Este é o tal malfadado mangá Batman & A Liga da Justiça, escrito e desenhado por Shiori Teshirogi, autora de Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas. Do jeito que falaram desse mangá, achei que fosse uma bosta. Mas ele não é tão ruim assim. Inclusive, gosto bastante do trabalho da Shiori, e acho que a gente tem de reconhecer que ela se esforçou e pesquisou a respeito dos quadrinhos da DC para fazer esse mangá.
Creio que o que choca os leitores mais tradicionais é a estética mangá dos personagens. A Shiori desenha todo mundo da Liga da Justiça com cara de novinho. O Batman mesmo, quando está de máscara, parece estar na casa dos 30, mas como Bruce Wayne aparenta ter uns 20 e poucos anos. Mesma coisa o Superman, que está com a maior cara de garoto. Está certo que o herói já tinha sido rejuvenescido nos Novos 52. O Clark Kent nessa fase parece o Harry Potter. Mais ao final do mangá, aparece o Mestre dos Oceanos, o arqui-inimigo do Aquaman, e ele está parecendo o Garth, o Aqualad/Tempest, sidekick do Aquaman. Os heróis da DC estão tudo com cara de bishounen, que é como são chamados os “jovens bonitos” em japonês. O público-alvo desse tipo de mangá são meninas e gays. Em Lost Canvas mesmo, a Shiori desenhava todo mundo com cara de bishounen também. E pior que o mangá nem mostra muito a Liga da Justiça. O herói que mais aparece é o Batman, óbvio, e o Superman também tem um pouquinho de participação.
No enredo, Rui Aramiya, um moleque japa, vai para Gotham com o objetivo de saber o que aconteceu com seus pais, que desapareceram na explosão de uma usina. Ele é salvo de uns policiais corruptos pelo Batman e depois é abrigado pelo Gordon. Ao mesmo tempo, é revelado que quem explodiu a tal usina foi o Coringa, que se aliou a Luthor para explorar as tais Linhas de Ley de Gotham. Já é meio estranho Luthor se aliar ao Coringa, uma vez que ele sempre detestou o Palhaço do Crime por ser imprevisível e instável demais. Apesar de que esse negócio dos arqui-inimigos dos heróis se aliarem é algo bem DC, sim, desde a Era de Prata. Isso é algo que vem desde The World's Finest, título em que Batman e Superman faziam dobradinha.
Mais estranho ainda é ver o Luthor querendo obter poder por meio de magia, visto que o vilão na maioria das suas encarnações é um cientista e costuma usar a ciência para alcançar seus objetivos. Mas a caracterização do Luthor no mangá até que está legal. O Coringa é que ficou meio esquisito, com forte influência no design da versão de Heath Ledger. E ele ainda fica tomando o tal suco de Gaia e tendo uns diálogos sem sentido com o Batman. Há um flashback sobre a morte do Robin, e é mencionado que Jason Todd era o sidekick do Batman. Só não sei se o Dick existe nessa realidade do mangá. Mas isso mostra que a Shiori realmente pesquisou histórias e a cronologia da DC. Inclusive, no mangá, o Batman também está mais descuidado e violento após a morte do Jason, como aconteceu nos quadrinhos mais antigos. Estou até suspeitando que o moleque japa será o novo Robin.
No mangá, Batman e Superman são amigos como em The World's Finest e não se explora muito a rivalidade deles. O roteiro realmente não tem nada demais; é mais clichê mesmo. Porém, ainda vai continuar nos próximos volumes. A arte da Shiori é que se destaca. Ela tem um desenho muito bonito, ao meu ver. No entanto, como observei anteriormente, o que deve causar estranhamento é a versão mangá dos personagens, que difere da estética dos comics. A edição da Panini está caprichada, com papel couché e capa cartonada com orelhas. Vem até com um marcador de páginas. O preço está pela bagatela de 24,90, valor da época. Nota 6,5 de 10.
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