Vou-me Embora Pra Bielorrússia

Vou-me embora pra Bielorrússia! Lá, tornarei-me amigo do rei!
No caso, de Alexander Lukashenko, líder que, desde 1994, governa com mão de ferro a Bielorrússia, hoje também chamada de Belarus. Alexander Lukashenko é considerado o último ditador da Europa por seus críticos e pela imprensa ocidental frouxa e afrescalhada.
Alexander Lukashenko não é ditador! A Bielorrússia foi república integrante da ex-URSS, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, logo, Alexander Lukashenko é da mesma linhagem dos antigos czares, dos cossacos, dos agentes da KGB e de Wladmir Putin, ou seja, Lukashenko não é ditador, é macho das antigas.
Como macho das antigas que é, Lukashenko também não teme o coronavírus, classifica a atual pandemia e sua respectiva quarentena preventiva de "frenesi" e "psicose". E não teme o coronavírus apenas pela sua congênita condição de macho, não teme o vírus chinês também por possuir uma eficaz terapêutica contra ele : trator (uma metáfora ao trabalho), vodka e banya (um tipo de sauna russa).
Trabalho, vodka e sauna! E não há coronavírus que nos abata, garante Lukashenko.
Em relação ao trabalho, Lukashenko explica : "Vocês têm que simplesmente trabalhar, especialmente nos vilarejos. Os tratores vão curar todo mundo. As plantações vão curar todo mundo''.
Concordo com Lukashenko. O trabalho, se tomado a rigor como qualquer atividade física, e não apenas como a profissão da qual tiramos nosso sustento, e se, mais ainda, for levado ao pé da letra de sua definição pela Física - uma força que aplicada sobre um corpo produz deslocamento, movimento - comprovadamente nos fortalece, torna-nos mais resistentes.
Atividades físicas regulares não só reforçam nossos aparatos muscular, respiratório e cardiovascular; fortalecem também o nosso sistema imunológico, põem nas pontas dos cascos as nossas Forças Armadas de linfócitos, anticorpos, macrófagos etc. Já o sedentarismo moderno, mais agravado agora, pela reclusão imposta pela quarentena, mais comprovadamente ainda, causa efeito oposto em nosso organismo. Deixa-nos flácidos, moleirões, obesos, muito mais sujeitos e vulneráveis a doenças respiratórias e vasculares. Igualmente, nosso sistema imunológico também se torna "sedentário", também fica preguiçoso, indolente e moloide, demora mais a responder ao ataque de um antígeno. Não é a toa que atletas - morram de raiva, esquerdistas - possuem, sim, um sistema imune mais eficiente. E, além do mais, sendo o coronavírus um vírus comunista, a melhor forma de afugentá-lo é, de fato, com trabalho.
Lukashenko está certo neste quesito.
Em relação ao segundo componente da receita, a vodka, Lukashenko diz : "As pessoas não deveriam apenas lavar suas mãos com vodca, mas também envenenar o vírus com ela. Vocês deveriam beber o equivalente a 100 mililitros de álcool por dia. Mas não no trabalho".
De novo, concordo Lukashenko. Embora considere um desperdício gastar vodka pra lavar as mãos, quando um simples sabão em pedra dá perfeitamente conta desta tarefa. Mas ingeri-la, na certa, pode sim combater o coronavírus. Ao mantermos uma adequada e constante concentração de álcool no sangue, transformamos nosso plasma numa espécie de álcool gel, um endoálcool gel a circular por todo o organismo e a fazer a assepsia do nosso maquinário interno.
Outro ponto para Lukashenko.
Em relação à sauna, Lukashenko diz : "Vá à sauna. Duas ou três vezes por semana vai fazer bem. E quando você sair da sauna, não apenas lave as mãos, mas também tome 100 ml de vodca".
E temos aqui o único componente da receita de Lukashenko do qual discordo. Trabalho, sim; vodka, tanto mais; mas sauna, tô fora. Que sauna é desculpa pra russo viado, pra matrioska louca, ficar manjando a rola do outro no anonimato do vapor.
Eu mesmo, sem saber, e tirando a coisa da sauna, venho seguindo a terapêutica de Lukashenko. Desde o início, nunca me furtei às minhas caminhadas quase que diárias (às vezes, a preguiça bate). Ou no romper da aurora, ou no cair do crepúsculo, saio e ando os meus 8, 10 km de sempre. Hoje mesmo caminhei. E, agora, comecei a tomar a minha vodka. Tomarei umas três ou quatro doses antes de dormir.
E a minha vodka é ainda mais poderosa que a de Lukashenko. Além do álcool e do gelo, leva umas rodelas de limão - fruto notoriamente rico em vitamina C, substância fortalecedora do sistema imune - e água tônica - bebida à base de quinina, composto extraído da árvore quina, muito usado no combate à malária e do qual a hidroxicloroquina, ou simplesmente cloroquina, é um derivado.
Minha vodka-tônica é um AZT, é um coquetel anticoronavírus!
Levanto um brinde de minha vodka-tônica a Alexander Lukashenko. Saúde! Ou, como diriam na Bielorrússia : Za Zdorovye !

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