“Não sei se
eu posso. São só garotos subdesenvolvidos tentando se esconder atrás de
máscaras, tentando parecer algo mais sofisticado... Fui eu que me salvei. Ambos
estavam lá por si mesmos.”
Três semanas
de silêncio -e não é a nova mensal do Batman-, sem texto novo (ao menos
meu, e sim, eu sei quem ninguém liga), e cá estou eu agora — faltando um dia
pro final da temporada — escrevendo sobre episódios que já deveriam estar
resenhados, debatidos e jogados pra debaixo do tapete como a maioria das
promessas feitas em Gotham – que nunca são mantidas-.
Mas é isso. Mudei de
rotina tomei algumas pancadas, comecei a tentar ser um adulto funcional,
e no processo virei só mais um verme que fica deixando tudo pra depois
(pensando bem, não tive uma evolução de arco de personagem)… e no outro dia
deixa pra depois de novo. Um loop eterno de "amanhã eu escrevo" que
termina sempre com "mas já é terça de novo, porra?".
E eu sei que devia ter soltado esses textos antes, analisado com mais calma, talvez até feito uma reflexão profunda sobre cada camadinha dos episódios... mas sejamos francos: tirando o pessoal que tem boleto pra pagar com vídeo diário de 20 minutos no YouTube frame a frame, só que essa temporada nem tem tanto assim pra ser destrinchada por sete dias seguidos. Ainda assim, por puro orgulho — e porque eu me recuso a deixar esse blog virar mais um cemitério de boas intenções —, resolvi passar essa bela tarde (de ontem) espremendo da memória o que sobrou de cada capítulo.
Então, deixem aí nos comentários o que vocês acharam de tudo até aqui: no que concordam, no que discordam, e o mais importante... quem aí, além de mim, ainda não dropou a série e tá com expectativas reais de um episódio realmente masterpice daqui a pouco (ou ontem, dependendo de quando ler isso)?
Em minha defesa, depois alguns revezes, sentar na minha poltrona de Rei e ligar a TV que ocupa metade da parede às terças, 22h, foi uma das poucas coisas que sobraram pro betinha...
DEMOLIDOR:
RENASCIDO #04 - RISCO CALCULADO
Não vou
mentir: quando vi o Justiceiro na miniatura pra dar o play… Quase me iludi.
Achei que realmente a parada ia andar. Mas não. Foi só uma aparição alcoólicos
anônimos que parece querer dizer "olha, a gente lembra que ele
existe", mas que na prática, não acrescenta nada à trama central. É quase
como aquele amigo que aparece na festa, toma uma dose, faz um brinde e sai
antes da pizza chegar. (e puta merda, ele provavelmente nem deve aparecer no último episódio hoje) A cena é boa, é, mas isolada. E o problema é justamente
esse: isolar algo que deveria a principio ter um destaque maior na trama. Ao
menos, de acordo com o trailer foda que saiu no começo do ano.
O roteiro
ainda tenta fazer parecer que essa presença breve do Castle teve algum peso
emocional pro Matt, mas… teve mesmo? Porque cinco minutos depois, já voltamos
ao drama dele com o Fisk e a tal da milícia, como se nada tivesse acontecido.
Isso é o tipo de coisa que alimenta aquela sensação de que o seriado quer
morder mais do que consegue mastigar. Parece querer mostrar que tá tudo
interligado, mas os nós estão frouxos.
Um breve parênteses:
Recentemente eu tô revendo a
série anterior (já revi as duas primeiras), e o Frank teve toda uma amizade com
a Karen Page, que se estendeu até a sua série própria. Mas, ele nunca engoliu o
Foggy, e isso foi recíproco. Ver ele falando do “bom e velho Foggy” soou meio
forçado, um tipo de condescendência que não cabe ao Frank Castle. Mas, arrisco
que os roteiristas podem nem ter se dado ao trabalho de rever as temporadas anteriores
para escreverem um diálogo mais adequado como “eu não tolerava aquele gordo,
mas ele era um sujeito bem esforçado e honesto, e imagino o quanto ele era
importante pra você, Vermelho, apesar de que pelo que eu me lembre, quando
vocês me “defenderam”, você num teve nem a decência de dar suporte a ele. Eu
via de longe o quanto ele ficava indeciso sobre o que fazer sem você do lado.”
DEMOLIDOR:
RENASCIDO #05 - MORTO VIVO
Olha, bom
episódio. Tecnicamente bem dirigido, boas atuações, tem umas sacadas
interessantes relativo ao Murdock se manter ali dentro de uma situação extrema sem se revelar… mas é filler. E, pior que isso, é
filler numa temporada curta. É bem satisfatório ver o Matt meio Batman Arkham
City pegando os assaltantes em steath, e depois mergulhando nas pernas daquele "pobre coitado". Mas, isso alimenta algo que eu já não gostava desde dos
Defensores, de que Matt sai batendo em vagabundo mais por ser um viciado em
violência do que por querer ajudar as pessoas. É um cinismo meio anos 2000,
onde os personagens não podem fazer o certo porque é o certo, tudo tem que ter
uma explicação onde os protagonistas são quase vilões em negação.
Vou nem
chover no molhado com a ponte com a série da Miss Marvel que não serve pra pica
nenhuma.
