Do Escoamento A Partir De Nietzsche



Ensaio originalmente publicado em 

O Mundo Inominável 

aos 22/11/2016


  

“Excelsior! 'Nunca mais rezarás, nunca mais adorarás, nunca mais te repousarás numa confiança ilimitada, hás-de proibir deter-te diante de uma suprema safeza, uma suprema bondade, uma suprema força, e libertares os teus pensamentos; não terás guarda nem amigo para a tua sétupla solidão; viverás sem uma saída nesta montanha que tem neve na cabeça, fogo no coração; deixará de haver para ti recompensador ou supremo corretor; deixará de haver razão naquilo que se passará, deixará de haver amor naquilo que te acontecerá; o teu coração não verá mais nenhum asilo onde se encontra tudo sem nada procurar; defender-te-às contra a paz definitiva, quererás o eterno retorno da guerra e da paz; homem da renúncia, quererás tu renunciar-te em tudo isso? Quem te dará a força? Ainda ninguém a teve!’

Houve um lago que um dia se proibiu de escoar e que levantou um dique no ponto por onde o tinha feito até então: desde esse dia as águas pararam de subir.

Talvez seja pelas nossas renúncias, que chegaremos, nós também, a suportar a renúncia; talvez o homem não deixe de se elevar no dia em que deixar de se escoar em Deus.” 

Friedrich Wilhelm Nietzsche

       

Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!

Escoamento significa “ato ou efeito de transvazar um líquido”; mais precisamente, utilizando o termo preferido por Nietzsche, escoar é “fazer correr (um líquido ou um corpo que possa correr como os líquidos) de uma vasilha, de modo que as fezes, bôrras ou sedimentos fiquem no fundo”. A Humanidade escoa não apenas em sua busca incorreta por um Deus já por ela moldado; por tudo construído para a vida social, dos sistemas de vida aos valores, os homens escoam as suas fracas visões e versões do mundo no qual vivem sem saberem o que é o mais verdadeiro menor sentido básico do viver. Mesmo as fezes do ser retidas no fundo do canal de escoamento purificador do ser continuam no âmago do ser; as bôrras do ser retidas no fundo do canal de escoamento do ser continuam no âmago do ser; a grande desgraça do ser é a continuidade desgraçada do ser de não sentir-se contaminado pelas suas próprias excrescências existenciais. O eterno escoar, seja ético ou moral, religioso ou político, idealístico ou anti-idealístico, do ser, no ciclo humano do eterno retorno do mesmo visto pelas gerações anteriores, torna a existência humana um eterno não-evoluir. O escoamento é contínuo e cada voz erguida por cada canal dele é o sinal claro da pútrida visão interior humana. Qual voz, dentre nós, entes-pensantes-que-somos-filhos-do-escoar, foi erguida fora do eterno escoar? Uma indagação como esta apresenta-se isenta do eterno escoar? Todas as indagações e as respostas destas investigações estão livres do eterno escoar?

Dai um lago a um homem e ele o trata com esmero. Dai mil lagos a dez homens e apenas um homem dentre eles cuidaria de todos eles com esmero. Dai inumeráveis lagos a mil homens e nenhum deles cuidaria detidamente dos tais inumeráveis lagos porque dois homens são os ocupados únicos de tal tarefa. Eis um grande painel do grande mundo humano, no qual poucos cuidam do não-escoar dos lagos que são a órbita terrestre eternamente girante. Poucos põem diques em um movimento do mundo; muitos deixam-se escoar por muitos movimentos: é o que Nietzsche responderia se lhe fosse perguntado se no mundo não há homens que não deixam-se escoar em algo constituído como eterna limitação de seus crescimentos. A maioria da Humanidade escoa pelos modos moralmente previsíveis que densamente constituem a sua monótona atitude de sempre estar contente com a própria mediocridade. O medíocre é fruto da moralidade, de uma ética escoante pelo falso monumento da fluidez livre do pensar humano pelas vielas morais. Aos entes-pensantes-filhos-da-mediocridade-filha-da-moralidade, o correr dos anos, os anos como correntes totais que os escravizam como medíocres, são belos, incutidos de bela plena felicidade. Todos eles a escoarem e a infectarem a tudo que uma minoria tenta colher de bom.

