É nesse cenário que o encontramos no segundo encadernado, lidando com essa nova realidade (?) em suas vidas. Normalmente é estressante para qualquer marido levar a esposa para o hospital quando ela está tendo as primeiras contrações que anunciam a vinda do bebê, imagina quando o casal é composto de um super-herói e a sua esposa guerreira capaz de bater de frente com a Mulher Maravilha? O resultado não vai ser muito tranquilo para a equipe médica, ainda mais quando na sala de espera estão as Fúrias Femininas de Darkseid curiosas com o nascimento de um Novo Deus. Particularmente achei essa parte sensacional, é hilária de tão surreal.
Quando chega o momento de negociar um cessar-fogo as coisas começam a ficar realmente tensas, mas o roteiro da aventura não deixa de surpreender quando vemos que quem representa Apokolips nas negociações é Kalibak, o brutal guerreiro agindo como um negociador com direito a relatórios e organogramas? Como se fossem engravatados de escritório? Nota 10 para Tom King. Lendo as edições de Senhor Milagre pude entender o que aconteceu com o rendimento do escritor no título do Batman, King não me parece o autor que deva ficar preso por um longo tempo a um mesmo personagem, confesso que ainda não li seu trabalho com o Visão, mas fiquei com essa impressão comparando seu trabalho nos dois personagens. São poucos escritores que mantem a mesma qualidade escrevendo um título por anos como Walt Simonson em Thor e Chris Claremont em X-Men.
O ponto alto do arco final da minissérie acontece quando Apokolips entrega sua proposta para encerrar o conflito: Darkseid entrega os segredos da famosa Equação Antivida e retira suas forças do campo de batalha em troca da custódia do filho de Scott Free e Barda. Lembrando que o próprio Scott foi entregue a Darkseid pelo Pai Celestial como uma troca para um cessar fogo no passado, Órion foi para Nova Gênese sendo criado em seu lugar. O casal de heróis cresceu naquele inferno e a possibilidade de entregar seu primeiro filho para aquele mundo de horrores, mesmo que seja para encerrar a guerra, cai como uma bomba entre eles. Pensando como estrategistas é racional, como pais é inconcebível.
Enfim, um plano de ação é traçado e a sequência da concretização do acordo no palácio de Darkseid é eletrizante, para no fim ser revelado que a vida do Senhor Milagre estava presa a uma imensa armadilha, concebida por alguém conhecido por gostar muito de manipular eventos e testar realidades. Uma dica: Odisseia Cósmica. E a única constante em todo um universo de caos é a que... Darkseid É.
Terminando a leitura dessa minissérie sensacional e (se me permitem o trocadilho) escapista, fica a certeza de que o mundo dos quadrinhos não possui limites para a criação de sagas, basta esquecer os limites do convencional e abraçar as possibilidades.
Não se esqueçam: