A Ascensão de Ultraman - Review


Estava com receio de que esse Ultraman da Marvel não fosse muito bom, no fim das contas, mas é melhor que muita coisa que a editora anda fazendo com seus heróis, até mesmo porque a Tsuburaya é zelosa com sua propriedade intelectual e não permitirá que a Marvel faça suas burradas de costume. No entanto, os personagens, apesar de serem japoneses, ficaram mesmo muito ocidentalizados, o que é inevitável. Japão e Estados Unidos têm profundas diferenças culturais, mas os roteiristas Kyle Higgins e Mat Groom fizeram um trabalho decente de adaptação.

É verdade que a Marvel não botou ninguém de seu primeiro time na equipe criativa, Higgins e Groom não são escritores muito conhecidos na indústria de HQs, e o desenhista Francesco Manna também não tem muito nome, apesar de ser tecnicamente competente e seu estilo de arte não fugir muito do estilo "mangá americanizado". Na verdade, no enredo, fizeram uma inversão; em 1966, Dan Moboroshi encontra Ultraseven, que na realidade foi o segundo herói da franquia Ultra. Ao mesmo tempo, os kaijus revelam-se, e o governo japonês cria a Patrulha Científica Unida, para combatê-los e desenvolve as armas de raio-k.



No presente, Shin Hayata é um entusiasta que quer entrar na PCU, mas falhou no teste. Porém, sua melhor amiga, Kiki Fuji, conseguiu ingressar na organização. Nessa versão, Hayata ficou meio descolado e Kiki parece as mulheres ocidentais modernas. Hayata entra de penetra em uma missão da PCU e lá se depara com o Ultraman; Hayata atira no gigante de luz com o raio-k, mas logo se arrepende e acaba sendo assimilado por ele. Ultraman faz a proposta a Hayata de que eles deveriam se unir para que ambos possam sobreviver.

No entanto, esse é um Ultraman que não confia muito no potencial de evolução humano, porque acredita que seu irmão, Ultraseven, foi assassinado anos atrás. Porém, dá um voto de confiança a Hayata, e eles enfim se fundem. No entanto, Hayata logo descobre a aterradora verdade: de que todos os kaijus que a PCU eliminou nos últimos anos na realidade foram transportados para uma dimensão-limbo, que a qualquer momento pode irromper.


A situação fica mais delicada quando o ex-cientista da PCU, doutor Yamamoto, ressurge e manda Kiki para a dimensão-limbo com o raio-k; resta a Hayata fundido com Ultraman resgatá-la e enfrentar vários kaijus lendários da franquia Ultraman, inclusive Bemular, um dos monstros mais clássicos e o primeiro monstro que o Gigante de Luz enfrentou na série clássica. Ao final, ainda aparece Dan Moboroshi vivo, o que significa que Ultraseven dará as caras nas próximas história. E não duvido que Ultraman Jack, Taro e cia. também apareçam. Ainda há uma história curta protagonizada pela equipe de Ultra Q, que era a série antecessora de Ultraman pela Tsuburaya e, também, uma breve biografia de Eiji Tsuburaya criador do herói.

Ultraman é basicamente o Superman japonês, e é interessante ver que o interesse do Ocidente pelo herói parece voltar a crescer, até mesmo porque a franquia Ultraman sempre fez certo sucesso nos EUA. Em tempos em que os super-heróis ocidentais amargam maus bocados nas HQs, a despeito do sucesso dos filmes no cinema, talvez os heróis orientais mereçam mais nossa atenção. Ultraman chega com essa nova HQ, mais episódios do anime da Netflix, mangá e filme animado, e ainda um filme dirigido por Hideaki Anno. O Gigante de Luz está voltando para valer. O encadernado também conta com uma bela capa ilustrada por Alex Ross. Só tenho receio de que não venda muito bem por aqui, apesar de a franquia Ultraman também ter feito sucesso no Brasil e de que quem provavelmente comprará essa HQ será o nerd de meia idade. O preço caro, mais de 50 reais, também não é muito convidativo. No entanto, com todas as ressalvas, longa vida a Ultraman, agora em sua nova casa, a Marvel, para o bem ou para o mal. Nota 7,5 de 10.


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