The Batman - O Batman da geração sojada e Nutella? - É mesmo necessário mais um filme do Batman?



Pois é, DC Fandome rolando, os fãs todos surtando igual a garotas excitadas no show dos Backstreet Boys. Claro que todo mundo cagou para as novidades de quadrinhos; o foco obviamente foram os filmes, as séries e os games. O Ozymadias já fez uma análise dos principais trailers do evento. Então, só vou tomar como encargo comentar o trailer de The Batman, que foi o que mais me chamou atenção mesmo.

Não irei mentir, apesar de o Batman ser meu herói preferido, quando anunciaram um novo filme do personagem, tudo o que pensei foi “de novo”? Compreendo perfeitamente que ele é o herói não apenas mais popular da DC há mais de trinta anos, desde que superou o Superman em preferência, graças ao filme de 1989 de Tim Burton, mas também o mais lucrativo. E o que importa na indústria do entretenimento sempre foi o money.
A questão é que o fandom do Batman é bem dividido, cada um tem seu ator de Batman preferido. Parece time de futebol, mas talvez seja até pior. Uns gostam mais do Michael Keaton, outros de Christian Bale, e alguns de Ben Affleck. De Val Kilmer e George Clooney, se há fãs, é uma minoria silenciosa. Nem vou citar Adam West aqui porque é outra base comparação.
Outra coisa que quase todos os atores de Batman têm em comum é a polêmica. Em muitos dos casos, houve grande esperneio quando o nome foi anunciado. Foi assim com Michael Keaton, na era pré-internet, e com certa razão, diga-se de passagem, visto que Keaton não tinha muita semelhança física com o Bruce Wayne dos quadrinhos, e Tim Burton ainda preteriu Alec Baldwin, que realmente tinha mais cara de Bruce.
O esperneio teve sequência com a escolha de Ben Affleck como o Cavaleiro das Trevas, não apenas por seu passado de ator sofrível, mas por ter ficado queimado interpretando o Demolidor, quando cagou o herói da Cozinha do Inferno. O Bat-Affleck tem seus fãs xiitas, mas a verdade é que Batman vs Superman e Liga da Justiça de Zack Snyder não foram sucesso de público e crítica. Liga da Justiça perdeu em bilheteria até para o novo Jumanji. E, além disso, Ben Affleck gostava de tomar um goró, e entrou tanto na cachaça que foi parar no rehab.
Depois de tudo isso, imagino o CEO da Warner desesperado, ele deve ter pensado, “fudeu”! Agora não tem mais Batman no DCU, e os filmes da Marvel tudo bombando. Saudade das franquias de Harry Potter e O Senhor dos Anéis, que encheram nosso rabo de dinheiro.” O CEO chama um de seus executivos e dá a ele a incumbência de procurar outro ator para herói. O executivo provavelmente deve ter tido a ideia de um ator mais jovem para o papel, pois um Batman de meia idade apenas é popular no gibi de O Cavaleiro das Trevas, que só fanboy lê:
- Temos de procurar um Batman sojado, pois a molecada hoje em dia é tudo Nutella. Nada de Batman de meia idade amargurado, em vez isso um herói mais novo e emo.
- E você tem alguém em vista para o papel?
- Tenho, Robert Pattinson.
- Não é o vampiro emo de Crepúsculo? Sério que você quer esse viadinho? Tudo bem que a franquia deu dinheiro para o estúdio, mas é muita queimação de filme. Ele é galã teen, até minha filha ficava horny por ele.
- Na verdade, faz uns anos que Robert Pattinson tem tentado fugir desses estereótipos e fazer filmes mais “sérios”. Ele fez dois filmes com David Cronenberg, que é um diretor pica, de A Mosca. Pattinson está em Cosmópolis e Um Mapa para as Estrelas. Ele também está naquele filme O Farol, do mesmo diretor de A Bruxa, e a atuação dele está sendo muito elogiada, ao lado de Willem Dafoe, que é outro ator pica.
- E se ele só faz esses filmes cults, como é que você sabe que ele vai aceitar o papel de um blockbuster de super-herói.
- Tá de sacanagem? Qual ator que iria dizer não para o Batman? Pattinson está fazendo cu doce, mas está louco pelo papel.
- Beleza, fala com o agente do cara.
E o resto foi história, e mais esperneio.
Bom, agora vamos analisar o trailer do filme. Já começa com um barulho de fita adesiva, aí corta para o Charada, interpretado por Paul Dano, mas com uma máscara bizarra. Acredito que ele não vá ficar de máscara a maior parte do filme; afinal de contas, isso não tem muito a ver com o vilão e qual ator que não gosta de mostrar a cara. Isso só comprova que o Charada será mesmo o principal vilão do filme e que este é inspirado na HQ Ano Zero, uma vez que o grande vilão nesta é também o Charada. Aliás, desde que vi a primeira foto do Batman do filme, na moto, me veio a referência a Ano Zero, na sequência do Batman de moto. O vilão recebeu um upgrade nos Novos 52 e se tornou um mastermind assassino, mas preferia o Charada raiz, que não era tão perigoso assim. Claro que sempre vai ter um leitor boomer que vai me dizer que existe a HQ Cavaleiro das Trevas, Cidade das Trevas, em que o Charada é assassino psicótico, mas essa é uma versão meio ponto fora da curva do vilão. Bom, voltando ao trailer, está um cara morto com fita adesiva na cara, escrito “não mais mentiras”, hum.





