Muitas vezes assistimos a um filme e ficamos imaginando de onde surgiu aquela história. Acontece que muitas vezes o roteiro foi produzido para algo bem diferente...E a cinessérie "DURO DE MATAR" serve como um exemplo interessante disto e justamente por esta razão será o assunto de nossa postagem de hoje. Vamos lá??
Quando "Duro de Matar" foi lançado em 1988, parecia que nem os produtores acreditavam muito que seria bem sucedido. Muitos críticos questionaram a escolha de Bruce Willis um ator de seriados de TV, que fazia sucesso na época com a série "A Gata & o Rato", mas que era desconhecido e sem experiência no cinema.
O resultado sabemos: foi um sucesso de bilheteria; catapultou Willis para a condição de 'astro' de filmes de ação; tornou 'quente' o nome do diretor John McTiernan; tornou famoso Alan Rickman e deu inicio a uma longa série de sequências, com planos atuais de se fazer 'prequels' com o personagem John McClane...
Mas, o assunto de nossa matéria são os roteiros! E o roteiro do primeiro filme em especial, acaba por ter uma característica bem curiosa: ele se baseia na sequência de um romance que já havia sido adaptado para o cinema e que foi estrelado por...Frank Sinatra!!
O livro original havia sido publicado em 1966. Seu titulo era "O Detetive" e havia sido escrito por Roderick Thorp. Na história o detetive particular Joe Leland é contratado para investigar a morte do marido de uma mulher. Durante a investigação ele descobre que o assassinato do homem tinha ligação com um outro crime que ele havia investigado no passado, enquanto ainda estava na força policial...O livro se tornou um bestsellers!
Frank Sinatra estava querendo fazer filmes policiais, em alta na década de 60. Estrelou "Tony Rome" em 1967, que não deu um bom resultado (mas gerou uma sequência: "A Dama de Pedra") e em 1968 surgiu a oportunidade de estrelar "The Detective" (que no Brasil foi intitulado: "Crime sem Perdão"), que foi elogiado...
Tudo bem, mas qual a relação com "Duro de Matar"?? - Bem, 13 anos depois de escrever o primeiro romance com Joe Leland, o autor resolveu escrever uma sequência intitulada: "Nothing Last Forever", ou, "Nada Dura Para Sempre" (não confundir com o livro homônimo de Sidney Sheldon - muito bom, por sinal!).
Desta vez a história mostra Leland mais velho visitando a filha em uma festa de Natal de um grande escritório corporativo, com a esperança de se reconciliar com ela. As coisas estavam funcionando, mas um grupo de terroristas alemães resolveram invadir o prédio. Isto não deixou a Leland outra solução a não ser derrubá-los um a um.
A filha de Leland chamava-se Stephanie Leland Genaro e seu final não é muito bom! O líder dos terroristas Anton Gruber causa sua morte ao tentar arrancar-lhe um relógio de ouro que ela havia ganhado do chefe. Há uma razão para esta cena em particular: a empresa enriquecia aproveitando-se das pessoas e Stephanie não era exatamente um 'doce de pessoa', assim ela cair para a morte ao tentar reter o relógio demonstrava sua ganância...
Já deu para perceber onde queremos chegar. O livro era praticamente "Duro de Matar". Joe Leland se tornou John McClane. A filha Stephanie se tornou a esposa Holly Genaro McClane. Anton Gruber se tornou Hans Gruber. E eu esqueci de dizer que Leland era auxiliado...por rádio...por um policial que estava do lado de fora: Al Powell, que manteve seu nome e ganhou a patente de sargento. O final foi alterado para ser mais feliz do que o do livro...
Como já dissemos, o filme foi um sucesso arrasador, dando origem a uma franquia lucrativa. Curiosamente, os roteiros das continuação mantiveram a tradição e eram TODOS para outras produções que foram adaptados para "Duro de Matar". O segundo filme teve por base um romance chamado "58 Minutos", escrito por Walter Wager.
O livro conta a história do capitão Frank Malone da policia de Nova York, que vai ao aeroporto Internacional para esperar a filha pequena que chegava da California e iria passar o Natal com ele (ele é divorciado). O problema é que um homem misterioso autodenominado "Número 1", liga para a torre de controle do aeroporto e avisa que desligou a força das pistas de todos os aeroportos da região, além de tomar o controle de todos os instrumentos e que as autoridades tem 58 minutos para atender suas demandas ou os aviões irão cair um por um por falta de combustível. Frank é obrigado a entrar em ação...
