ROBOCOP: Um produto da extrema-direita?

 


Estava eu dias atrás procurando filmes pelo catálogo da Amazon Prime e observei um filme que sempre me interessou pela sua repercussão negativa, e era o Robocop (2014) dirigido pelo brasileiro José Padilha (conhecido por tropa de elite etc).

 

Por ser um brasileiro renomado nacionalmente se aventurando no cinema Hollywoodiano por si só já me despertou enorme curiosidade, e ainda num personagem eternizado na cultura pop, parecia um casamento perfeito para nós brasileiros.

Porém algo deu errado nessa união, causando pouco interesse do público e logo se tornou um filme esquecido.

Os motivos de seu fracasso já foram abordados por outras pessoas em críticas especializadas que explicam melhor tudo que rolou.

O foco hoje é na enorme quantidade de críticas ao nacionalismo e capitalismo dentro do filme clássico (1987) e seu remake (2014) (que mesmo algumas muito óbvias) e alguns questionamentos que nos trazem discussões realmente interessante independente do seu lado político.



Contextualizando: O personagem Robocop é um produto da OMNC baseado num policial, que serve de segurança para a sociedade e um espelho para o futuro onde não precisamos de homens se arriscando para trazer paz a uma cidade, pois teríamos o homem perfeito e mecanicamente modificado para elevar o patamar.

O protagonista Alex Murphy é um policial respeitoso que entra de cabeça numa operação criminosa e é simplesmente destruído pelos bandidos ao ponto de não ter mais nada de seu corpo além de cérebro e alguns órgãos.

Com isso em mente, vamos entrar mais direto em alguns detalhes.

Bem logo no início do filme de 1987 somos apresentados a um caos no departamento de polícia, muitos oficiais morrendo e os que estão vivos estão prontos para fazer uma greve, algo que o capitão é contra.

Em meio a isso, empresários iniciam uma briga pela mais alta tecnologia de segurança, alegando uma preocupação com a eficiência e cuidado com a vida dos heróis que se arriscam todos os dias etc. Diante disso podemos observar o mal que rola desde a revolução industrial, a evolução das máquinas que substituem o homem nas suas funções, acarretando desemprego e por consequência, pobreza da população e um enriquecimento de uma fatia exclusiva da sociedade. Uma evolução que infelizmente leva inúmeras pessoas ao retrocesso, o medo de um futuro onde só os mais ricos terão o privilégio de viver decentemente.

Porém como visto no filme de 2014, a enorme eficiência dos robôs policiais poderiam levar toda uma taxa alta de crimes para zero, ajudando a população a ficar livre de assaltos.

O que traz dois lados extremamente interessantes de se pensar.

 


Fugindo um pouco desse assunto vamos a uma cena no filme de 2014 que me impactou bastante, sobre a importância dos sentimentos para decisões.

Em certa parte do filme, no treinamento de robocop, tem uma hora em que ele tem que resolver um crime onde um bandido possui uma refém, com isso ele com o pensamento humano, tenta conversar com o bandido pra soltar a mulher, como normalmente um policial faria. (enquanto o robô sem vida simplesmente completou rapidamente a ação atirando no bandido)

Isso leva a um questionamento importante, vale mesmo priorizar a eficiência do que a vida (mesmo que errônea) do bandido? E se caso, a medida que o policial conversasse convencesse o bandido a soltar a garota e aceitar? Como o robô lidaria com essas decisões em que a empatia seria importante?

Outra coisa interessante desse filme (2014), são as aparições do Samuel L. Jackson (Ator conhecido pelo Pulp Fiction, Marvel, etc), que no filme é um estereótipo de nacionalista de direita bem clichê e forçado até, mas que realmente me lembrou as falas do ex-presidente e seus apoiadores sobre a força policial e como ela deve agir. Todo aquele patriotismo exacerbado e ataques a seus concorrentes são vistos aqui.

Patriotismo esse que recentemente entrou na mídia fortemente após os ataques em Brasília, que fugiram de uma manifestação democrática e se tornou vandalismo, fugindo da democracia. (Deixando claro que manifestação é justa, menos quando se torna violenta).

 

Algo que não posso deixar de notar é o quão pesado +18 é o filme de 1987, seja pelas mortes extremamente cruéis ou pelo clima ser denso e sujo, trazendo uma forma bem adulta de se abordar um filme com uma trama bem calcada no caos de uma cidade. Realmente um clássico.

 

Voltando ao filme de 2014, a equipe do marketing da OMNICORP está em busca do herói nacionalista, que seja um personagem palpável pra uma sociedade americana que precisa se espelhar em alguém pra assim o tratar como estrela que representa as necessidades do povo.

Esse dilema de herói que representa uma nação já foi visto inúmeras vezes, principalmente nos quadrinhos como o Capitão América, Superman, Homem-Aranha etc. O típico herói americano branco que vem para salvar o mundo e punir os errados (isso acontece mais vezes do que podemos imaginar).

Claro que quando cito isso, é mais como um olhar nas coincidências desses personagens, que de certa forma, o ambiente racista e nacionalista de sua época refletiu diretamente e indiretamente nos quadrinhos, deixando uma marca até os dias de hoje.

 


Algo que está bem explícito em todas suas versões, é o direito de não morrer, ou lucro com pessoas falecidas, já que o robocop nunca realmente permitiu todas as mudanças que o fizeram viver. Podemos citar a franquia Star Wars, que recentemente utilizou a imagem de um ator falecido e de certa forma, é algo que preocupa, mesmo que a família permita, ainda é utilizar um corpo inanimado e que não pode negar o uso de sua imagem e nem lucrar com isso.

É uma evolução gráfica mas que lembra aquela frase "Não temos paz nem quando estamos mortos”.

Refletindo sobre isso, é realmente viável eticamente utilizar isso? muitas vezes apenas para chamar a atenção dos fãs que não aceitaram a morte de um ator de sua franquia favorita? De certa forma não estamos banalizando a morte?

 

Bem, após esses pensamentos tirados da mente, deixo em aberto para mais reflexões e discussões.

É meu primeiro texto debatendo um assunto de uma forma mais crítica e espero que eu tenha deixado claro as minhas intenções.

Após isso, vou focar na leitura do Robocop nos quadrinhos e suas nuances, pois por lá o renomado Frank Miller fez sua própria versão da história do personagem (e sinceramente isso me desperta muita curiosidade).

Fiquem bem.

Ah e só pra lembrar, o Robocop é GAAAAAAAAAAAAAAAAAAY.






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