DEMOLIDOR:
RENASCIDO #06 - RETALIAÇÃO
Enrolações
com a sobrinha do Hector, subtramas da prefeitura, mas o que chama atenção
mesmo é a porradaria franca entre o Demolidor e o Muso. O Murdock lembrou que o
nome da série não é “advogado recluso” e saiu pra caçar. Abriu espaço pra um retorno
maior do Muso, mas mal sabíamos da broxada que seria no episódio seguinte... O
episódio serve mais como um “do que é que eu tava falando mesmo? Ah sim, tinha
um serial killer aí fora, olha só o que ele andou aprontando. A parte do Fisk
corno frio e calculista dando o machado de vantagem pro cara também foi muito
boa.
DEMOLIDOR:
RENASCIDO #07 - TERRA QUEIMADA
O que não foi interessante
foi pegar o Cole North, talvez o melhor coadjuvante criado na fase do Chip
Zdarsky e transformar o cara em mais um “dirty cop”, isso vai completamente
contra a essência do personagem, que é um tipo de Jim Gordon poucas ideias com
o vigilantismo. “Ah, mas veja bem, Ozy, é uma adaptação, e até se você pegar
nas três temporadas da Netflix, eles pegavam os personagens e faziam um tipo de
“Ano Um” com eles, mostrando como eles se tornaram próximos da versão dos
quadrinhos que conhecemos. Ok, até concordo, mas acredito que existem níveis e
níveis, certo? Os personagens bem estabelecidos nos quadrinhos (mesmo se tratando
de um criado há menos de dez anos) possuem todo um limite moral, concorda?
Seria o mesmo que a série da Netflix mostrasse o Demolidor com um fuzil matando
inimigos e depois “percebesse” que esse não era o caminho, ficando parecido com
os quadrinhos, a regra de não matar é inegociável. O Cole North nos quadrinhos
é um cara totalmente by the book, vindo de outro estado e achando todo
um absurdo que um cidadão privado coloque uma máscara e faça justiça com as
próprias mãos, como esse mesmo cara iria fazer parte um tipo de força militar
agindo à margem da Lei (mesmo que na teoria responda ao Estado, já que está
subordinado ao prefeito).
A trama da
milícia até tem seu valor, principalmente pelo subtexto político que ela tenta
levantar, mas fazer isso às custas da integridade de personagens bem estabelecidos
não é corajoso — é preguiçoso. Enquanto isso, o Wilson Fisk continua carregando
a série nas costas, mesmo que o roteiro às vezes tente sabotá-lo. A montagem da
força paralela por ele e Vanessa tem bons momentos, mas a mulher tá virando um
enigma mal explicado. Ela age como se tivesse influência em tudo, mas a gente
nunca vê como. Parece que cortaram metade das cenas dela na ilha de edição.
Mas, de novo, o episódio tropeça em umas decisões de roteiro esquisitas. O Muso ainda tá lá, ainda sendo subutilizado, e cada vez mais distante de qualquer ligação real com os quadrinhos. Deram uma maquiada nele, tiraram o aspecto inumano, e sendo reduzido, até segunda ordem, ao clichê do "eu sou seu maior fã". Lamentável. Era pra ser um trunfo, virou carta descartável. Isso se não derem alguma reviravolta...
DEMOLIDOR:
RENASCIDO #08 - CINZAS
Ainda acho que o Foggy
Nelson está vivo, como foi feito nos quadrinhos na fase do Brubaker.
Seguramente, esse deve ter sido o melhor episódio da temporada.
E sim, vou dar o play pra ver o fim logo depois que eu parar de reescrever tudo isso aqui...
A Vanessa tá sendo uma boa
vilã (embora tenha ficado mais marcada sendo uma no universo alternativo da
Marvel Max, e a maioria das pessoas a remeta sempre a condição de boa mulher
que representava o coração do Fisk -em coma, e que fazia o Fisk não ser um
completo sociopata-, acho que ela se tornou uma vilã já a partir da fase do
Bendis, se não me falha a memória), mas a série sempre nos dá a ideia de que
perdemos várias cenas cortadas que explicariam mais como ela faz o que ela faz.
Wilson Fisk, apesar de não
ser tão bem escrito como outrora, ainda é um excelente personagem, é um
personagem tão bom, que é daquele tipo que mesmo o pessoal querendo se esforçar
para diminuir sua relevância, ele ainda rouba a cena. Toda a subtrama dele
montando a milícia particular dele com parte da polícia até foi interessante.
Até que chegamos no baile.
Em especial o sussurro do Fisk.
Um verdadeiro vilão não precisa de faca, precisa de controle. O impacto narrativo é tipo uma granada: a partir dali, o Matt entende que tá enfrentando um monstro maior que ele, que joga com a cidade inteira como peões... Outra vez, e de uma forma muito mais institucional. Matt é puro coração, mas é um coração que sangra (ainda mais quando baleado, [heh]). O Fisk é cérebro, um supercomputador de terno que faz a cidade dançar dentro do baile dele, no ritmo dele.
O que não impede de você vir nos comentários dizer que eu tô errado e o Fisk é só um corno manso que a mulher que mandou em tudo, inclusive dar cabo do Foggy, e talvez até do próprio Fisk.
Eu gosto dessa versão do Mercenário. A decisão dele sair pra brincar foi mais do que esperada pra série voltar a ter algum sentimento de urgência, ao menos perto do final. Mas... Difícil de comprar que ele não descobriu a identidade do Murdock. E o pior ainda, pedindo arrego com "medo" de ficar no meio dos outros presos. Bicho, é a porra do Mercenário. Isso faz tanto sentido quanto o Coringa pedir pra não ficar com os outros vilões porque teme pela vida dele. Fora o Murdock perdendo a compostura ali.