Crítica: Jumanji: Próxima Fase


Jumanji: Próxima Fase
por Joba Tridente
publicado originalmente no Claque ou Claquete*

Há 25 anos o alucinante jogo de tabuleiro Jumanji saía diretamente das páginas do livro infantil homônimo de Chris Van Allburg para as telonas. Jumanji (1995), estrelado por Robin Willians e dirigido por Joe Johnston, que teve um lucro de aproximadamente US$ 200 milhões, agradou ao público, mas não à crítica. Em 2005 foi a vez do jogo Zathura: Uma Aventura Espacial, também baseado em livro infantil homônimo de Chris Van Allburg, alçar voo ao infinito e além. Zathura, estrelado por Jonah Bobo e dirigido por John Favreau, até que agradou aos críticos e ao público, mas não foi páreo para Harry Potter e o Cálice de Fogo..., e fracassou. Três anos atrás, Jumanji: Bem-Vindo à Selva, versão “atualizada” (ou “sequela”) de Jumanji (livro e filme), que deixou de ser um jogo de tabuleiro para virar videogame de cartuxo, chegou aos cinemas dividindo a crítica e caindo no gosto dos espectadores. A comédia de ação e aventura, dirigida por Jake Kasdan e estrelada, por Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart..., arrebentou a boca do balão ao arrecadar US$ 961 milhões. Bem, se a releitura de Jumanji deu tão certo, o que fazer agora? Francamente?! Franquia!


Jumanji: Próxima Fase (Jumanji: The Next Level, 2019), dirigido por Jake Kasdan, que desta vez colaborou com o roteiro de Jeff Pinkner e Scott Rosenberg, realmente muda de fase, mas varia pouco, para não afastar o jogador tradicional, digo, o espectador ocasional. A aventura começa com os universitários Spencer (Alex Wolff), Martha (Morgan Turner), Bethany (Madison Iseman) e Fridge (Ser'Darius Blain) marcando um encontro em Brantford. Spencer, que estuda na NYU e anda com a autoestima baixa, é o menos empolgado. Assim, ao voltar pra casa, prefere mexer no aparelho quebrado do jogo Jumanji e (óbvio!) desaparece. Os três amigos tentam ir ao seu encalço, mas, como nem mesmo consertado o velho jogo é confiável, antes que se deem conta, Fridge e Martha são sugados para o videogame, levando com eles Eddie (Danny DeVito), o avô de Spencer, que está se recuperando de uma cirurgia no quadril, e Milo (Danny Glover), ex-sócio de Eddie..., deixando Bethany para trás. Daí, como a incorporação dos avatares anda cada vez mais aleatória no Universo Jumanji: o debilitado Eddie vira o corpulento arqueólogo Dr. Smolder Bravestone (Dwayne Johnson); o idoso tranquilo de fala lenta Milo é o inquieto mochileiro das armas Mouse Finbar (Kevin Hart); o grandalhão Fridge se vê na pele do gorducho cartógrafo Shelly Oberon (Jack Black); Martha volta a ser a sensual lutadora Ruby Roundhouse (Karen Gillan) e é quem tenta explicar aos desnorteados velhotes Eddie e Milo onde estão e como funciona o jogo e as três vida a que cada jogador tem direito. Quanto a Bethany, ela vai aparecer por lá, num avatar surpreendente e na companhia do aviador Alex (Nick Jonas). Já o paradeiro de Spencer com seu avatar, o público só vai saber quando encontrar a ladra e especialista em artes marciais Ming (Awkwafina). Ah, vale dizer que, em Jumanji, nem todo avatar é o que parece e, nesta fase, nada impede dele trocar de jogador, causando ainda mais confusão de personalidade e de sexualidade no troca-troca...


Embora a fase seja nova, o assunto é antigo: desequilíbrio climático no reino da fantasia. Na verdade, o tema batido, além de ser o que menos importa é mais uma desculpa para a ação desenfreada. Agora, passando por diversos cenários (floresta, deserto, montanhas), além de enfrentar bandos de avestruzes, de mandris e de bandidos sanguinários, os jogadores precisam capturar a Joia Preciosa que Jurgan, o Brutal (Rory McCann) roubou dos nativos, e devolvê-la, evitando um grande desastre ecológico. Os obstáculos são muitos, mas os jogadores heroicos estão dispostos a tudo para voltarem pra casa..., ou morrer tentando.


Enfim, por conta de um roteiro infantojuvenil básico, um tanto quanto previsível e que não dá trabalho algum ao Tico e Teco em letargia de férias, não há muito que escrever sobre o enredo Jumanji: Próxima Fase sem cometer algum spoiler (que talvez já tenha até sido exposto no trailer, que não assisti). Ação e aventura não faltam, tampouco momentos sentimentais para os personagens refletirem sobre desavenças passadas, romances fugidios, vaidades e amizades. Já o humor me pareceu bem frouxo. O que não quer dizer que não tenha lá seus momentos pastelão, escatológico e trocadilhos (estranhos) bem ao gosto norte-americano e do público mais jovem e ou de quem nunca tenha ouvido tais piadas ou gags. Todo elenco responde bem aos seus papéis duplos e parece se divertir com a brincadeira de voltar a ser criança.


Tecnicamente, Jumanji: Próxima Fase é interessante, desde que você se lembre que está assistindo a uma comédia que se passa nas entranhas de um antigo videogame de cartuxo e que, portanto, a resolução gráfica da imagem e dos efeitos especiais acompanha o estilo e o período do jogo. Com sua trama de poucas surpresas, mas cheio de boas intenções, na direção e fotografia, é um passatempo que não faz mal a espectador adolescente algum. Mas é preciso se cuidar para não se engasgar com a pipoca ou com o refrigerante nas sequências de ação desenfreada. Assim, personagens e público podem escapar ilesos (ou quase) de mais uma aventura mirabolante que, pelo que indica a cena entre créditos, deve continuar acelerada num possível próximo filme..., para resolver uma certa bagunça iniciada lá no Jumanji de 1995. Ou será que não?!


Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeos-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado em Curitiba, no Paraná, Brasil.
*  No Claque ou Claquete você encontra muitas resenhas atuais e antigas!



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