Compreende este filósofo que o além-do-homem de Nietzsche, o profetizado Homo Sapiens Superior, nascerá da minoria que colhe o bom de um mundo considerado “moralmente bom”. O bom que o pequeno germinar do além-do-homem protege não é o “bom” considerado pelos “bons” que ruminam a sua “bondade” pelos “bons” campos sociais que dominam. O bom do pré-além-do-homem é o não-ser “bom” como moralmente aceito, não-ser “bom” no sentido de oposição ao considerado “mau”. O bom do pré-além-do-homem é o de uma superação do “bom” e do “mau”, uma energia de verdadeira vontade de poder direcionada ao não-tentar ser ou valorar, mas verdadeiramente SER O SER e SER O VALOR. O pré-além-do-homem é um indivíduo destacado do comum dos homens, não apegado aos valores morais, aos valores éticos, aos afetos diversos, ao conflito entre o que deve ser e não-ser. O pré-além-do-homem encontra-se no indivíduo além da moral, da ética, dos afetos, livre da corrompida sociedade seguidora do ciclo brotante de correntes escravizadoras. O pré-além-do-homem é já o além-do-homem, preparado para o PÓS-ALÉM-DO-HOMEM em um dia futuro no qual até o fantasma chamado de “Deus” será superado por um ALGO que não possuirá um nome. O PÓS-ALÉM-DO-HOMEM, O HOMEM MAIOR DO QUE SI MESMO, CONHECERÁ O VERDADEIRO HOMEM E AQUILO SEM NOME QUE É A ORIGEM PRIMEIRA DE TUDO CONHECIDO PELO HOMEM EM TODA A SUA ÁRDUA TRAJETÓRIA!

O pré-além-do-homem, o além-do-homem e o pós-além-do-homem não é aquilo o que Adolf Hitler institucionalizou em sua esquizofrênica ideologia do destino superior da sua fabricada “Raça Ariana”. O “fundador espiritual” do Terceiro Reich, denominação dada pelos próprios nazistas ao verdadeiro principal incentivador do fortalecimento de sua fraca doutrina de superioridade racial, foi o enigmático autor inglês Houston Steward Chamberlain. Este quase desconhecido autor de obras sobre Biologia, Botânica, Belas-Artes, Música, Filosofia, Biografia, Raça e História, concentrou-se nestas duas últimas matérias, exaltando a superioridade alemã como povo e como Estado. Através de livros sobre Richard Wagner, Johann Wolfgang von Goethe, Immanuel Kant, o Cristianismo e Raça,  H. S. Chamberlain elevou as suas teorias de superioridade racial germânica a tão elevado nível que pôde ser exatamente considerado como o pai do Nacional-Socialismo, ou Nazismo. Da filosofia de Nietzsche, Hitler retirou a teoria do além-do-homem, crendo que este surgiria da Germânia, do povo germânico unicamente, erroneamente. Muitos críticos, por muitos anos, acharam que Nietzsche também fora um dos precursores intelectuais do Nazismo; e outros, que mal interpretam cada uma de suas palavras continuarão a vê-lo como um incentivador do nascimento de Mein Kampf , a denominada Bíblia do Nazismo, pela “intelectualidade superior” de Hitler. H. S. Chamberlain é esquecido, está esquecido, parece que jamais existiu e foi inventado como o Nazismo; Nietzsche, visto muito hoje como um filósofo “pop” em “moda”, como se ele estivesse escrito os seus livros para que fosse venerado como “o maior filósofo que já filosofou na Terra”, é analisado pela sua positividade latente e posto em algumas negatividades irreais que jamais permearam toda a sua obra da maneira errada, da forma errada. Alguns ainda crêem que Nietzsche alimentou Hitler; mas, o VERDADEIRO NIETZSCHE jamais disse isto em qualquer um dos seus revolucionários livros:


