Anna Yamada como Haruza Nozaki em Liverleaf (2018)
Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!
Quase no meio do mês passado, mais exatamente do dia 07 a 10 de Julho, resolvi sair de uma inércia procrastinadora em relação a filmes e iniciei uma maratona com o que cultivo desde criança: minha fascinação pelas produções orientais. Passava por um momento particularmente difícil e para não me afundar em uma depressão profunda, caindo em um buraco ainda pior se eu me entregasse, procurei distrair a mente com algo que sempre irei gostar. Então, me inscrevi no Fórum Movie Asian Fansub, o qual descobri por um acaso, e mergulhei de corpo, mente, alma e Ser em dez filmes orientais, mais precisamente do Japão e da Coréia do Sul. Muitos de vocês podem torcer o nariz para o que é produzido no Oriente, preferindo principalmente as produções de Hollywood e as do Streaming com seus diversos produtos produzidos, em sua maioria, aqui no Ocidente. Não que hoje eu esteja desprezando totalmente as produções daqui deste lado do globo, mas os filmes que realmente quero e preciso assistir não estão mais sendo feitos com tanta frequência entre os grandes lançamentos que chegam até nós no Cinema. Com as exceções de The Batman e Northman neste ano de 2022, para mim, entre os filmes que assisti, não me atraem mais os demais que são anunciados. E me volto, agora, para o que vem lá do outro lado do globo em busca do que preencha as minhas cinéfilas necessidades particulares por histórias sendo contadas com uma simplicidade que até mesmo o Cinema Brasileiro perdeu há muito tempo.
Mas, não quero ficar aqui comparando estilos e tradições cinematográficas, já que esta Postagem se trata de recomendar aos interessados os dez filmes que assisti em quatro dias do mês de Julho deste ano de 2022. Não são filmes incontestáveis e nem quero dizer que sejam melhores do que os que lotam os cinemas nacionais. Somente são filmes que atenderam às minhas expectativas cinematográficas após meu último desgosto e perda de tempo com certa loucura multiversal que não teve nada de loucura. São filmes do meu gosto pessoal e não necessariamente uma Lista de absolutas afirmações de que eles sejam para todos. Não, leitores virtuais, nenhum destes filmes é para todos os públicos, muitos são incômodos demais, outros profundos e alguns muito complicados. A forma dos orientais contarem histórias no Cinema é lenta, cuidadosa e firme, não há espaço para muita correria e toda ação mais exaltada sempre tem um motivo, um sentido, uma natureza objetiva. E tais características afastam muitos deste tipo de Cinema que busca, na maioria das vezes, fazer com que os espectadores reflitam bastante sobre o que está ocorrendo.
Vou a seguir, então, falar um pouco dos dez filmes que, se lhes interessar, vocês poderão assistir clicando nos Pôsteres, o que lhes direcionarão diretamente para o Fansub. Para a este acessar por completo, deverá ser feita inscrição no mesmo. Vamos aos filmes agora.
My Little Baby, Jaya (Coréia do Sul, 2017)
Um filme que trata de Bullying, Abuso Sexual, Violência e Vingança. O espectador aqui é destruído, não há espaço para respirar e nem um momento em que se possa dizer "pare". Eu me senti destruído após assisti-lo e o estilo narrativo tece uma longa linha de fatores que puxam para a tela o que de pior nós, Seres Humanos, possuímos. É um dos mais brutais e tristes filmes que já assisti até hoje.
Wretches (Coréia do Sul, 2018)
Outro filme envolvendo Bullying, Abusos Sexuais, Violência e Vingança, mas com uma abordagem bem diferente do anterior. Aqui, o protagonistas é um fraco nas mãos de um Predador e é capaz de um ato no meio do filme que revoltará a qualquer pessoa. E tudo para que ele não possa ser espancado pelo perseguidor que o humilha e trata como um verdadeiro escravo. Um filme para pensar o quanto a covardia e a omissão produzem muitos dos crimes que vemos todos os dias serem noticiados.
San Gatsu No Lion Kohen (2017) e San Gatsu No Lion Zenpen (2017) ~ Japão
Baseado em um Mangá de mesmo nome, esta duologia trata da história de um Gênio do Shogi, o Xadrez Japonês, em sua busca por um lugar no mundo fora do Jogo Esportivo que o tornou famoso. Rei Kiriyama (Ryunosuke Kamiki), no entanto, é um personagem complexo demais e os Pôsteres dos filmes enganam quem pensa se tratar de filmes com teor adolescente puro. Por dentro, os dois filmes são Dramas psicológicos montados como o Shogi, o qual pretendo até estudar para poder compreender melhor a natureza destas obras. Entretanto, mesmo que você nada entenda de Shogi, a compreensão do filme é limpa e clara como água, apesar de toda uma filosofia que exige algum conhecimento de certos aspectos de tradições japonesas.
