
Como já é sabido por muitos, o Coringa teve sua primeira aparição na clássica Batman no 1, de 1940. O vilão foi criado principalmente por Jerry Robinson, com Bill Finger ajudando no roteiro, e Bob Kane ficou com os loiros. Batman já havia enfrentado arqui-inimigos antes, como Dr. Morte e Hugo Strange, mas o Coringa quando surgiu roubou a cena e se tornou o vilão mais recorrente com quem o Cavaleiro das Trevas, auxiliado por seu sidekick Robin, travava embates na Era de Ouro. O vilão era um estouro, e a molecada ficou fascinada pelo maníaco de pele branca sorridente, visualmente inspirado no ator Conrad Veidt, que interpretou o protagonista da adaptação cinematográfica de O homem que ri, clássica obra de Vitor Hugo. Outra grande influência foram os vilões de Dick Tracy, criados por Chester Gold, que eram bem caricatos. Boa parte dos vilões do Batman teve uma grande inspiração do estilo caricato de Gold.





Um pouco depois, em 1988, na HQ A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, o Coringa atinge mais um grau na sua escalada de loucura e atrocidades. O Coringa de O Cavaleiro das Trevas já tinha sido apresentado como a versão mais hardcore do personagem, mas o de A Piada Mortal tem a particularidade de ser o canônico. A história dos bastidores que conheço é que originalmente essa HQ não tinha a intenção de ser canônica, mas o editor à época gostou tanto da história que decidiu que ela deveria ser a origem definitiva do Coringa, no pós Crise nas Infinitas Terras. Moore descreve o passado do vilão em flashback, em que, por conta da tragédia de sua vida, como marido e futuro pai fracassado, acaba colaborando com uma gangue e assumindo a identidade do Capuz Vermelho. Ao mergulhar no tanque de dejetos químicos, ressuscita como o insano Palhaço de Crime. Decidido a provar que qualquer um pode enlouquecer depois de “um dia ruim”, ele invade a casa do comissário Gordon e atira em Barbara Gordon, partindo sua espinha. O vilão então sequestra Gordon, o leva para seu circo com sua trupe de freaks, e o tortura psicologicamente, com fotos de Barbara nua. Se, por um lado, o destino do Coringa antes de enlouquecer parece inexorável, por outro, na HQ o próprio Batman dá uma lição de moral no vilão, dizendo que “não é porque alguém levou um tombo que deve ficar deitado no chão”, visto que a tentativa de tornar Gordon insano não funcionou.

Vale dizer que na HQ Coringa, de Brian Azzarello e Lee Bermejo, que mostra uma versão mais extrema do vilão, visualmente inspirado no Coringa de Heath Ledger, o Coringa realmente estupra com seu pinto branco a ex-mulher de um capanga que pisou na bola com ele. Na época, não me lembro se teve esperneio. Hoje, provavelmente teria. Não me incomoda muito o Coringa estuprar porque ele é um vilão e, no meu entender, vilões podem estuprar, entre outras atrocidades; afinal de contas, são caras maus, não? Mas esse é um ponto que incomoda mais algumas pessoas. É como se o Coringa passasse do limite. No entanto, espancar um adolescente com um pé de cabra, como ele fez com o Robin Jason Todd, em Morte em Família, tá tranquilo, tá favorável.
![]() |
Coringa - de Brian Azzarello e Lee Bermejo. |
![]() |
Coringa mata Jason Todd. |
![]() |
Coringa mata Sarah Essen |





Não vou nem comentar o Coringa de Jared Leto. Ele é ridículo, mas teve certa influência estética do Coringa do Morrison e do de All Star Batman, de Frank Miller e Jim Lee.


