QUADRILOGIA DAS CORES – A ESSÊNCIA DOS HERÓIS DA MARVEL

 




QUADROLOGIA DAS CORES – A ESSÊNCIA DOS HERÓIS DA MARVEL

Uma das principais diferenças dos heróis da Marvel para os da DC é que, enquanto os da DC são personagens inspiradores, esses modelos a serem seguidos, os heróis da Marvel são personagens mais humanizados, tendo dilemas e dramas com os quais nós leitores podemos nos relacionar, como alcoolismo, preconceito e outros tópicos.




Embora seja neutro nesse papo sobre qual dos dois universo é o melhor (ambos são bons e cheio de ótimos personagens e histórias), o fato dos heróis da Marvel terem histórias mais focadas nos humanos por trás dos heróis dava uma grande vantagem sobre a DC, permitindo suas histórias focarem menos nas cenas ação e sim nos personagens em si, fortalecendo a conexão entre eles e os leitores.

De todas as histórias publicadas pela Marvel que abordam esse aspecto relacionável dos seus heróis, a minha favorita é a coleção Quadrologia das cores. Escritas por Jeph Loeb e com a arte do falecido Tim Sale (a mesma dupla responsável pelo Batman  Longo Dia das Bruxas) essas 4 histórias mostram os protagonistas recontando eventos de histórias da Era de Ouro e de Prata da Marvel, com um foco sendo dado na sua relação com um personagem específico e como essas interações tiveram efeito na vida do herói. 



Essas 4 histórias são

Homem Aranha Azul, onde temos o Peter se lembrando de suas aventuras na fase do Stan Lee e John Romita Sr, e como ele conheceu e se apaixonou pela  Gwen Stacy.





Demolidor Amarelo cujo foco é nos primeiros dias do Matt Murdock como Demolidor, quando ele ainda era um herói mais light ao invés do vigilante sombrio que conhecemos, e no romance com a Karen Page.



Hulk Cinza foca-se na origem do Hulk e a relação do monstro com a Betty Ross e o  papel dela na rivalidade entre o Hulk e o seu pai, General Ross.



Capitão América Branco é uma homenagem as histórias da Era de Ouro do Sentinela da Liberdade, com destaque sendo dado a sua relação com seu parceiro Bucky.



Mas o que torna essa coleção tão marcante e não apenas retrospectiva de histórias passadas?

 

UMA NOVA PERSPETIVA DA ERA DE PRATA DA MARVEL




Um dos motivos dessa histórias ser diferente de outras retrospectivas é a forma como essas histórias são narradas com base na perspectiva dos protagonistas. Através dos olhos dos personagens, não só os leitores testemunham os eventos de histórias passadas como também são apresentando novos eventos, todos sendo narrados pelo protagonista, dando aos leitores uma ideia mais clara do processo de pensamento e seu desenvolvimento emocional.

Seja o Peter Parker descobrindo seus sentimentos pela Gwen Stacy, o Capitão refletindo sobre o protesto da resistência francesa em aceitar ajuda de seu país ou o Bruce Banner descrevendo o Hulk e seu comportamento, tudo era mostrado de forma a fortalecer a atenção dos leitores nos heróis e seus dramas pessoais.



A forma como esses eventos são retratados, com a arte de Tim Sale recriando muito bem o estilo da época, torna a coleção uma carta de amor a era clássica da Marvel dos anos 60 e uma tremenda homenagem seus criadores como Stan Lee, Jack Kirby e John Romita Sr.


 





A ESCOLHA DAS CORES



Algumas pessoas não devem saber, mas o uso de cores ajuda a revelar muito de uma história e personagens do que uma cena com 1000 diálogos. Elas ajudam a estabelecer um tom do momento, passando uma ideia do que os personagens estão sentindo e a emoção que a história está tentando transmitir aos leitores.

Quadrologia das Cores também faz uso desse recurso, tanto em seu roteiro quanto em sua arte, com cada cor citada no título de uma das histórias representando um aspecto do personagem abordado na hq.

AZUL na hq do Aranha representa emoção de tristeza e lamento, refletindo o estado emocional de Peter no presente, ainda lidando com a perda da Gwen Stacy.

AMARELO da hq do Demolidor embora possa representar medo e covardia, aspectos não associados com o Homem sem Medo, é também uma representação do trauma de Matt após a perda de seu pai, cuja roupa de lutador também apresentava as mesma cores.

CINZA do Hulk não é apenas uma referência a cor de pele original do gigante esmeralda, como também simboliza uma ideia de neutralidade, passando diretamente a personalidade do Hulk como um personagem que não é herói ou vilão, um aspecto que se torna um tema durante a história.

BRANCO do Capitão América representa tanto a pureza do herói quanto sua visão simples do mundo que aos poucos vai sendo alterada conforme ele vai conhecendo diferentes perspectivas sobre seu país e os ideais que ele representa.

O simbolismo também pode ser identificado nas imagens do presente tendo cores bem mais escuras pouco vibrantes, passando um clima mais melancólico, ao contrário dos quadrinhos dos flashbacks, que são preenchidos com cores fortes, representando uma imagem bem nostálgica e uma variedade de emoções.







PERDA & SUPERAÇÃO




Como falei, o que define os heróis da Marvel é o fato de seu mundo ser mais próximo do “mundo que vemos através de nossa janela”. Seus heróis cometiam erros, tinham suas vidas pessoais abordadas nas hqs e lidavam com problemas com os quais os leitores conseguiam identificar.

No caso dessas 4 histórias, se trata da perda de um ente querido, com cada uma recontando histórias dos heróis como dando um foco maior na relação dele com o personagem falecido, mostrando a relação entre os dois e os momentos que passaram juntos. Esses eventos retratados mais a narração do protagonistas ajuda os leitores a terem uma nova visão sobre essas relações e, tal como os heróis, se conectar com a perda deles.



Ver esses heróis, com salvaram várias vidas, lamentando a perda de uma pessoa importante é irônico mas ao mesmo tempo trágico e demonstra como até mesmo heróis tiveram que lidar com suas próprias limitações e falhas.



No entanto, as história não são 100% depressivas, pois, através de pequenos detalhes seus finais conseguem ser impactantes e também dar um senso de esperança. Eles revelam a tragédia que os personagens passaram mas também a forma como eles lidaram com tal perda. Peter, por exemplo, perdeu a Gwen Stacy, mas a presença da Mary Jane, e a forma como ela compartilha com Peter a importância que a Gwen teve na vida dela, revela que a tragédia não o impediu de encontrar um novo amor em alguém que lhe deu suporte nesse momento difícil.



Apesar dessas perdas e as cicatrizes deixadas, os heróis não foram quebrados por elas. Eles conseguiram seguir em frente, seja na sua vida de herói ou em sua vida pessoal, sentido orgulho pela vida que tiveram e sendo capazes de valorizar essas memórias e encontrar uma nova perspectiva na vida. 

Isso é o que torna os heróis da Marvel tão relacionáveis e ao mesmo tempo tão legais e inspiradores: Seus dramas pessoais e problemas os tornam humanos e relacionáveis e forma como eles lidam com isso que os torna heroicos e inspiradores.

Por essa razão que essa coleção de “Quadrologia das cores” é uma das melhores histórias feitas pela Marvel Comics, e estão entre as minhas hqs favoritas.


Então é isso! O que acharam da ideia? Qual a opinião de vocês quanto a Quadrologia de cores da Marvel? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões nos comentários abaixo.


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