Eric Arthur Blair ou simplesmente George Orwell é um dos mais importantes e influentes autores do século XX, nasceu em 1903 no norte da Índia e morreu em 1950 deixando diversos artigos e ensaios publicados, romances foram poucos, publicou apenas seis, porém dois deles são referências tanto literárias como filosóficas até hoje: o visionário 1984 e o conto de fadas A Revolução dos Bichos. Este último é uma sátira ao regime soviético de Stalin e o que seria a verdade por detrás da igualdade de direitos trabalhistas baseada na filosofia de Karl Marx, onde a sociedade capitalista seria abolida em prol de uma nova em que tudo seria produzido para o benefício de todos e distribuída de forma igual.
Contos de Fadas é o termo que designa as histórias fantásticas que usam elementos da fantasia ou do mundo animal para transmitir, através dos seus textos, lições de moral para as gerações futuras, pois era dessa forma que eram divulgados normalmente nos tempos em que os livros ainda eram privilégios dos mais abastados, o conhecimento popular usava esse pano de fundo para ser mais fácil de ser passado e compreendido. Se valendo dessa fórmula ancestral Orwell escreveu A Revolução dos Bichos, ele usou a imagem de uma fazenda com animais que se rebelam do domínio do seu dono humano para assumir o controle e viver em igualdade, mostrando mais tarde que tudo foi um grande engodo orquestrado pelos porcos, os mais inteligentes, que se aproveitaram da lealdade dos outros animais para lançarem a revolução, chegando ao poder se tornando ricos líderes políticos sob as alegações enganadoras de que todas suas decisões eram para benefício de todos.
É nesse ponto que o conto realiza sua crítica ao regime Stanilista e aos líderes russos: tudo que seria feito visando a melhoria do povo só revertia em mais poder ao partido, enquanto a massa se arrebentava de trabalhar, sem direito algum a reclamar ou questionar, qualquer um que levantasse a cabeça contra o que os líderes determinavam era punido com prisão, tortura ou morte. Com o passar do tempo a fábula de Orwell ganhou uma interpretação mais ampla, pode ter sido essa ou não a intenção dele, como socialista democrático ele era contra o autoritarismo ou totalitarismo partidário, seu texto tomou ares de crítica contra a maioria dos governos que agiam de forma semelhante. Podemos ler e enxergar ali uma analogia ao processo político que usa das falsas promessas de que o povo e a elite formariam uma só massa unida, próspera e feliz quando na verdade os dirigentes usufruem dos resultados melhorando sua própria vida relegando à massa trabalhadora uma parte racionada e mesquinha da sua esforçada produção, enganando de forma tão hábil a maioria que juram estar em pé de igualdade com seus líderes.
Eis a lição do conto de Orwell: Os porcos sobem ao poder se aproveitando das brechas e falhas do antigo regime, levantando falsas promessas, divulgando mentiras e enganando a massa, engordando apenas a si próprios e aos seus, enquanto o povo vive somente para trabalhar e atender aos seus desejos, em uma ilusória liberdade de crescimento, se você discorda do regime está fora, deve seguir somente suas diretrizes, sob pena de ser punido, afastado, caluniado ou coisa pior. Qualquer semelhança com nossa realidade política não é mera coincidência, vivemos em uma fazenda comandada por porcos que vivem em seus cercados superiores comendo do melhor que a nação pode oferecer, defendendo suas vontades e diretrizes a ferro e fogo enquanto parte da população clama por mudanças e outra parte aplaude a total falta de empatia com o próximo, concordando com qualquer insanidade proferida por seus líderes como se fosse uma verdade absoluta e inquestionável. Se você está doente, só o remédio deles irá te curar. Se está desempregado, pode aguentar com algumas migalhas, pois do pão eles não tem como abrir mão.
A família governante levou o nome do país para a lama, será realmente que o mundo inteiro é errado e somente eles sabem o que é certo? Eles que não tem nenhuma formação científica ou moral, eles que esfregam seu poder corrupto nas instituições se colocando acima de tudo e de todos como uma máfia insana e perigosa sem temer nada nem ninguém, sem se importar com quem vive ou com que morre a menos que seja cegamente obediente aos seus desvarios? Se vivesse hoje Orwell diria:
“O Brasil é um país que precisa de uma revolução, mas com outra raça de animais no comando, pois os porcos se tornaram piores do que os humanos que comandavam a fazenda antes e chegaram ao poder mais vorazes do que eles, fazendo da população um gado cego, ignorante dos seus direitos e obediente às últimas consequências.”
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