A Praça é Nossa - uma expressão profunda da realidade, da manipulação e da cultura do nosso país

 A mesma praça, o mesmo banco

As mesmas flores, o mesmo jardim

Tudo é igual, mas estou triste

Porque não tenho você perto de mim

 

Quem não conhece a clássica música que alegra as noites de quinta-feira do nosso povo? Porém, mais do que alegrar, a Praça É Nossa é uma retratação, uma fotografia, uma impressão profunda, cheia de camadas, sobre a própria realidade. Uma obra quase filosofal que merece muito mais crédito do que tem.

Se eu fosse explicar para um gringo qual o conceito do programa, eu diria que é praticamente uma crítica alegórica ao estilo de vida brasileiro. A começar por seu apresentador, o ilustre Carlos Alberto de Nóbrega, um típico retrato do cidadão médio brasileiro. Ele apenas quer ler o seu jornal em paz, mas é constantemente interrompido por figuras estranhas, pessoas das mais diversas rodas da vida, que sentam-se e começam a contar-lhe suas histórias - ao passo que ele não tem muito interesse por elas, não, ele está ansioso por voltar ao seu jornal. 

Em "A Praça é Nossa", o senhor Carlos Alberto de Nóbrega passa o tempo sentado "no mesmo banco", recebendo figuras engraçadinhas e bem-humoradas - tão popular que foi referenciado em "Vingadores: Ultimato". Ponto para o Brasil!

Aqui, nós temos a alegoria: o cidadão comum cegado pela mídia manipuladora. Perceba bem: o Cazalbé tem as maiores notícias de todo o Brasil em primeira mão, com seus visitantes, desde os mais pobres, como o Saídera, até os políticos corruptos - ele ignora! Ignora o que está diante de seus olhos, pois ele só quer saber o que foi doutrinado a saber: qual é a opinião da mídia. Ah, o que os veículos de comunicação dizem é o certo! Ah! Se você não acreditar, é anticientista! Tamanho contraste, tamanha cegueira, que ele em sua ignorância acaba tornando-se o principal alívio cômico da obra. Não fosse o fato de o programa ter estreado primeiramente por lá, diria até que é uma alfinetada à Rede Globo.

Enfim, é um programa profundo, que se traveste na comédia, mas que é uma crítica à cegueira do povo brasileiro. Recomendo que cada um assista e tire suas próprias conclusões!

José Nêumane Pinto, direto ao assunto!