Retrospectiva das melhores histórias do Homem Aranha (anos 2000)

 

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A palavra-chave que melhor descreve as histórias do Homem Aranha, e da Marvel Comics em geral no início do novo milênio é reinvenção.

No contexto da época, a Marvel tinha sido levada a falência na metade dos anos 90, tendo tido que vender os direitos de vários de seus personagens para conseguir se sustentar. Suas hqs não estavam vendendo bem, sendo necessária novas táticas de venda e novos autores para reviver o interesse dos fãs. 

Foi nesse período de recuperação que surgiram linhas como o Marvel Knights e o universo Ultimate, assim como a entrada de novos autores, como Mark Waid no Quarteto Fantástico, Warren Ellis no Homem de Ferro e Ed Brubaker no Capitão América, e vários outros que reintrodução personagens para uma nova geração de fãs, ao mesmo tempo levando suas histórias por novas e inesperadas direções.





No caso do Homem Aranha, maioria de suas histórias foram assumidas pelo J.Michael Straczynski. Na época conhecido por seu trabalho em séries de TV, JMS foi responsável por uma fase cheia de reformulações na história do Aranha, algumas boas, outras ruins (embora não por culpa dele) e umas questionáveis, mas que contribuíram para algumas histórias bem cativantes do personagem.



Mas o crédito não vai só pra JMS, visto que tiveram outros autores, como Paul Jenkins e, principalmente Brian Michael Bendis, que também contribuiriam para o legado do jovem aracnídeo nessa época.

Portanto, sem mais delonga, vamos continuar a retrospectiva falando das melhores histórias do Aranha nesse período.

 

 

Uma morte na família (Peter Parker: Spider Man nº25, 44 a 47)



Em quadrinhos é difícil levar morte a sério. Dependendo do autor e editores, qualquer personagem pode retornar a vida de diferentes formas.

No caso das histórias do Homem Aranha, um personagem a ter um surpreendente retorno dos mortos foi Norman Osborn. Esse evento aconteceu no final dos anos 90, onde o Duende Verde original se revelou ser a mente por trás da Saga Clone.

Com Norman reestabelecendo no mundo do Aranha, uma dúvida surgiu entre algumas pessoas: Norman Osborn voltou...e agora? Que histórias poderiam ser contadas com um personagem que esteve ausente por duas décadas?

Uma resposta foi o “Uma morte na família” (Sim, Homem Aranha tem duas histórias com mesmo título). Escrito por Paul Jenkins, nesse arco, Norman decide tornar Peter Parker seu herdeiro, julgando que o rapaz deveria ter sido seu filho no lugar de Harry.

Quando Peter, naturalmente, se recusa a aceitar a oferta, Norman ameaça todas as pessoas que Peter. Sua primeira vítima é Flash Thompson, que Norman tortura e o faz ter um acidente de caminhão, fazendo o jovem parar no hospital. Esse ataque, leva Peter a confrontar Osborn.

Com exceção da arte, esse arco é um dos melhores confrontos do Peter com Norman, com o roteiro capturando a dinâmica dos dois e ódio que um sente pelo outro. No entanto, Jenkins também torna a dinâmica bem complexa, com o momento mais icônico sendo quando Peter e Norman, após mais uma batalha intensa, conversam, com o herói se abrindo contando a dor que ele lhe causou ao matar a Gwen e como isso influenciou a forma como Peter vê Norman. É irônico como dois personagens que se odeiam o são capazes de entender um ao outro.

 

Flores para um Rhino (Spider Man Tangled Web nº5 e 6)



Dos vilões do Aranha, o que mais sofre derrotas humilhantes é o Rino. Não importa o quão forte e resistente ele seja, o Aranha sempre consegue lhe passar a perna e faze-lo de bobo.

Em alguns casos, isso pode tornar Rino um alívio cômico genérico. Apenas um saco de pancadas para o herói derrotar. No entanto “Flores para um Rhino” revela um lado bem mais sensível do vilão e o quão machucado ele está pelas palavras das pessoas.

Cansado de sofrer humilhações nas mãos do Aranha e ser alvo de zombarias do público, Rino toma uma decisão drástica e contrata um cientista para fazer uma cirugia em seu cérebro, fazendo com que ele ganhe grande inteligência.

