Bom, pessoal, estive ausente do blog por razões pessoais. Meu pai faleceu, e minha vida ficou muito bagunçada nas últimas semanas. Ainda irei colaborar com o blog, mas não com tanta assiduidade por enquanto. No entanto, assisti ao prequel de Mad Max: Estrada da Fúria, Furiosa, e tenho algumas considerações a fazer.
A primeira é que na
minha opinião Furiosa é sim um bom filme, apesar de meio caça-níquel. No
entanto, perto de Estrada da Fúria, que considero um filme muito bom/excelente,
é apenas “bom”, sendo muito mais fraco que seu predecessor. Quando Estrada
da Fúria estreou, em 2015, pegou todo mundo de surpresa, pois George Miller
conseguiu revitalizar sua franquia Mad Max com um filme frenético e de
ação alucinante, além de ter a estética do deserto australiano. Na verdade, Estrada
da Fúria é praticamente um filme da Furiosa, à época interpretada por Charlize
Theron; Max, interpretado por Tom Hardy, anteriormente por Mel Gibson nos
filmes antigos, é basicamente um coadjuvante. Inclusive, há quem argumente que Estrada
da Fúria é um dos primeiros filmes da tal cultura woke, em que
personagens mulheres se destacam em contraponto a personagens homens que perdem
relevância, mas na época ninguém se ligou nisso e a recepção ao longa foi muito
boa, no geral.
Pessoalmente, sou
grande fã da trilogia Mad Max clássica, capitaneada por Mel Gibson e idealizada
por George Miller. Mad Max de 1979 foi responsável pela criação de um
gênero, o de aventura pós-apocalíptica, que teve grande influência na cultura
pop, principalmente nos anos 80. Depois de Mad Max, houve vários filmes
genéricos de aventura pós-apocalíptica; alguns muito vagabundos, bem B mesmo.
Mad Max influenciou outras mídias, como a HQ Slash: O Guerreiro do Apocalipse
e o mangá/anime Hokuto no Ken. A meu ver, Gibson faz falta. Tom Hardy, a
despeito de ser um excelente ator, não tem o mesmo carisma de Gibson.
Entretanto, creio ser muito difícil ele voltar à franquia. Não
necessariamente por estar velho para o papel; poderiam fazer um filme tipo “Old
Man Mad Max” com o Gibson. No entanto, Mel Gibson segue queimado em Hollywood desde
A Paixão de Cristo; apesar de nunca ter parado de fazer filmes, Gibson não
tem mais o prestígio de outrora entre os donos dos estúdios. Tom Hardy, por sua
vez, parece também não estar interessado em voltar à franquia, preferindo atuar
nas porcarias dos filmes do Venom e ganhar dinheiro.
Outra consideração que
tenho a fazer é que infelizmente Furiosa foi rodado todo em tela verde,
com cenário digital, ao contrário de Estrada da Fúria, que foi filmado
no deserto australiano, e é nítida a diferença. George Miller é um grande
diretor, mas se sai bem melhor em cenas externas. Até entendo a decisão de filmar
em tela verde, porque corta custos, além de que Miller inclusive declarou na
época de Estrada da Fúria que “nunca mais iria filmar no deserto”.
Porém, a diferença entre os cenários dos dois filmes é gritante.
O enredo de Furiosa é
uma espécie de “Furiosa: Ano Um”; porém, todo o primeiro ato do filme centra-se
na Furiosa quando criança. Ela vivia em uma comunidade tribal em um oásis de
abundância na terra devastada. Entretanto, é sequestrada por homens de Dementus,
cujo papel é feito por Chris Hemsworth. A mãe de
Furiosa tenta resgatar a filha, mas ao fim é torturada e assassinada perante os
olhos da filha pelos homens de Dementus. Furiosa é feita prisioneira e de certa
forma se torna a “filha” do vilão. Vale destacar a
atuação de Hemsworth; nunca fui um grande fã dele como ator, sempre o considerei
mediano (sua interpretação do Thor destruiu o personagem, mas isso não é apenas
culpa dele), mas como Dementus a atuação canastrona de Hemsworth cai bem,
porque, apesar de cruel, ele é também um vilão caricato e galhofa. Também é
preciso reconhecer o excelente papel da atriz mirim Alyla Browne como a Furiosa
criança. Ela é a grande revelação do longa, até mesmo porque passa grande parte
do tempo calada e passa os sentimentos apenas por suas expressões.
Temos a seguir o ponto
de intersecção com Estrada da Fúria, que é quando Dementus confronta e
chantageia Immortan Joe (Lachy Hulme). Dementus consegue reger a Vila Gasolina,
mas é obrigado a ceder Furiosa para Immortan Joe. No entanto, a menina consegue
fugir de Erectus, o filho pedófilo de Joe, e passar anos disfarçada como um
menino. É a partir do segundo ato em que há a predominância da Furiosa jovem, interpretada
por Anya Taylor-Joy. Pessoalmente, considero que Taylor-Joy teve uma
interpretação na média. Ela é uma boa atriz, mas se esmerou mais em outros papéis.
Há de ser justo que o papel da Furiosa também tem a característica de ser
contido, e ela também fica calada por longas sequências. Não obstante não fazer
frente à Charlize Theron, cuja Furiosa foi muito
melhor interpretada, no meu entendimento.
A vida de Furiosa muda um pouco quando ela conhece o pretoriano Jack, vivido por Tom Burke, e passa a integrar sua equipe de corrida na Estrada da Fúria. Após um confronto com homens dissidentes de Dementus, Jack descobre que Furiosa é uma garota, e ambos se tornam aliados e depois se apaixonam. Jack quer ajudá-la a retornar para sua tribo, seguindo a tatuagem com a trilha de estrelas que a jovem tem tatuada no braço; porém, o desejo de Furiosa por vingança contra Dementus acaba pondo tudo a perder.
Furiosa não promete grandes surpresas, apenas
preenche lacunas que não necessariamente precisariam ser preenchidas. Furiosa
encerra-se exatamente onde A Estrada da Fúria começa. No entanto, o
filme vale sim a conferida, porque é sempre bom revisitarmos o universo maluco
de Mad Max criado por George Miller, e há ótimas cenas de ação envolvendo
perseguições de carros pelo deserto, tão características da franquia. Todavia,
o cenário com o deserto real faz falta. E Mel Gibson igualmente segue fazendo
falta. Nota 7 de 10.
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