Já que
os posts planejados nunca terminam de ser acabados, e eu penso há coisa de dez
anos em fazer o meu top de melhores filmes por década e nunca faço, eu pensei
em fazer um post rápido falando um pouco de filmes, e com uma boa dose de
nostalgia.
Acho que qualquer pessoa que tenha pego ao menos os anos 90 deve lembrar da época em que se ia com algum parente ou amigo em alguma locadora de bairro “locar filmes”. Em especial VHS, já que os DVDs se popularizam mais por ser uma mídia mais fácil de copiar e vender nos anos 2000. Em uma época sem Youtube, onde as pessoas viam mais os filmes por conta dos atores, a maioria das pessoas escolhiam mais o filme pela capa ou mesmo consultando a opinião do atendente e muitas vezes dono da locadora. Vale lembrar que até o próprio Tarantino teve esse emprego antes de começar a fazer filmes. E nem vou entrar muito tópico da “sala secreta” onde tinha o conteúdo adulto, sobre isso eu deixo essa breve crônica aqui.
Justamente
para me lembrar desse tempo (que eu peguei já o final) eu criei o VHS deSexta, um tipo de “locadora do Paulo Coelho” para
pessoas que nem sempre sabem pegar filmes pela internet ou tem preguiça disso, ou
mesmo não tem condições de pagar vários serviços ao mesmo tempo... E eu me ponho
como seu host nisso. Aproveitando esse espirito de “sexta a noite”, onde nos tempos
que não voltam mais, as famílias se juntavam na mesma TV na sala para ver o
mesmo filme, a cada semana - ou quinzena - eu vou tentar vir aqui e indicar três
filmes realmente bons para vocês. Pode ser que você já tenha visto os
três, mas vai que alguém que alguém não viu e tenha uma grata surpresa, e
sempre vou tentar puxar algum critério, seja o mesmo ano, diretor, década, etc.
Hoje vamos focar em três pérolas de 2009,
“um dia desses”. Todos os filmes tão disponíveis em serviços ou lá na locadora
de VHS.
Perguntei
até agora pouco ao nosso comentarista Alan se ele já tinha visto essa
obra-prima, talvez muitas pessoas cheguem nela mais por causa do rostinho
famoso do Jared Leto, que aqui entrega uma das melhores atuações da carreira. A
história foca em três linhas narrativas da vida do jovem “Nemo Nobody”, e essas
linhas vão se ramificando e algumas vezes se cruzando conforme o filme passa.
Não vou complicar para vocês: quem nunca ficou se imaginando tudo o que teria
mudado na vida se em algum ponto chave tivesse tomado uma atitude completamente
diferente? A força desse filme é justamente isso, eu já perdi as contas de
quantas vezes revi, e quantas vezes lembrei dele em vários momentos da vida.
Falando assim, o filme não parece nada demais, mas ele tem uma montagem muito
astuta, além de uma ótima trilha sonora. Um filme mais famoso com esse tema é o
“Efeito Borboleta”, mas Mr. Nobody é um filme muito mais refinado.
Esse filme
divide as pessoas, e quanto mais o tempo passa, mais ele é discutido, ao contrário
de qualquer outro filme que o Marc Webb tenha realizado, incluindo os Aranhas.
Acho que todo homem já passou por um fim de relacionamento repentino, e entrou
naquela espiral de tristeza, não aceitação e começou a fazer uma revisão de “onde
foi que errou” numa esperança vã de voltar com a mulher, quando na verdade,
isso quase nunca acontece. Na contramão de várias comédias românticas que
vendem para as pessoas que elas vão encontrar alguém com grande afinidade e vai
dar tudo certo, o filme de maneira inteligente trabalha toda uma idealização
que o homem é capaz de fazer quando se tá apaixonado, afetando seriamente a sua
leitura básica da realidade. Além de quebrar muito desse clichê de que “você é
o escolhido e com você será diferente”. Mas, isso é só a parte mais superficial
do filme, o longa também serve como reflexão de se descobrir em novas atividades
depois de um grande baque, seja um divórcio, ser demitido ou qualquer outra
porrada dessas. Não adianta querer buscar no outro algo que você mesmo não sabe
se tem...
O mais
pesado da lista, e talvez o mais conhecido e recomendado. Eu lembro até hoje,
de no meu antigo emprego, quando eu tava conversando com um cliente sobre
cinema e ele me contar que raramente tava vendo filmes norte-americanos, que
ele tinha redescoberto o cinema através do cinema argentino, e me recomendou
ver qualquer filme com o Ricardo Darin que eu não me arrependeria. Achei aquilo
só pose na hora, tipo aquela piada que fazem na internet sobre “o cara que só
vê filme preto e branco iraniano”, mas, curioso, resolvi pagar para ver e vi
alguns filmes sensacionais como o “Relatos Selvagens” (acho que isso foi lá em
2015, ainda), só que eu sempre guardava esse pra depois, eu imaginava que a
pancada ia ser forte, e foi. Vim ver o filme, acredito que só esse ano. O filme
em certa medida, ao menos na forma como mostra a melancólica passagem dos anos,
me lembrou um pouco o “Fury - Minha Guerra se foi”. Na história, acompanhamos
um perito criminalista que nunca conseguiu resolver um determinado crime
chocante que sempre o atormentou, parece uma premissa batida, mas o filme
consegue deixar o espectador numa constante indignação e desconforto conforme a
investigação se aprofunda. Há todo um retrato político sutil e inteligente da
Argentina nos anos 70, e muitos outros fatores não resolvidos na vida do
protagonista, como ele ser apaixonado pela sua amiga do trabalho, mas isso
nunca ter dado certo e terem seguido caminhos diferentes. É um filme muito bem
escrito, do tipo que te torna até mal acostumado com os filmes.
Por
hoje é só isso. Já viram todos? Pretendem ver algum? Chegou a pegar ainda a
época do VHS? Deixem nos comentários, e até alguma próxima sexta.