Sendo agora um gênio, a vida de Rino começa a melhorar: Ele se torna um chefe do crime, o submundo o respeita, está num relacionamento com a filha de um mafioso e até derrota o Homem Aranha numa luta.

Porém as conquistas de Rino logo se tornam uma perda quando sua inteligência o faz se torna esnobe e desconectado, levando ao fim de seu romance e a volta de sua depressão, com Rino tendo que escolher entre manter sua inteligência ou voltar a ser o grandalhão que ele era.

É uma clássica história sobre ter cuidado com o que deseja porém uma com um roteiro que humaniza o Rino, tornando um vilão cômico em um dos antagonistas mais relacionáveis do Aranha, algo que viria a ser explorado mais a fundo em futuras histórias.

Aberto a noite toda (Spider Man Tangled Web nº11)





Quem acompanha meus textos sabe que um dos meus escritores/artistas favoritos é o falecido Darwyn Cooke. Ele pode ser mais conhecido por seus trabalhos na DC, como Nova Fronteira e sua fase na Mulher Gato. Mas, ele também foi responsável por “Aberto a noite toda”, uma história bem subestimada do amigo da vizinhança.

Nessa pequena história, o Homem Aranha, durante uma luta contra o Abutre, acaba sendo nocauteado e fica desmaiado por um bom tempo. Bem no estilo das histórias do Aranha, isso acontece justo no dia em que Peter marcou, acidentalmente, um encontro com duas colegas do Clarim Diário no mesmo local.

Como um clássico seriado de comédia, esse quadrinho é cheio de momentos engraçados, focados no elenco de apoio do Aranha, principalmente do Clarim Diário, dando muito mais personalidade para o local de trabalho do Peter e as pessoas com quem ele interage.

Sem dar spoiler, a forma como a história termina demonstra como a vida do Peter pode ter reviravoltas inesperadas, até mesmo para os fãs de longa data.

De volta ao lar (Amazing Spider Man vol.2 nº30 a 35)



Como roteirista do Homem Aranha, J.Michael Straczynski é julgado de forma bem divisiva entre os fãs, com alguns criticando devido ao seu envolvimento nas piores histórias do personagem, como Pecados Pretéritos e “Um dia a mais”.

No entanto é importante reconhecer que JMS foi responsável por histórias boas do personagem durante a primeira metade dos anos 2000.

Um dos primeiros exemplos, apropriadamente, foi seu primeiro arco “De volta ao lar”. Nessa história de 5 partes, Peter começa uma nova carreira como professor do colégio Midtown, o mesmo que ele frequentou.

No entanto, como sempre, seus planos acabam sofrendo uma interferência de sua vida heroica quando Peter conhece Ezekiel, um velho com poderes similares aos dele. Durante uma conversa, Ezekiel revela para o Peter que seus poderes de Aranha não são de origem científica como ele pensava. Eles possuem uma ligação com totens místicos de animais.

Devido a essa conexão, a presença de Peter em Nova York acaba atraindo a atenção de Morlun, um “vampiro místico” que se alimenta daqueles que possuem poderes desses totens. Para piorar as coisas, Peter, ao tentar confrontar Morlun acaba sendo tocado, permitindo o vilão conseguir localiza-lo onde quer que vá, deixando-o sem opção exceto enfrentar esse vilão em uma de suas lutas mais mortais de todas.

Mudar os poderes do Peter para algo ligado a misticismo foi uma decisão bem criticada pelos fãs. Embora eu entenda essa reação, não vejo que isso seja algo ruim por 4 motivos

1) Serve como justificativa para Morlun vir atrás do Aranha.

2) Esse poder de totens é tratado mais como uma fonte de energia que indivíduos específicos possuem (bem similar a personagens como Monstro do Pântano e Hera Venenosa serem conectados ao Verde na DC).

3) Personagens como Batman e Demolidor são heróis urbanos, e tem elementos místicos, como o Tentáculo e Ra’s Al Ghul, logo por que o Homem Aranha não pode ter o mesmo?

