wayne, o
que fazia o herói considerar revelar seu segredo.
Infelizmente a relação
acabou tendo uma reviravolta quando Ethan foi capturado e torturado pelo
Coringa (numa cena inspirada pela Piada
Mortal), que o expos a substância que tornou o corpo do Ethan maleável.
Enlouquecido por sua
transformação, Ethan se torna a versão da série do Cara de Barro, e sai para
descontar sua raiva naqueles que ele culpa por seu tormento, forçando Batman e
detive Yin a deixarem suas diferenças de lado.
Ter introduzido o Ethan
como um personagem a lá “Jim Gordon Ano um”, um policial que poderia se torna
aliado do Batman, apenas para torna-lo num vilão foi um twist astuto dos
criadores, tendo dado tempo para os fãs se conectarem com Ethan e sentirem o
impacto da tragédia ao verem esse homem bom ser corrompido.
Mas esse final de
temporada não é só depressão, pois também desenvolve a personagem da Ellen Yin,
que finalmente reconhece Batman como um herói e se torna uma aliada.
3)
Mentes estranhas (T2 EP12)
Se “Batman Hilariante” foi o episódio mais divertido do Coringa, “Mentes estranhas” é ele no seu momento
mais assustador.
Depois de sequestrar
Ellen Yin, o vilão prende ela numa caixa com uma bomba, que irá explodir a
menos que Batman ou a polícia consigam encontrá-la. Com o tempo se esgotando,
os policiais recebem uma ajuda do doutor Hugo Strange, que revela ter uma
solução: Usando um aparelho, ele planeja extrair a informação da mente do
Coringa. Hackeando o aparelho de Strange, Batman também se conectaria a mente
de seu inimigo, tendo que conseguir encontrar a localização de Yin, antes que o
tempo acabe. Mas como ele conseguirá resistir a insanidade presente no cérebro
do Coringa?
Esse episódio é puro surrealismo,
com Batman passando por um cenário bizarro atrás do outro, que deixa o
telespectador ansioso, não sabendo como que ele irá sobreviver, estando na
mente insana do Coringa.
2)
Artefatos (T4 EP7)
Uma das histórias mais
influentes do Batman é o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.
Junto com Batman Ano Um, foi uma das histórias que popularizou o personagem na
década de 80. Por isso não é surpresa ver tal obra sendo referenciada ou
homenageada em adaptações.
No caso do The Batman,
a obra de Miller teve meio que um adaptação indireta no episódio “Artefatos”.
Se passando num futuro
distante, o episódio mostra um grupo encontrando a bat-caverna e começam a
procurar por algum aparelho que permita eles salvarem Gotham, que está sendo
destruída pelo Mr Freeze. Durante essa busca, o episódio tem flashbacks do ano
de 2027, quando Batman, agora velho, e seus aliados (Asa Noturna e Oráculo)
enfrentaram o vilão gelado pela última vez.
Eis uma frase
impopular: Eu acho Artefatos é uma
história 1000x superior ao Cavaleiro das
Trevas de Miller. É uma carta de amor a mitologia do Batman e seu
desenvolvimento na série, mostrando uma de suas últimas aventuras e como legado
irá sobreviver nos tempos que virão.
Pode não ser a mais
fiel quando se trata da história que conhecemos, mas é mais fiel em essência.
Uma perfeita metáfora ao The Batman.
1)
Estranho novo mundo (T4 EP6)
De todos os vilões na
série, pra mim o melhor foi o Hugo Strange. A princípio ele foi introduzido
apenas como o diretor do Asilo Arkham, parecendo ter intenções de querer ajudar
os pacientes. Porém, aos poucos, ele foi se revelando um psiquiatra demente,
obcecado em aprender sobre a mente dos criminosos. Após obter evidências contra
o doutor, Batman conseguiu garantir a prisão de Strange, sendo internado no
asilo. Porém, mesmo trancado numa cela, Strange ainda consegue ser uma ameaça
para o homem morcego.
Nesse episódio, o vilão
astuto revela para o homem morcego que ele secretamente envenenou a população
de Gotham com uma toxina, que transformando todos que a inalam em zumbis.
Com todos seus aliados
infectados, Batman se torna o único que pode encontrar uma cura para esse
apocalipse zumbi. Entretanto, ele logo começa perceber que tem algo errado
nessa situação toda.
Esse é um dos episódios
mais sombrios do desenho, cheio de momentos de suspense e reviravoltas
inesperadas. Sem dar spoiler mas, a
forma como o episódio termina demonstra como Strange é um dos inimigos mais
perigosos que o Batman enfrentou.
Então é isso! Quais são
seus episódios favoritos do The Batman? Sintam-se a vontade para colocar suas
opiniões nos comentários abaixo.
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