Agora toca Something In The Way do Nirvana e narração em off do Charada, corta então para o comissário Gordon, interpretado por Jeffrey Wright, o primeiro ator negro a viver o personagem. Está certo que Gordon nunca foi negro nos quadrinhos e todos os atores que o interpretaram antes foram brancos, e as pessoas têm a informação visual dele como um cara branco, mas diversidade, né? Aquela lacradinha básica. Parece que Batman e Gordon já são chegados, apesar de esse filme teoricamente se passar no início da carreira do herói. Gordon até mostra para Batman o bilhete do Charada. Ih, esse Bruce Wayne agora usa sombra nos olhos, tenso. E parece um motoqueiro maloqueiro também.




Então, uma cena da Mulher-Gato da Zoë Kravitz, a filha do Lenny Kravitz. Não esperaram nem o corpo da Annie Hathaway esfriar, pelo visto. Mais diversidade aí. Na verdade, Zoë é a terceira negra a interpretar a personagem, que já foi encarnada por Eartha Kitt, na série do Batman de Adam West dos anos 60, e Halle Berry, naquele filme que todo mundo quer esquecer. Aí vai levantar o nerd chato e me dizer que a Mulher-Gato do filme da Halle Berry não é Selina Kyle, mas outra personagem. Ok, eu sei disso. Entretanto, é um filme oficial da Mulher-Gato produzido pela Warner. Não tem nem como negar isso. Vale dizer que Zoë seria mais mulata que negra, visto que o avô dela é branco. O pai de Lenny Kravitz é um cara branco, mas, lá nos EUA, se você tem um pouco de sangue negro, é negro e pronto. Não é como no Brasil, em que a miscigenação é mais aceita.





Finalmente, temos uma imagem do Pinguim interpretado por Colin Farrell. A maquiagem está impressionante, ou então Farrell ganhou muito peso. Só não tem o nariz para lá de adunco do vilão, ou até mesmo o monóculo e a cartola. É um Pinguim mais realista, como se tivesse saído de um filme do Nolan. Mas talvez seja um Pinguim mais “raiz”, porque o de Batman – O Retorno, vivido por Danny DeVito, parecia ter saído de um freak show. O Pinguim raiz é o gângster, boss dono da boate Iceberg Lounge. Na verdade, o Pinguim raiz mesmo é o ladrão, mas acho que o do filme será o boss. Pelo visto, ele será o vilão secundário do filme. E continua a narração em off do Charada.