4) Como dito pelo próprio Peter na história, essa conexão não muda quem ele é e os eventos que o moldaram no herói que ele é atualmente.

Com isso em mente, o arco vira uma leitura bem agradável, que coloca o Homem Aranha numa aventura intensa, sem perder foco do drama humano que tornou o personagem tão amado pelos fãs. Isso é perfeitamente demonstrado num momento onde Peter, durante sua luta contra Morlun, faz uma ligação para sua tia, dizendo pra ela o que ele acha que serão suas últimas palavras.

Tem também uma boa sub-trama do Peter se tornando professor na escola Midtown e tentando ajudar alunos passando por crises similares a dele na adolescência, refletindo como algumas coisas na vida mudam, mas permanecem o mesmo.

A conversa (Amazing Spider Man vol.2 nº38)



Isso pode ser impopular, mas eu não sou um grande fã da Tia May nas histórias clássicas. Ela era apenas um esteriotipo de velhinha frágil, um plot-device pra deixar o Peter preocupado, com todo drama sendo muito forçado.

Foi a partir dos anos 90 que escritores começaram a evoluir Tia May, representando-a como uma figura materna mais ativa e importante para o Peter. Porém, JMS foi o responsável por dar o maior passo na evolução da Tia May, com ela, no final de “De volta ao Lar”, descobrindo que seu sobrinho é o Homem Aranha.

“A conversa” é o epilogo desse momento, com May visitando Peter e questionando sobre o motivo dele ter escondido esse segredo.

Toda história não tem cenas de ação e pancadaria como no arco anterior, porém tem interação significativa com Peter e May se abrindo, revelando como a perda do Tio Ben teve um efeito em ambos e May passando a aceitar a escolha de seu sobrinho em ser um herói.

Considerando como identidades secretas são algo que é pouco explorado em filmes e hqs ou não tratado com tanta importância, “A conversa” prova como esse conceito tem potencial para criar momentos bem marcantes e cheios de emoção entre personagens.

Feliz aniversário (Amazing Spider man vol 2 57 e 58 e Amazing Spider Man vol.1 nº500





O ano 2003 foi importante pro Homem Aranha, visto que foi o aniversário de 40 anos que lançou a hq Amazing Spider Man. 

Para celebrar essa data importante, JMS dedicou um arco inteiro mostrando o Homem Aranha se unindo a outros heróis da Marvel para ajudar o Doutor Estranho a impedir uma invasão do Dormammu e a dimensão das trevas. 

Numa reviravolta, o Aranha acaba, acidentalmente, sendo pego pelo feitiço de banimento do Strange e é enviado para o passado, tendo que passar por várias de suas batalhas até voltar ao presente.

Esse arco é uma carta de amor as histórias do Aranha através das décadas, estabelecendo a perseverança do herói em seus momentos mais dificeis, e concluindo sua aventura com um final de derramar lágrimas. 

Homem Aranha Azul (Spider man Blue nº1 a 6)



Enquanto autores como JMS buscavam redefinir o Homem Aranha para o futuro, Jeph Loeb e Tim Sale (a mesma dupla responsável por Batman Longo Dia das Bruxas e Superman Quatro Estações) faziam uma homenagem ao passado do herói,

Como a primeiras séries do seu projeto, Marvel cores, a dupla lançou “Homem Aranha Azul”. Composta por seis edições, essa minisérie se tratou de uma história narrada pelo próprio Peter Parker, falando sobre sua falecida namorada Gwen Stacy e se recordando dos eventos que levaram os dois a se apaixonar.

Por meio de seu roteiro e arte marcante de Tim Sale, Loeb consegue fazer um belo tributo a era do Stan Lee e John Romita Sr, recriando vários momentos e o tom nostálgico daquela era. Mas, por trás das figuras nostálgicas, o foco é dado para a vida pessoal do Peter, envolvendo situações como o início de sua amizade com Harry Osborn, o triangulo amoroso dele com a Mary Jane e a Gwen Stacy e, o mais importante, a forma como esses evento levam ele e a Gwen a se aproximarem.

A a forma como Loeb caracteriza a voz do Peter Parker, combinando com a distinção que Sale cria entre as cores vibrantes dos flashbacks com tom mais escuro e frio do presente, permite destacar o quão preciosas foram essas lembranças pro Peter e a importância que teve para a vida dele.