“Nós, alemães, devemos, como membros da mais pura de todas as raças, a elite suprema imperatriz de toda a raça de sangue germânico, guiarmo-nos valente e incessantemente através de uma cruzada pela purificação total do mundo! Devemos exterminar, como inferiores que são, como imerecedoras do solo que pisam, o solo que é digno de pés como os pés germânicos, pés superiores de desbravadores, pés superiores de conquistadores, todas as demais raças do mundo, raças impuras que merecem sentir a nossa pureza superior lançando-as abaixo de todo solo deste mundo! Devemos impor, pela nossa pureza racial, pela nossa glória de termos o sangue incontaminado pelas degeneradas gotas de qualquer sangue inferior, os ideais germânicos àqueles que selecionaremos, que forem puros como nós, para conosco eternamente dirigirem o mundo! Povo alemão, superior a todo povo do mundo, povo todo escolhido pela sua própria magnitude para ter o mundo todo como seu, derramemos o sangue impuro presente em cada pedaço de solo que é de nosso eterno direito possuir e construamos um eterno império glorioso que honre a nossa gloriosa raça que deve ser única e eterna senhora do mundo, senhora de todos os destinos do mundo! Comecemos derramando o maldito sangue judaico, o sangue mais impuro e indigno da face da Terra, um sangue impuro que devemos varrer de cada solo que nosso deve ser, um sangue de malditos usurários que indignificam todos os solos nos quais pisam! Que a aberração judaica, toda formadora de fracos homens e submissas mulheres que são a escória imunda mais desprezível do mundo, desapareça para que o mundo todo nosso seja decente e digno! Que a praga judaica, com os seus vermes barbudos circuncisados e as suas fêmeas prostitutas malignamente sedutoras, queime no fogo purificador germânico iniciador da nossa marcha conquistadora do mundo que devemos erguer soberanamente! Que a maldita peregrina Estrela De Davi seja incinerada junto com os ossos do último judeu maldito ou da última judia maldita que exterminaremos nos campos sagrados da purificação que cobrirão todo o mundo! Que os filhos malditos de Judá sofram todas as dores conhecidas e desconhecidas por serem os mais odiados de todos os seres inferiores que sujam todos os solos do mundo! Que toda raça inferior caia como a maior das raças inferiores, a maldita raça judaica, vai cair pelas mãos puras de fogo purificador nossas, alemães! Que toda raça inferior sinta a superioridade germânica, alemães! Somos uma raça toda pura, alemães! Nosso destino é sermos a raça definitiva, alemães! Nosso destino é sermos uma Nova Humanidade, alemães! Em nosso sangue puro correm as sementes do além-do-homem, alemães! Somos o além-do-homem, alemães! O mundo é nosso, alemães! O futuro é alemão, alemães!” 


Hitler, em sua esquizofrenia pura, auxiliado por outros esquizofrênicos, leu nos livros de Nietzsche as palavras acima. Sim, ele, em sua esquizofrenia, imaginou que para melhor ampliar a sua doutrina seria necessário exaltar a raça germânica através de um dos grandes homens que foram alemães. H. S. Chamberlain não era alemão; ele era austríaco; por que não utilizar Friedrich Wilhelm Nietzsche, um alemão puro, um exemplo da “superioridade germânica” que ele visualizava, como, pelo menos, um contribuinte teórico para o crescimento do Nazismo? Por que não incutir nos alemães a suposição de que eles estavam predestinados a serem o além-do-homem teorizado pelo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche? Por que não incentivar os alemães a lutarem pela sua realização como o além-do-homem do alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche? Por que não transformar o além-do-homem do alemão Friedrich Nietzsche no além-do-homem do austríaco Adolf Hitler, um além-do-homem MISCIGENADO com as teorias de superioridade racial do inglês  H. S. Chamberlain; um além-do-homem que o austríaco Adolf Hitler fez questão de defender como exclusivamente produzido a parir da “raça pura” germânica que possuía como principais representantes os alemães? E quais os exemplos de tipos de além-do-homem hitlerista alemães, não nietzscheanos, produzidos por tal manipulação da filosofia do alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche? Amon Goeth, Hermann Göring, Rudolf Hess, Erwin Rommel, Joachim von Ribbentrop, Joseph Menguele, Kurt Student, Konrad Henlein, Karl Hermann Frank, Wilhelm Frick e todos os esquizofrênicos homens e mulheres “superiores” que seguiram o esquizofrênico maior que foi Hitler... 

Imaginemos Nietzsche no além-mundo observando aquilo tudo que foi a trajetória de Hitler e de seus seguidores. Do alto de uma eterna-montanha-mais-alta-do-que-todas-as-montanhas, o todo sereno observador Nietzsche diria: 

“Quando um louco toma posse do poder, acho que até o Deus que desconheço chora. Esse Hitler é a pior das piadas já contadas e ainda quer construir um Reich de mil anos! E os alemães que o seguem são mais loucos ainda! Alemanha, tu enlouquecestes a ponto de creres na loucura desse louco que deverias acorrentar e lançar no Danúbio? Alemanha, tu cairás junto com ele! Quisera eu que todos os exemplares dos meus livros tivessem sido perdidos em um grande incêndio do que ver todas as minhas palavras vomitadas por esse imbecil alucinado!” 