Corta para uma imagem de uma gangue de palhaços inspirada provavelmente no Coringa. O estranho é que eles não conhecem o Batman. Um deles pergunta: “quem é você, porra?”. E Batman responde: “sou a vingança”, e mete o sarrafo. Pelo menos, a porradaria do filme será boa, ao que parece. Pode ser que esse filme considere o Coringa de Joaquin Phoenix em sua continuidade, mas acho pouco provável. A Warner não é de muito planejamento. Seguem várias cenas desconexas, Batman levando uma rasteira da Mulher-Gato, explosão, fogo. Mais narração em off do Charada. Opa, legal, Batmóvel com turbina. Batman fugindo da polícia com seu bat-arpão. Pinguim dirigindo loucamente. E o logotipo do filme em neon, oh. E termina com um diálogo em off de Batman e Charada, e o herói tirando a máscara/capacete e olhando para a câmera, com as sombras nos olhos, uia. Batman agora usa maquiagem, mas puta que pariu, heim?


Enfim, não achei o trailer ruim, mas a princípio ele não mostrou muito a que veio. O que eu gostei é que não tem nenhuma piada besta; é sério o tempo todo. Em todos os trailers desses filmes de super-herói, depois do logotipo do filme, sempre tem uma cena engraçadinha ou de piadinha. Não é só com os filmes da Marvel, que são conhecidos por serem imbecis, que isso acontece. Os trailers dos filmes da DC também têm uma última cena que é cômica. Pode ver isso no trailer de Aquaman, de Mulher-Maravilha 1984. Neste trailer de The Batman, não há uma única cena de piadinha. Tudo bem que nos próximos trailers podem ter umas cenas de piadinhas imbecis, mas neste primeiro não há.
Sinceramente, ainda não sei muito o que esperar desse filme. Ele parece mais dark do que imaginava. Achei que seria mais um filme para a molecada, e, a bem da verdade, talvez ainda seja. Dark nem sempre quer dizer adulto. Nos anos 90, tinha uma porrada de quadrinhos com estética dark, mas que na verdade eram para moleque. Spawn é um ótimo exemplo disso, e olha que eu gosto do personagem; não estou criticando, só evidenciando um fato. Se esse é o Batman para a geração sojada e Nutella, talvez não seja tão adulto, no final das contas, ou talvez seja adulto de um modo “sensível”, digamos assim. Também não estou necessariamente criticando. Apesar de todos os filmes do Batman terem censura PG-13 – ou seja, liberados para crianças a partir de certa idade e adolescentes –, o último filme para criança do herói foi aquela excrescência de Batman e Robin, do finado Joel Schumacher. Os filmes do Nolan têm uma narrativa mais para adultos. O Bat-Affleck é meio esquizofrênico. Em Batman vs Superman é violento, taciturno e amargurado, e mata e marca os bandidos com morcego de ferro em brasa. Em Liga da Justiça, é um Batman mais light, para a molecada. Esse Batman do Pattinson obviamente não parece ser voltado muito para o público-alvo de crianças, mas pode ser uma versão mais dark para moleque de 12, 13 anos achar da hora e “adulto”. E óbvio que as crianças irão querer ver esse filme. A questão é que os super-heróis em sua origem e essência são infantis. Não quero dizer imbecil ou infantiloide, como parece que acham que algo que é para criança deva ser hoje em dia. A verdade é que, com certa ascensão comercial da cultura nerd/geek, aconteceu também uma grande infantilização dos adultos.
Ademais, pode-se presumir que The Batman seja um caça-níquel? Óbvio que sim, pois é um filme nascido no desespero da ausência de Ben Affleck. Vamos combinar que, sim, o diretor, Matt Reeves, é um profissional competente, vindo dessa nova franquia de O Planeta dos Macacos, mas andorinha não faz verão, como dizem. Mas que mais um filme do Batman parece algo um tanto desnecessário, não há como negar. E, ademais, as únicas pessoas que vi comentando sobre esse trailer foram os fanboys. O povo mais leigo em HQs, civil, common people,  está ignorando. No entanto, concordo que ainda é cedo. A ver.




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