E eis que a Netflix finalmente libera o trailer da parte 2 de Mestres do Universo: Salvando Eternia. Espero francamente que seja menos polêmica que a parte 1, a qual a gente poderia até chamar de “desenho da Teela-Man”. “Ah, mas não tinha o nome de He-Man no título da animação, era Mestres do Universo”, alguém mais incauto pode responder. Sim, mas você viu o primeiro trailer? Só tinha He-Man e bem pouca Teela, e eram cenas do primeiro episódio, a maioria. Um grande estelionato que Kevin Smith e a Netflix fizeram com o fã mais nostálgico. Com infância não se brinca, viu?
No entanto, o pior veio mesmo depois. Para variar, nesses tempos de rede sociais, e também por conta do clima político em que vivemos, talvez, tudo está muito polarizado. É direita versus esquerda, conservadores versus progressistas, homem versus mulher, “nerdolas” versus “nerdinhas”. Mal comparando, o que aconteceu com esse desenho do He-Man do Kevin Smith foi a mesma coisa que a separação de Whindersson Nunes com a Luisa Sonza. Era a vida privada dos dois, mas os homens ficaram do lado do Whindersson e a mulheres, do da Luisa Sonza, e iniciou-se uma guerrinha homem versus mulher na internet.
Em Mestres do Universo: Salvando Eternia, ocorreu algo parecido. Kevin Smith tira Adam/He-Man logo de início, e a protagonista fica sendo uma versão masculinizada da Teela com corte de cabelo feminista. Tornou-se o desenho do “He-Man sem He-Man”, e isso é que deixou o fã injuriado. A reação do outro lado foi jogar todo mundo que estava reclamando na vala comum dos machistas e incels e partir para o ataque. Engraçado é que boa parte das pessoas que deram opiniões claramente mostrava que desconhecia muita coisa a respeito da mitologia de He-Man, ou até mesmo nem tivesse tanto contato com o desenho clássico da Filmation. Igual a esse povo que de uma hora para outra vira entendido em Marvel e DC. Dá para falar muita coisa a respeito de Mestres do Universo: Salvando Eternia, mas a maioria das discussões ficou no âmbito “feminismo e LGBT” e até ignorou outros aspectos, como a paródia que Kevin Smith fez com a Igreja Católica, exemplificada na religião de Triclope e Mandíbula. Não sou católico nem particularmente religioso, mas teve gente que ficou meio ofendida. Acredito que dá para trabalhar vilões com apelo religioso; um exemplo é o Diácono Blackfire na HQ O Messias do Batman, mas do jeito que Kevin Smith fez, acho que ficou meio largado.
Lógico que He-Man não
ficará somente na forma selvagem e voltará ao clássico. E enfrentará o Esqueleto
overpower com o poder de Grayskull. Também há o retorno de Scare Glow e
o resto da patota do Esqueleto, Teela aprendendo a lidar com o poder da Feiticeira
e antagonizando a Maligna, e o resto dos Mestres do Universo se reunindo, inclusive
com Ariete, Abelhão e todo mundo. Até gostei do trailer, mas o primeiro
também foi maravilhoso e enganou os fãs.
Resta saber se a animação
terá ressonância no que realmente importa para a Mattel, que é a venda de
brinquedos. Se tiver, aí sim uma segunda temporada estará garantida. Ouvi dizer
que a linha Origins do He-Man está vendendo bem no Brasil e ultrapassou a venda
dos bonecos da DC, e o objetivo agora é ultrapassar os da Marvel. Mas, como não
costumo acompanhar muito o universo de toys e action figures, apesar
de ter algumas dezenas, não posso confirmar.
Mestres do Universo: Salvando Eternia parte 2 estreia 23 de novembro. Até lá, veremos se Kevin Smith irá encerrar bem a história ou afundar tudo de vez.
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