SUPERMAN VS A ELITE – O QUE O HOMEM DE AÇO REPRESENTA?

 


SUPERMAN VS A ELITE –  O QUE O HOMEM DE AÇO REPRESENTA?

Nessa terça passada, dia 18, se comemorou o aniversário do Homem de aço, o Superman. Se faz 85 anos desde Ultimo Filho de Krypton estreou nas hqs, tendo tido inúmeras histórias que marcaram o personagem na memórias de muitos fãs leitores de hqs como Paz na Terra, Grandes Astros e Quatro Estações.



De todas essas histórias populares existe uma que é considerada por muitos, i uma das melhores história do Superman. Me refiro ao “What’s so funny about truth, justice and the american way” (tradução: O que há de engraçado em verdade justiça e o jeito americano), mais conhecida pelos fãs como Superman vs A Elite, que foi originalmente publicada na Action Comics 775, em março de 2001. Mas do que se trata essa história afinal? O que a torna tão importante para a mitologia do Superman?


Eu vou explicar...

TRAMA

Escrita por Joe Kelly, com a arte de Doug Mahnke, a história foca-se no Superman lidando com a chegada da Elite, um grupo de anti-heróis inspirados no Authority de Mark Millar, que abusam do seu poder e executam criminosos sem piedade, agindo como um contraponto ao homem de aço e seu forte código moral.


Liderados pelo telepata britânico Manchester Black, a Elite aos poucos vai ganhando apoio da população, conseguindo virar a opinião pública contra o Superman, fazendo julgar que os métodos do herói são ineficazes e não funcionam o mundo atual, onde a moralidade é complexa e problemática.


Isso tudo coloca a eficiência do Superman como super herói a prova, com o homem de aço encarando um grande dilema: Será ele capaz de seus inimigos e preservar seus valores ou terá que se rebaixar o nível da Elite?

SUPERMAN NOS ANOS 90 

Não é difícil perceber que os argumentos da Elite contra o Superman é uma óbvia referência as críticas que o herói tem sofrido por um bom tempo, de ser um personagem chato e que não funciona no “mundo real”.

Essas são críticas são algo bem natural que HQs sempre passaram por mudanças durante as décadas para se manter relevantes. No caso dos super heróis, eles foram de propaganda de guerra a histórias de ficção cientifica para dramas pessoais refletindo a realidade e problemas dos quais os heróis não podiam resolver apenas na pancadaria.


Porém quanto mais a sociedade foi passando por momentos difíceis e de desilusão, as HQs seguiram o ritmo e a visão heroísmo foi mudando, com roteiristas buscando representar a imperfeição da realidade nos personagens, marcando as ascensão dos anti-heróis, protagonistas que iam contra o padrão do herói idealizado, sendo violentos, atormentados, e suas histórias tinham um tom bem mais sombrio e afastado das hqs mais light das décadas anteriores. 


A popularidade deles acabou fazendo heróis como Superman parecerem deslocados e leitores questionarem seu lugar no mundo atual que parece rejeitar esse heroísmo tradicional. Muitos roteiristas tentaram redefinir o Superman para o mundo moderno, tornando ele trágico, sombrio e isolado, o que resultou numa recepção bem mista por parte dos fãs, com alguns aprovando como algo que tornou o Superman "real e humano" e outros criticaram por ser algo contra o que Superman representava. 


A partir disso surge a pergunta de um milhão de dólares: Que mudança pode tornar o Superman relevante pra atualidade?

CONFLITO IDEOLÓGICO EM DIFERENTES PERSPECTIVAS

É essa questão Joe Kelly aborda nessa história, com o ponto princial sendo o conflito de éticas entre Superman e Manchester Black e a Elite, que são um novo tipo e o desafio ao herói não só na força física como também na ideológica.



Diferente de personagens como Luthor ou Brainiac, Manchester e a Elite não são invasores alienígenas ou criminosos buscando dominar o mundo. Tal como Superman, eles usam suas habilidades para combater o mal. São seus métodos violentos que criam discussão entre eles e o Superman.

Embora seja fácil ver a Elite como um bando de vilões, interessados apenas na fama e a atenção que recebem do público (algo muito implicado nos diálogos), a história dá espaço para eles expressarem pontos bem válidos as suas críticas em relação ao Superman, apontando as falhas de seus métodos e de como seria mais fácil ele simplesmente quebrar suas regras e aceitar que “o mundo é cruel e injusto logo faz sentido ser cruéis e injustos com outros”.


É esse debate entre os dois lados, onde é mostrado a perspectiva cada personagem, seja Superman, Manchester, Lois ou especialmente civis, e a forma como eles refletem sobre a situação que torna a história interessante e coloca nós, leitores, diante os mesmos questionamentos: Quando pacifismo acaba sendo exagerado? Matar criminosos realmente resolve todos os problemas do mundo?

 

A IMPORTÂNCIA DO SUPERMAN PARA O MUNDO ATUAL


Além do conflito ideológico, outro ponto dessa história é a forma como retrata o Superman de forma bem humanizada, ao mesmo tempo em que demonstra o que torna esse herói tão especial para muitos.

O roteiro do Joe Kelly desconstrói a ideia padrão da história do Superman com Clark lidando com o questionamento trazido pela Elite, mas diferente de outros roteiristas, ele não altera o personagem. Superman continua sendo o cara heroico e otimista. Embora tenha momentos dúvida, ele não abre mão dos seus ideais e ainda tenta encontrar uma forma de mostrar que existem outras formas de resolver problemas sem recorrer aos métodos da Elite.


Destaque também vai para as interações dele com personagens como a Lois e Jonathan Kent, que não dão momentos de calmaria leveza para uma história tão dramática, como ambos ganham chance para expressarem sua opinião quanto ao dilema, dando suporte para o Clark em seus momentos difíceis.

Eventualmente, a história conclui com o Superman tendo um confronto com Manchester Black e a Elite, com Clark aparentemente matando os membros do grupo, exceto por Manchester Black (tudo bem ilustrado na arte do Mahnke).


No entanto, é revelado que tudo não passou de encenação, com Superman tendo nocauteado os membros da Elite. Ele fez aquilo não só para derrotar Manchester mas também sua ideologia, dando a população uma visão do horror que são as ações de anti heróis como a Elite e uma amostra do que poderia acontecer caso ele cedesse aos ideais de seus oponentes.


Esse momento Superman derrotando seus inimigos não só força física, como também no conflito ideológico, reafirmando para Manchester sua determinação de continuar a lutar por um mundo representa o que torna o Superman inspirador: Apesar das dificuldades, ele sempre tenta fazer a coisa certa sem abrir mão de valores. Ele pode ser um dos heróis mais poderosos da DC, mas seu maior poder é saber como usar suas habilidades com responsabilidade.

Se o mundo é tão sombrio assim, então é o lugar perfeito para heróis como Superman, se opondo a essa visão pessimista agindo como um símbolo de esperança para todos.




Por representar esse aspecto do Homem de Aço tão bem, que Superman vs a Elite é na minha opinião, uma das melhores histórias do homem de aço já feitas e um exemplo de como escrever um personagem como Superman nos dias atuais.

Então é isso! Concordam comigo? Discordam? Qual a opinião de vocês sobre Superman vs a Elite? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões nos comentários abaixo.



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