Mufasa é um pálido prequel de O Rei Leão - Review com spoilers

 

O Rei Leão talvez tenha sido a última grande animação da Disney, e é natural que a empresa ainda tente tirar leite de pedra da franquia. Não é de surpreender que anunciaram um prequel de O Rei Leão live action, Mufasa, contando a história do pai de Simba. No entanto, vamos convir que na realidade não é bem um live action, mas uma animação em CGI. Todos os animais são digitais e, embora tenham um character design mais realista, têm expressões humanas antropomorfizadas.

Na realidade, O Rei Leão é uma animação polêmica desde sua origem, pois há acusações de que a Disney tenha plagiado o mangá Kimba: O Leão Branco, de Osamu Tezuka. A empresa alegou que se inspirou na peça Hamlet de Shakespeare para escrever o roteiro de O Rei Leão, mas, se for assim, Kimba também se inspirou em Hamlet, porque O Rei Leão é praticamente um copia e cola de Kimba.


O enredo do filme começa um pouco depois do final de O Rei Leão, quando Simba (dublado por Donald Glover) vai encontrar sua esposa Nala (dublada por Beyoncé). E deixa sua filha Kiara aos cuidados de Timão e Pumba (dublado por Seth Rogen). Logo chega o mandril Rakifi, e ele começa a contar a história de Mufasa para a pequena.

O pequeno Mufasa (dublado por Aaron Pierre, uma vez que James Earl Jones faleceu) estava viajando com seus pais quando é separado deles por uma enchente. Mufasa quase é devorado por um crocodilo, mas é salvo por outro filhote, Taka. O pequeno Taka é filho do rei do bando de leões Obasi. Apesar de Obasi ter preconceito contra desgarrados, Taka e sua mãe e esposa de Obasi, Eshe intercedem a favor de Mufasa. O pequeno é acolhido, mas é criado entre as fêmeas, aprendendo a caçar com elas.

A tranquilidade chega ao fim quando o bando de leões nômades liderados por Kiros (dublado por Mads Mikkelsen) chega ao território de Obasi e ataca Eshe. Mufasa mata o filho de Kiros, e isso coloca o bando de Obasi na mira da vingança de Kiros. Obasi pede a Mufasa que parta com Taka para longe, pois eles eram o legado de seu bando. Não demora muito, e a eles se juntam Sarabi, uma leoa princesa, e Zazu, seu calau acompanhante. Logo depois, Rafifi une-se a eles.

Forma-se um triângulo amoroso entre Mufasa, Sarabi e Taka, mas a leoa escolhe Mufasa por ser macho alfa, e Taka, que é o betinha da história, é tomado por ciúmes e se une a Kiros para entregar a ele a cabeça de Mufasa. É óbvio que Taka na realidade é quem no futuro seria conhecido como Scar, o vilão de O Rei Leão. Honestamente, Taka é de longe o melhor personagem do filme, o mais complexo, e expressa bem seu conflito de sentimentos de amor, ódio e inveja que tem por Mufasa.


A direção do filme é muito competente e segura, feita por Barry Jenkins, o diretor de, entre outros filmes, Moonlight e, também, daquela série da Netflix em que só ficam falando mal dos brancos, Dear White People. O elenco do filme é constituído majoritariamente por dubladores negros, mas não fui muito atrás de saber quais foram suas atuações anteriores. Fora os mais conhecidos no Brasil, como Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen e Mads Mikkelsen, os dubladores no filme são em sua maioria atores e cantores conhecidos mais nos EUA, mas não muito em outros países. O CGI é de primeira qualidade. A Disney não regulou miséria e disponibilizou uma ótima computação gráfica. Os animais são desenhados com detalhes realistas, ao mesmo tempo em que possuem expressões humanas.


A despeito de o diretor ser militante, não vi muito conteúdo woke gritante, mesmo sendo um filme da Disney. Claro que quem procura acha, e há algumas coisas que denunciam certo conteúdo woke, como os mocinhos serem dublados por atores negros, mas Kiros, que é vilão, é dublado por Mads Mikkelsen, um ator branco e dinamarquês, que quase só interpreta vilões em Hollywood, porque tem cara de mau, não obstante seja um excelente ator e no cinema dinamarquês ter papéis mais versáteis. As leoas do filme são “empoderadas” também, sendo as mais sensatas e corajosas. Por sua vez, o macho Obasi é um bundão, que só quer saber de dormir.

O pior ponto do filme são as músicas. Não gostei de nenhuma. Não dá para comparar com a trilha sonora de O Rei Leão, composta por Elton John. As canções de Mufasa são insossas e sem-graça, muito fraquinhas.

Se vale a pena assistir a Mufasa? Creio que sim. É uma boa matinê, principalmente para quem tem filho ou sobrinho e não sabe o que fazer com o moleque nas férias escolares. Entretanto, não se compara a O Rei Leão, principalmente a animação dos anos 90, que continua a ser uma obra-prima. Nota 6,5 de 10.

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