Retornando a esta realidade, podemos historicamente ver que a destruição de todos os verdadeiros sentidos das palavras de Nietzsche findou-se na relampejante queda total do Terceiro Reich. Hitler escoou o seu ódio e ressentimentos pessoais através de uma ideologia que a força do eterno evoluir do mundo demonstra ser uma piada superior de muito mau-gosto como ele foi. O além-do-homem hitlerista, os asseclas esquizofrênicos de uma grande esquizofrenia individual que tornou-se coletiva, foi dado ao mundo natimorto. Atualmente alguns outros esquizofrênicos veneram Hitler como um “grande homem” e seguem a esquizofrenia contemporânea chamada de Neonazismo. O que tu dizes, Nietzsche, do alto de uma eterna-montanha-mais-alta-do-que-todas-as-montanhas? Os hospícios do mundo terreno atual necessitam de novos pacientes... Parece-me que a esquizofrenia e a imbecilidade do mais-ridículo-de-todos-os-homens que foi Adolf Hitler fundou uma religião de verdadeiros animais irracionais. Vejo tantos filhotes de Hitler! Vejo tantos iludidos escoando-se em Hitler!
       
Crimes foram cometidos por causa de diversas más interpretações de diversas doutrinas de diversos outros pensadores. A fúria de Hitler, em sua sede de louco poder conquistador de um mundo que acreditava ser-lhe destinado, foi ao cúmulo de deturpar o pensamento de Nietzsche. O escoamento das frustrações e decepções de um único homem fez com que o mundo cresse que foram as palavras de Nietzsche as incentivadoras da grande imbecilidade que foi o Terceiro Reich, que é o Nazismo, que é o Neonazismo. Jamais o além-do-homem foi idealizado por Nietzsche apenas como um ente superior nascido unicamente de uma única raça. O além-do-homem possui germes em todas as raças, advirá de uma elevação em conjunto de toda a Humanidade no Grande Dia Do Amanhã. Este Dia é crido por este filósofo que filosofa acerca do pensamento de um dos seus mais altos antecessores, que foi um filósofo visionário, um homem que via o Homem ultrapassar a si mesmo existencialmente. O Homem não necessariamente deve ceder à crença na imagem fantasmagórica de doutrinas como a nazista e a de um Deus por ele crido como um belo pai próximo. O Homem, ente divino que se desconhece por crer da forma errada em um “Ente Absoluto” desconhecido, deve ser um grande dançarino do som evolutivo das eras. O Homem deve dar como mortos em suas funcionalidades a moral, a ética, a sociedade as religiões e o “Deus” de barro que moldou para envolver-se na grande dança da evolução de todas as coisas que rodeiam-no.
       
Por enquanto, neste mundo demasiadamente a escoar em limitações de todo e qualquer desenvolvimento, sobrevive a fraqueza da crença de que ser fraco é estar vivente em uma civilização cada vez mais desgraçadamente pobre e miserável. Se fossemos entes acima dos “modos civilizados” de vida atual, dotados do caráter evolucionário do afirmar a vida ilimitadamente, nenhum outro Hitler ergueria a sua voz embargada pelos excrementos que o escoamento não retirou dele e proclamaria uma “cruzada purificadora de transformação do mundo”. Nós-todos-cadáveres-próprios-do-mundo-valorador, filhos diletos do malignamente verdadeiro valor do verdadeiro mal de sermos tão maus cadáveres, moldamos Hitler assim como moldamos Deus. Se pelo menos a nossa cadavérica existência não forjasse lesões existenciais tão nocivas e vivêssemos a fechar cada lesão com atos libertários do nascer das lesões, estaríamos já existentes no verdadeiro além-do-homem. O escoamento das lesões continuarão gerando Hitlers cada vez mais aprimorados; e o pai-de-todos-nós-cadáveres, “Deus”, continuará nascendo de novas lesões através do escoamento de diversas outras lesões.
       