O terceiro filme enfrentou alguns problemas. Houve uma desentendimento entre os dois produtores da franquia Joel Silver e Larry Gordon. Como se não bastasse Joel Silver também se desentendeu com Bruce Willis. Isto atrasou as filmagens e Steven Seagal estreou o filme "Força em Alerta" com roteiro semelhante ao que seria "Duro de Matar 3" (mais detalhes clique aqui). A FOX teve de correr para arranjar um roteiro e foi ai que entrou um roteiro escrito por Jonathan Heinslegh, cujo titulo era "Simons Says..." ("Simon Diz...").
Outra curiosidade é que este roteiro havia sido criado para ser um veiculo para o ator Brandon Lee (filho de Bruce Lee, morto em um acidente, mal explicado, de filmagem em 1993). Depois disto se tornou um roteiro para uma sequência de "Maquina Mortífera". Finalmente o roteiro foi adaptado para a franquia e se tornou "Duro de Matar 3 - A Vingança"...
Para o quarto filme inicialmente o roteiro escolhido foi "Tears of the Sun" (Lágrimas do Sol), escrito por Alan B. McElroy (hq SPAWN e o filme "Hallloween 4"). A história girava em torno de um grupo de pessoas que vão montar uma estação de rádio retransmissores nas profundezas da selva amazônica. Uma tempestade os leva a uma cidade mineira, onde contratam um guia. Mas são capturados por traficantes que os forçam a trabalhar. Eles escapam e agora tem de sobreviver à selva e aos traficantes que os perseguem.
Este roteiro estava girando em Hollywood desde o inicio da década de 90 e chegou a ser considerado para uma adaptação moderna de Tarzan (!!). Até que chegou a FOX, Bruce Willis gostou do titulo e da história e a queria em Duro de Matar...mas, não rolou. Pelo menos ele aproveitou o titulo para seu filme de 2003...
O roteiro escolhido foi um que já estava por lá: "WW3.com", escrito por David Marconi. O roteiro falava sobre um ataque ciberterrorista aos EUA. Este ataque seria realizado em três etapas, eles o chamaram 'venda de fogo'. Primeira etapa: ataque aos sistemas de infraestrutura e transportes; segunda: ataque as telecomunicações e terceira: ataque as finanças e serviços públicos (estas 'táticas' foram usadas, com uma pequena variação, no filme "O Mundo Depois de Nós").
Este roteiro estava 'engavetado' desde 2001, quando houve o ataque terroristas as torres gêmeas nos EUA e em 2007 'viu a luz do dia' em "Duro de Matar 4.0"...
E chegamos ao último filme da franquia (pelo menos com Bruce Willis) e curiosamente...não temos informações sobre o roteiro. Porém, após o lançamento o filme recebeu sérias críticas (apesar de ter gerado US$ 304 milhões), entre elas de ter um roteiro fraco e sem consistência...
Mas, há algumas curiosidades que podemos destacar, como por exemplo: o filme foi nomeado originalmente como "Die Hard 24/7", algo como "Duro de Matar, 24 horas por dia, 7 dias da semana" (uma expressão de trabalho usada pelos americanos) ou quem sabe: "Duro de Matar, Sempre" (adaptado). A mídia especulou se não seria um crossover entre "Duro de Matar" e a série "24 Horas", o que diga-se de passagem, foi uma grande bobagem!
A atriz Mary Elizabeth Winstead reprisa seu papel de filha de McClane, Lucy (como no filme anterior), mas nas versões estendidas sua participação foi...deletada (!?).
Bruce Willis planejava fazer um último filme da franquia para aposentar McClane, mas sua doença o aposentou antes.
Como podemos observar, depois do segundo filme, "Duro de Matar" deixou de ser um filme natalino....
Depois do 'entendimento errado' da mídia sobre o titulo, foi anuncia do que o titulo seria: "Duro de Matar - Um Bom Dia Para Morrer"...
Para terminarmos, a doença de Willis não parece ter determinado o fim da franquia. Foi anunciado, que há planos de se fazer um 'prequel' abordando o trabalho de McClane antes do que vimos a partir de 1988. Não se definiu ainda se será uma série ou um longa metragem..."Quem viver, verá" - ou não!
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