Homem Aranha/Tocha Humana (Spider Man/Human Torch nº1 a 5)



Dos heróis que o Homem Aranha conheceu em suas aventuras, uns dos mais próximos a ele foi o Tocha Humana. Os dois praticamente se conheceram na primeira história do aracnido, quando o Aranha tentou se unir ao Quarteto. A partir daí Johnny viria a fazer outras aparições, começando como um rival para o cabeça de teia. Porém, com o passar das aparições, Peter e Johnny foram se tornando parceiros e amigos.

Embora existam várias histórias que mostram as aventuras dos dois, Homem Aranha/Tocha Humana consegue resumir tudo em poucas edições. Essa minissérie, escrita por Dan Slott, apresenta 5 aventuras da dupla no decorrer das décadas e mostra como eles foram de rivais para melhores amigos.

Como as melhores histórias do Aranha, o foco é dado para o drama pessoal, com histórias dedicando vários momentos não só as interações do Aranha com o Tocha como também as perspectivas de um para o outro, expondo diferentes lados dos personagens e um respeito que ambos compartilham.

 

Homem Aranha Guerra Civil (Amazing Spider man vol.1 nº529 a 536)



Um dos eventos que sacudiu o status quo do universo Marvel nos anos 2000 foi a Guerra Civil, cuja trama envolve o governo americano, cansado dos danos colaterais causados por super heróis, criam a Lei de Registro de Super Herói, declarando que todos heróis teriam que agir sob a supervisão do governo ou seriam caçados como fora-da-lei. Isso resulta na comunidade heroica se dividindo entre o Capitão América, que se opõe a lei de registro, e o Homem de Ferro, que apoia o governo.

Por Tony lhe ter ajudado nos anos recentes, incluindo deixado Tia May e Mary Jane viverem na Torre Stark e o presentado com um novo traje, Peter, a princípio, se une ao grupo do Homem de Ferro, chegando até mesmo revelar sua identidade ao público.

No entanto, conforme o conflito vai se desenvolvendo, Peter vai reconhecendo os atos questionáveis do seu grupo, fazendo questionar sua lealdade e, o mais importante, o que ele fará: Continuará a servir o governo para proteger sua família, ou irá se rebelar colocando a vida dela em perigo?

Enquanto eu acho o evento principal da Guerra Civil muito superestimado pelos fãs e com muitas ideias mal exploradas ou executadas, o tie-in do Homem Aranha consegue desenvolver melhor a proposta da história. Tal como o personagem foi feito para o leitor se relacionar, o papel do Peter nesse arco mostra aos fãs como é ser um herói nessa época, sendo puxado por dois entre lados com diferentes ideologias e forçado a tomar escolhas com consequências.

Nesse cenário, Peter comete erros, porém o roteiro torna sua ações compreensíveis, tornando o momento em que ele decide se rebelar contra Tony muito mais especial. É um arco importante para o Aranha, como também pro evento da Guerra Civil, dando uma voz para os personagens afetados no meio desse confronto.

Eu odeio um mistério (Friendly Neighborhood Spider Man nº11 a 13)



Um dos momentos mais chocantes durante a Guerra Civil foi quando Homem Aranha, quando estava do lado do Homem de Ferro, revelou sua identidade para o público, se tornando o “pôster boy” dos heróis a favor do registro.

Obvio que essa ação teve efeito negativo em sua vida: O público ficou dividido quanto ao herói, J. Jonah Jameson iniciou um processo contra ele e vários de seus inimigos começaram a iniciar atentados contra ele e seus entes queridos.

Um desses inimigos foi Francis Klum, o terceiro Mysterio. Com o auxílio de suas invenções, o mestre das ilusões atacou o colégio Midtown, plantando várias armadilhas no local. Preso junto com seus alunos e colegas de trabalho, Peter é tenta encontrar uma forma de libertar a todos enquanto é forçado a passar por vários dispositivos do Mysterio.

O que o vilão não contava era que seu plano viria a ser sabotado pelo ressuscitado Quentin Beck, assim como Daniel Berkhart  (o segundo Mysterio), ambos tendo motivos pessoais para se opor ao seu sucessor.