A franqueza de Nietzsche ao diagnosticar a origem de tais lesões apresenta-se completamente em seus livros. Faixas são postas, moralmente, no que é leso socialmente, tudo é mascarado para ser visto como fluentemente normal. Mares de rosas são escoados e os “bons” homens “bons”, os “guias” das multidões, políticos e lideres religiosos, dizem que o “progresso humano” está ocorrendo. Alta tecnologia ao lado de indivíduos miseráveis passando fome; indústrias sofisticadas administradas por abastados “bons” senhores “bons” ao lados de pais de família desempregados nos paises menos privilegiados; os ditos “famosos”, os “célebres” astros da “cultura “ de latrina contemporânea, desfilando a sua arrogância e vazio pelos meios de comunicação enquanto os que podem falar de coisas verdadeiras e úteis não possuem nenhuma oportunidade de efetuarem tal feito; o caos religioso alimentando esperanças falsas de felicidade em um mundo absorto em total desgraça nos fiéis mais caóticos e cegados em sua razão; a criminalidade instituída pelo descaso dos Estados Nacionais com os direitos essenciais de seus cidadãos desprovidas de grandes condições de autosustentação, os quais são os mais aliciados pelos criminosos que ocultam-se entre os cidadãos que integram a chamada “elite”; o planeta provavelmente caminhando para um terceiro conflito mundial devido à velha disputa entre o Ocidente e o Oriente: palmas para o progresso, viva o progresso, como a Humanidade está bem com todo o progresso, amemos o progresso!
       
A montagem do mundo demasiado humano é essa. Tudo é escoamento, nenhum ente humano possui o poder vantajoso do não-escoar. Os filósofos, como Nietzsche, pelo menos aproximam-se do não-escoar; este filósofo aqui a estudar Nietzsche pelo menos aproxima-se do não-escoar. Quando ele discorre acerca da fé em si próprio que um ente humano, dentre poucos, possui, aborda a temática de que talvez, escoando nessa fé, uma fé fabricada pela fraqueza do escoamento, seja um mero infeliz. O que Nietzsche pretende é dizer que nada devemos anunciar como nosso fortalecedor motivo de viver; que a fé verdadeira, a fé dos fortes, é fazer-se a força da fé e não buscar, escoando-se, fé na força que sempre falta em algo moldado para servir de alentador e acalentador do espírito. É ao homem forte que a fé merece chamar-se fé e não ao homem fraco cuja fé é liquidez de internas fraquezas escoantes por um espírito acostumado a ser fraco. A humana-posse-do-poder-verdadeiro é o da força, A FORÇA VERDADEIRA DO SER, que pode ser medida tanto quanto o peso de todas as montanhas de todos os mundos. VERDADEIRAMENTE FORTE é o ente humano que aniquilou todo o seu escoamento em si mesmo ou em algo externamente idealizado.
       
Renúncia! Renúncia! Renúncia! RENÚNCIA: aqui a porta da verdadeira felicidade eterna do espírito! RENÚNCIA: aqui a porta das portas de verdadeiro Éden perdido pelo espírito que somente procura Geena! RENÚNCIA: aqui a porta do verdadeiro Olimpo perdido pelo espírito! Renunciando aos falsos emblemas da civilização, as imagens e os fantasmas moldados pelos humanos, seremos novamente inocentes como anjos não-caídos do céu de nossas verdadeiras metas existenciais! Renunciando à monotonia da Desgraça Contemporânea, seremos novamente inocentes como verdadeiros Adões e Evas antes de verem-se nus em um Universo que tudo oculta para desnudar apenas o que é necessário! Renunciando à desgraça humana do escoamento teremos O Conhecimento Absoluto Do Bem E Do Mal como deuses olímpicos do nosso Olimpo de desenvolvimentos verdadeiros e comeremos-maças-além-de-todas-as-maças-já-saboreadas!

Zaratustra somos buscando a Sabedoria Eterna Verdadeira, Nietzsche disto sabia; e sabia igualmente que essa dádiva além-do-humano-dado apenas é alcançada renunciando-se a todas as ignorantes faces do mundo construído por entes limitados. Contudo, apenas pensar na Sabedoria Eterna Verdadeira é já ser um verdadeiro sábio verdadeiro.
       
Respondeis, Humanidade, a esta indagação de um indagador desconhecido que reside na consciência desconhecida de um certo desconhecido denominado Homem: quereis anunciar eternas boas-novas a si mesma renunciando às atuais efêmeras boas-novas ou quereis continuar escoando-se em tua própria eterna desgraça eterna? Renúncia ou escoamento? Escoamento ou renúncia? Demasiado humano ou além-do-homem? Além-do-homem ou demasiado humano? Hitler ou Zaratustra? Zaratustra ou Hitler? Eternamente humano comum ou pós-além-do-homem? Pós-além-do-homem ou eternamente humano comum? 

Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores!


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