Inuyashiki (Japão, 2018)
Baseado no Mangá de mesmo nome, do famoso Autor de Gantz Hiroya Oku, é uma adaptação perfeita na qual as motivações e características dos personagens centrais foram fielmente mantidas. Inuyashiki fala mais do Poder da Escolha do que de dois homens que tiveram os corpos 100% otimizados para uma Vida Cibernética. As batalhas aqui são mais cerebrais e emocionais do que simplesmente uma vulgar sucessão de cenas vazias de ação. E, sinceramente, eu torci mais pelo "Vilão" do filme do que pelo "Herói" que o enfrenta. Escolhi um lado.
A Gentle Breeze In The Village (Japão, 2007)
Um filme muito leve, suave e divertido que nunca pensei que iria me conquistar. Também baseado em um Mangá, trata da história de um estudante de Tóquio que junto com a mãe vai residir na pequena cidade de origem da mesma, no campo. A presença dele despertar a curiosidade das adolescentes e crianças do local, que jamais visitaram a Capital Japonesa. Outro filme que engana através do Poster, pois em seu fundo traz temas bem adultos misturados a descobertas naturais da adolescência dosados com cuidado e apurado senso estético. Filme que pode ser assistido por toda a família, sem qualquer tipo de perigo nele presente.
The Man from Nowhere (Coréia do Sul, 2010)
Creio que metade dos leitores do blog conhecem este filme, então, não são necessárias muitas apresentações. Mas, para quem é um procrastinador(a) como eu era, eu o resumo assim: um espetáculo de ação com coração filmado como um baile de sangue com sentido muito maior do que uma luta entre mocinho e bandidos. É uma obra-prima oferecida ao mundo e que, dizem as más línguas, foi descaradamente plagiado nos filmes do famoso John Wick... Bem, fica aqui a indicação dele para quem não o conheceu ainda. Vale muito a pena porque está obra essencialmente conquista.
Tokyo Revengers (Japão, 2021)
Outra adaptação de Mangá, desta vez envolvendo Deslizamento Cronoespacial em uma desesperada (e bem atrapalhada) tentativa de modificar o Futuro através de precisas alterações no Passado. Aqui, a mistura de Drama, Ação e Comédia provoca a presença de uma excelente adaptação na transposição de uma mídia para a outra da peculiar linguagem manganesca. As cenas de luta são o principal destaque junto com uma história muito bem contada e trabalhada.
The World Of Kanako (Japão, 2014)
Filme anárquico, louco, arriscado, brutal, exagerado, inconsequente, cínico, provocativo, ultraviolento, desagradável e difícil de ser abandonado quando as cenas mais brutais se passam. Baseado na obra Hateshinaki Kawaki de Akio Fukamachi e nada recomendável para a grande maioria das pessoas que não gostam de ser incomodadas com questões de pesos insuportáveis. Kanako (Nana Komatsu) é uma babaca filha da puta traiçoeira, fria e psicótica envolvida com Prostituição, Pedofilia, Estupros Coletivos e Tráfico de Drogas. O pai dela, Akikazu Fujishima (Kōji Yakusho), um esquizofrênico que era policial e sai em busca da mesma quando desaparece, é outro babaca filho da puta, um misógino, estuprador e também psicótico. Se você aí é daqueles que acham que a adaptação de The Boys é "pesada", creio que não aguentaria ficar assistindo este filme que apresenta TRÊS cenas de estupro. Você encararia este Mundo como eu inominavelmente encarei, meu jovem Padawan, minha jovem Padawan?
Liverleaf (Japão, 2018)
Este é o filme cuja cena mais representativa é a Capa desta Postagem. Trama de Terror, Assassinato e Drama baseada em um Mangá, outro dos mais tristes filmes que já assisti até hoje. Outro filme que me destruiu por inteiro com sua temática forte, onde quase todos os personagens possuem algum tipo de distúrbio mental. No meio de tudo isto, a Haruka de Anna Yamada sofre uma transformação total, indo de vítima de Bullying no começo a uma vingadora sanguinária da morte dos pais e da irmã nas mãos dos bullies, queimados vivos junto com a casa. Duas surpresas muito estranhas aguardam o espectador na reta final do filme e as mesmas deixo para quem tiver a coragem de assistir. Uma Fotografia linda se destaca, principalmente quando sangue cai sobre a neve. É muito lindo o vermelho do sangue sobre o branco da neve. É mais linda ainda uma vingança efetuada sob a neve embelezando ainda mais a paisagem. Todos os culpados que morreram neste filme mereceram muito bem as mortes que tiveram.
"My Little Baby, Jaya" foi resenhado em O Mundo Inominável e os demais ainda o serão. Todos os textos serão republicados aqui em Ozymandias Realista. Foi uma maratona onde adentrei em diversos espectros de realidades, me feri, me fodi, sorri um pouco, refleti muito e sobrevivi. E tenho vontade de fazer mais vezes maratonas assim, o que é bem melhor do que me entregar à minha boa e velha amante chamada Deusa Depressão.
Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!
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