Embora ver os três Mysterios interagindo e tendo um conflito de egos é divertido, o personagem que rouba a história é Flash Thompson, que, assim como Peter, também trabalha no colégio Midtown, sendo professor de Educação Física. Não só o arco tem uma sub-trama divertida do Flash tendo que aceitar que seu herói era o nerd com quem ele implicava na juventude, mas também tem vários momentos onde o Flash se arrisca pelo bem dos alunos, demonstrando seu lado heroico.

Parada não programada (Amazing Spider Man vol.1 nº578 e 579)



Depois da infame história “Um dia a mais”, onde Peter fez um pacto com Mephisto para salvar sua tia May e teve seu casamento apagado, muitos fãs ficaram insatisfeito, com alguns tendo deixado de ler Hq, considerando o personagem completamente arruinado.

Embora eu considere “Um dia a mais” uma das piores histórias já feitas e uma decisão que prejudicou todo o desenvolvimento do Aranha, discordo de ter acabado com as histórias do Aranha, pois, mesmo com status quo de solteiro, ainda teve histórias boas.

O melhor exemplo disso foi “Parada não programada”, uma história curta onde Peter Parker, tentando escapar de chuva, decide pegar carona no metrô. A princípio que as coisas estão ao seu favor. Mas, quando entra no veículo, sua sorte rapidamente muda. Um estranho tremor atinge o túnel, causando um avalanche que prende o herói junto com os passageiros. Descobrindo que muitos deles são membros de júri, de um julgamento envolvendo um mafioso, o Aranha tentaria ajuda-los a escapar do túnel, enquanto tenta protege-los do Shocker, que foi contratado pelo mafioso para garantir que os membros do júri não saiam com vida.

Quem cresceu assistindo Vingadores Heróis mais poderosos da Terra, deve ter percebido que o episódio em que o Aranha apareceu na série foi inspirado por essa hq. Porém, diferente do desenho, o foco é dado mais no Aranha como um herói solo e explora seu papel como um amigo da vizinhança e sua relação com as pessoas que ele salva.

Dos civis presentes nessa história, o que se torna uma figura importante é J.Jonah Jameson Sr, pai de J. Jonah Jameson, com quem o Aranha acaba tendo uma interações bem interessantes, que revelam alguns detalhes do passado do editor do Clarim Diário e explicam um dos motivos de sua atitude ranzinza.

No final pode não ter uma história com o Aranha que os fãs queriam (o herói casado com a Mary Jane) mas foi uma boa história do Homem Aranha e fiel a essência do personagem.

Uma noite fora com Wolverine (Amazing Spider Man Extra nº02)



Outro herói com quem o Homem Aranha faz dupla ocasionalmente é Wolverine. Esse par pode parecer estranho, visto como Peter é um jovem simpático certinho e Logan é um homem rude e ranzinza. Porém, tem sempre um fator que ajuda os dois a se conectarem.

Das histórias a explorarem essa relação complexa dos dois “Uma noite fora com Wolverine” é a melhor de todas. Nela, o Homem Aranha se encontra com Logan, que o convida para tomar uma cerveja num bar. Conforme os dois vão interagindo, a tensão vai aumentando entre Logan e outros frequentadores no bar, parecendo que, a qualquer momento, iria estourar uma briga e confusão entre eles, com o Aranha no meio.

Quando é revelado o motivo do Logan ter convidado o Aranha, é um momento de derramar lágrimas, que deixa o fã entendendo o quão profunda é a relação entre esses heróis opostos.

Homem Areia ano um (Friendly Neighborhood Spider Man  annual nº1)



Um inimigo do Aranha a ter um desenvolvimento surpreendente no decorrer das décadas foi o Homem Areia. Ele foi de um criminoso definido apenas por seu poder, para aos poucos se revelar um antagonista bem complexo e com dramas bem relacionáveis.

