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Imagem feita por IA. |
Faz um tempo que não escrevo por aqui, mas como diz o ditado: "quem está vivo sempre aparece".
Nesse período, após uma reflexão, me questionei sobre o porquê dos problemas do Brasil serem tão mal debatidos. Não há, no "povão", um debate sério por um país melhor; há apenas emocionados e torcidas de "times ideológicos" (como apontei no texto anterior).
Todos testemunharam o que a internet se tornou algumas semanas atrás com a proposta da PEC 6x1, apresentada por Erika Hilton. Em poucas horas, uma discussão se transformou em mais um duelo polarizado: de um lado, a "esquerda boazinha", e, do outro, a "direita malvadona", debatendo sobre a realidade do trabalhador brasileiro e sua escala. Logo, a PEC virou tema de consideráveis debates na televisão, aulas, artigos e até roteiros de youtubers. Não irei entrar exatamente nos méritos da PEC, pois ela já foi destrinchada no excelente debate entre Arthur do Val e Alfredinho, que foram apresentados de forma clara como os deputados votaram mais pelo populismo do que pela seriedade da proposta. Arthur foi pertinente em suas críticas ao sistema das leis trabalhistas no Brasil e em como o debate sobre esse tema precisa ser mais profundo.
Link abaixo:
https://www.youtube.com/live/sIrEfkeN1FM?si=kEb_honpwSEtmzjU
Para se ter uma ideia, o investimento na educação superior é muito maior do que o destinado ao ensino básico, o que afeta diretamente as classes com menor poder aquisitivo. Essas são as que mais dependem do ensino público nos primeiros anos escolares. Dessa forma, cria-se uma parte da sociedade que não consegue acessar o conhecimento de forma ampla, incluindo a compreensão dos trâmites da política nacional e da geopolítica. Além disso, muitos, por necessidade financeira, acabam optando por arranjar um emprego em vez de concluir a educação básica. Nesse contexto, surge, por meio de políticas populistas, uma suposta "salvação": o chamado "pé de meia", um auxílio-estudo para o ensino médio, em que o aluno recebe dinheiro para estudar, sendo esse custo bancado pela grande massa de trabalhadores.
Camilo Santana, criador do projeto "Pé de meia", junto com Lula, foto por Claudio Kbene. |
E, como toda pauta populista (sim, estou me repetindo), os resultados tendem a ser ineficientes. Na minha visão, isso é praticamente um atestado de que a educação brasileira está em declínio. Há inúmeras áreas a serem melhoradas no sistema educacional: desde a qualidade da alimentação oferecida aos alunos até os materiais didáticos, planos pedagógicos e a implementação de aulas experimentais e dinâmicas que despertem o interesse dos estudantes. Certamente, o melhor caminho não é pagar alguém simplesmente para assistir às aulas. Será que os professores são tão ruins que os alunos precisem ser pagos para participar das aulas? Brincadeiras à parte, essa é a impressão que uma proposta como essa pode causar. Além disso, vale lembrar que o custo estimado dessa medida é de 8 bilhões de reais dos cofres públicos anualmente. Tenho certeza de que esse montante poderia ser utilizado de forma muito mais eficiente para transformar a educação de maneira significativa.
No entanto, sabemos que esse projeto não foi elaborado com as melhores intenções. Ou alguém duvida que ele será usado como uma ferramenta de campanha pelo atual governo Lula na próxima eleição? Os beneficiados certamente irão associar sua espoliação legal*³ à qualidade do governo que a proporcionou, da mesma forma que Jair Bolsonaro tentou, sem sucesso, capitalizar politicamente com o Auxílio Brasil nos últimos anos de sua gestão.
Infelizmente, não tenho soluções abrangentes para o nível nacional. Contudo, se posso dar uma dica para quem leu até aqui e deseja escapar dessas amarras ideológicas e debates sem fundamento, é esta: leia, e leia muito. Estude os temas mais relevantes do momento de maneira séria e crítica, buscando compreender os impactos reais de decisões e projetos, tanto os visíveis quanto os mais profundos e menos aparentes.
Acima de tudo, não se torne uma marionete de nenhum político. Desenvolva suas próprias visões e, nas próximas eleições, apoie de forma consciente e fundamentada.
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Alguns livros da minha estante. |
