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Roteiro: Sylvain Runberg
Arte: Juzhen
Anos de publicação dos originais: 2011 (Livro I), 2012 (Livro II) e 2013 (Livro 3)
Editora: Glénat
Tradução & Créditos Do Scan: Ndrangheta & Deck'Arte
Sinopse
Fronteira norte da Europa, no Reino Escandinavo de Alstavik a ameaça está em toda parte. Centauros, inimigos mortais dos Vikings estão se preparando para atravessar a muralha que os protegeram na última invasão. Já no lado do mar, o Reino Celta dos Moh Ruith estão pressionando, enquanto Alstavik ainda é atormentado por uma Guerra Civil horrível. Porque desde a morte do rei, os seus dois filhos, Rildrig e Sigvald, lutam para sentar no trono. Mas eles devem decidir o que é mais importante: o orgulho ou a sobrevivência do reino, que no momento pode facilmente desaparecer do mapa para sempre.
Texto da Sinopse: Ndrangheta & Yugifan
Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!
Konungar, que significa Reis em Sueco, é uma história de densidade suficiente para ser vista como uma forma de batalha entre versões de uma mesma História. Temos três Reis nesta: Rildrig, de Alstavik, buscando apenas ambiciosamente o Poder Absoluto; Lug, de Moh Ruith, guiado pela sede de rapinagem e conquista; e Rehigor, dos Centauros, motivado pela vingança contra um grande crime praticado contra o povo dele ao final da antiga guerra travada contra Alstavik. Nesta, cujo Palácio Real na Capital Imperial encontra-se localizado no topo de uma das raízes de Yggdrasil, sobreviver é o que menos conta devido aos perigos elementares a ela naturais. E o mais elementar de todos os perigos é a Guerra Civil tendo de um lado os partidários de Rildrig e do outro os de Sigvald, irmãos em luta pelo Trono que injustamente foi usurpado do segundo após um duelo imposto pelo pai deles, Ragnulf, para saber qual dos dois o sucederia.
Além dos Centauros e da ameaça externa dos Celtas, juntam-se no enredo do fantástico mundo imaginado por Sylvain Runberg Trolls a serviço da Família Real; Dvergars, criaturas noturnas cegas sempre em busca de olhos humanos e com atos canibalescos; e Berserkers modelados pela Magia Rúnica dominada pelo Feiticeiro Real de Alstavik, Hilmar. A qualidade exuberante da sublime arte de Juzhen não tem limites e detalha com sagacidade única todas as características de tais grupos de personagens. Seja em cenas individuais ou de batalhas, a primordial preocupação do Roteirista e do Desenhista é fazer o leitor entrar existencialmente dentro da historia.
Pessoalmente, não escapei aqui de me transportar para cada situação, visto que a leitura de Konungar não permite distrações. Cada personagem com suas motivações revelam-se das mais diversas matizes comportamentais, de temperamento e personalidade, até mesmo os coadjuvantes ou que possuem pouco tempo dentro da obra. Falar em "tempo" dentro de uma História em Quadrinhos é sentir que a passagem das situações leva em si mesma a necessidade de uma contagem temporal inconsciente. Porque quanto mais as páginas dão a noção de passagens temporais a cada volume, mais o espaço se alarga, comprime e alarga dando uma sensação de permanente tensão eufórica dotada de imprevisibilidade.
Para o entendimento de diversos pontos da narrativa, Runberg fez uso de flashbacks, os quais não se transformaram em pontos de dispersão para o enredo. O Passado explica aqui o Futuro como uma porta aberta para o Presente, tal qual as possibilidades de diversas variáveis de situações no Ser da Runa Branca. Rildrig é um homem brutal, ambicioso, desprovido de compaixão e de duríssimo coração, que trata como um verdadeiro lixo a todos, incluindo a esposa e as duas filhas menores. Sigvald é o muito amado por parte do povo que o segue, um líder carismático, autêntico guia de multidões e perfeitamente capaz de angariar infindavelmente simpatias. A Guerra entre eles destruía o país e, se não fosse a ameaça dos Centauros e dos Celtas, os dois acabariam com tudo que Alstavik era. É Elfi, a irmã deles, testemunha das monstruosidades de Rildrig, quem consegue uni-los para a salvação do Reino. Entretanto, nem tudo é tão simples assim e as diversas reviravoltas no enredo de Konungar levam a trama para qualquer forma de clímax que se passe na mente de quem lê.
Há muita violência gráfica aqui, com lutas grandiosas recheadas de decapitações e sem estilismo rebuscado de tão reais que parecem ser. A única nota de sexual intimidade entre personagens se dá entre Rildrig e a esposa, Vanja, em algo que mais pode ser considerado um Estupro do que uma relação sexualmente saudável. Não há muita emotividade, no geral, aqui, trata-se de uma história guerreira com furores, terrores e algozes suficientes em uma mistura eficaz de barbaridade e sobriedade. Há muito, no meio de tanto sangue e violência, a ser ensinado nesta obra-prima, se as entrelinhas forem corretamente lidas.
Sabendo iniciar-se, conduzir-se e finalizar-se com dignidade, coerência e sentido, Konungar é recomendável aos amantes do tema que nele explora-se com transcendente eficiência em Roteiro e Arte. Uma marca típica dos Grandes Quadrinhos Mundiais que não necessitam de arcos quase infindáveis para contarem um excelente conto guerreiro de fúria, chamas e aço.
Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores!
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