Dos autores que exploram o personagem, um dos melhores foi Peter David, responsável pela história apropriadamente intitulada “Homem Areia Ano Um”. A trama dela se passa um tempo após “Amazing Spider Man nº4”, quando o Homem Areia foi preso pela primeira vez pelo Aranha. Num retcon, é revelado que o vilão tinha um plano para escapar da prisão. Porém, ele fugiu sozinho. Acompanhando ele estava o presidiário Floyd Baker, pai de Flint Marko (cujo nome de batismo é William Baker).

Com o velho não sabendo do parentesco, Flint vai tentando se reconectar com Floyd e os dois vão se tornando grandes amigos. Porém, como uma tragédia clássica, a felicidade dos dois chega ao fim quando o Aranha encontra o Homem Areia em Long Island, resultando em um novo confronto de grandes proporções.

Durante essa história, tem cenas de flashbacks contando o passado de Flint, revelando como ele começou como uma vítima de bullying e, aos poucos, foi moldado em valentão buscando respeito e satisfação diante as injustiças que sofreu, criando um paralelo entre ele e Peter Parker (que também um nerd com problemas parecidos).

Essa é uma história que dá aos leitores um entendimento melhor do Homem Areia e o porquê dele ter escolhido uma vida de crimes.

Leah (Friendly Neighborhood Spider Man annual nº1)



Nem toda história do Homem Aranha precisa tê-lo como protagonista. As vezes ela pode ser contada através da perspectiva de outro personagem.

No caso de Leah, o foco é dado a menina pobre e sem-teto, que passa por dificuldades para sobreviver nas ruas. Já de cara, a história estabelece que, apesar de suas condições de vida, a criança idolatra Homem Aranha, com a imagem do herói trazendo conforto para ela, assim como bons sonhos.

Tal como “O Menino que colecionava Homem Aranha”, essa breve história conclui de forma triste mas, ao mesmo tempo tocante, mostrando a grande diferença que o Aranha faz na vida de uma pessoa.

Ultimate Homem Aranha (Ultimate Spider Man vol.1 nº1 a 133)



Não posso encerrar essa parte da retrospectiva do Homem Aranha sem falar de uma das hqs mais influentes do personagem nessa década: Ultimate Homem Aranha.

Escrita por Brian Michael Bendis, Ultimate Homem Aranha foi parte linha Ultimate, que composta por hqs que se passavam em uma linha do tempo alternativa habitante por versões mais “atualizadas” dos personagens que conhecemos (leia-se, como seria se os personagens tivessem surgido nos anos 2000).

A hq do Ultimate Homem Aranha era protagonizada pelo Peter Parker desse universo, que também começou como um jovem estudante que recebe poderes ao ser picado por uma aranha geneticamente modificada pela formula Oz, criada nos laboratórios da Oscorp.

Enquanto Peter Parker tem uma origem próxima a de sua contraparte do universo 616, o desenvolvimento de seus poderes é percebido pelo Norman Osborn, que decide testar a formula Oz em si próprio. O experimento transformando Norman numa versão monstruosa do Duende Verde, tornando-o no primeiro vilão que o Aranha enfrentaria.

A partir daí o Peter teria várias outras aventuras e momentos de crescimento, incluindo seus primeiros confrontos com figuras como Rei do Crime e Doutor Octopus, o desenvolvimento de sua relação com sua colega Mary Jane, aventuras com outros heróis da Marvel Ultimate como o Tocha Humana e os X-men, sua versão da “Saga de Venom”, etc....

Comparado com os outros títulos Ultimate, que pareciam adotar uma postura mais cínica e reflexiva do contexto da época, Ultimate Homem Aranha tinha um equilíbrio melhor, sabendo colocar as histórias do personagem num contexto moderno, porém entendendo os fatores que tornam elas e o personagem tão memoráveis. Ao invés de ter torna o Aranha Ultimate ser de moral questionável como o universo Ultimate que ele habita, Bendis abraça a ideia do Peter como um “personagem relacionável”, representando um jovem crescendo nesse mundo complicado e tentando ser uma pessoa melhor e responsável.

Isso não só demonstra como Bendis entendeu a temática da hq do Homem Aranha, mas conseguiu também dar um upgrade para uma nova geração de leitores, criando uma versão lembrada com carinho por vários deles.

Então é isso! Quais são suas histórias favoritas do Homem Aranha dos anos 2000? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.