Nada a Votar...


Escrito por: Sandro Figueiredo


Vou anular meu voto.

Eu simplesmente não acredito em política. Não POSSO acreditar. Uma porque é um sistema totalmente falível, voltado para os próprios interesses/benefícios (como todo sistema eficiente há de ser, aliás).
Outra porque as eleições são como um Carnaval fora de época, cheio de foliões fantasiados de candidato zombando do meu intelecto e limpando a bunda com o espaço no horário nobre que ganham.


Exemplos não faltam. Além da palhaçada de sempre, dessa vez tinha nego dizendo que ia aumentar o valor do Bolsa Família pra 500 paus. Ou propondo duplicar, triplicar, quadruplicar o Salário Mínimo. Só se a Casa da Dinda virar Casa das Primas e o governo começar a mexer com prostituição, porque, do contrário, não há economia que agüente. Difícil saber o que é pior: um dromedário com 0,5% das intenções de voto para Presidente propor uma barbaridade dessas ou o infeliz que quer votar nele ACREDITAR nessa porra.

Isso pra não falar do cara que quer ser Senador e assegurou que, se for eleito, vai apoiar a criação de um Estado palestino...

CARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALHO!!!

Dizer que o cu não tem a ver com as calças é POUCO! O que é que o cu tem a ver com os CÍLIOS seria mais aplicável nesse caso. O cara provavelmente não vai pintar um raio duma faixa de pedestre na rua da casa dele. Que pretensão internacional é essa?

É por essas e outras que o Sandro vai digitar 696969 várias vezes esse ano. E que nenhum moralistinhapseudopolitizado venha me dizer que, anulando meu voto, eu prejudico a democracia e ignoro o futuro político do meu país. Votar num candidato patético só pra cumprir tabela e/ou por falta de opção é mais ou menos como tentar decidir qual doença é melhor ter:

-“Ah, acho que esse ano eu vou votar no câncer, só pra ver qual que é. Dizem que dói, mas... Bom, tem também a AIDS. A Sobrevida aumentou bem na última década, mas o povo ainda tem muito preconceito... Em último caso, sempre tem a cirrose.”

Sério, a analogia não poderia calhar melhor. Eu olho pro trabalho dos marqueteiros durante o horário eleitoral gratuito, manipulando gente medíocre como se fosse massa de modelar, e penso que é como se estivessem tentando me convencer que o Mal de Alzheimer é um negócio que faz bem pra saúde.

Além do que, votar em pessoas visivelmente despreparadas, desinteressadas ou simplesmente corruptas e mal intencionadas é que devia ser condenável. Anular o voto, na minha visão, é não compactuar com a corrupção, com o cabresto, com o nepotismo, com o cabide de emprego, com o curral eleitoral e com o dinheiro público indo pro ralo pra financiar os excessos eleitoreiros.

Fora que os méritos que os candidatos tomam pra si me tiram do sério! Como é que o sujeito tem coragem de dizer que

-“EU tirei o país da crise.”

Ou

-“EU sou o pai de tal plano econômico.”

Parece que vivemos numa monarquia absolutista do século XVII, onde a palavra do monarca é lei. Quando, na realidade, acontece de tais eventos COINCIDIREM com o mandato de determinado governante. Se o opositor dele estivesse no poder na mesma época, tenho certeza de que aconteceria a mesma coisa. Fato. Quem realmente faz algo pelo país é o bando de Zé-ninguém que ganha pouco em Brasília. Os secretariozinhos, contadorezinhos, economistinhas e outros “inhos/inhas” afora, alheios ao eleitor. Esses é que são os sujeitos que mudam o país – de certo sem se dar conta/importar com isso – e cedem os méritos aos quadrúpedes nos cargos mais altos. E esse pessoal é apolítico. Trabalha de governo a governo, sem vínculo com o calendário eleitoral. Só quem não sabe disso é o povo.

-“Mas Sandro... Você sugere que a solução seja simplesmente cruzar os braços? Não votar é se alienar do status quo. É contribuir com coisa alguma.”

Eu não acredito em política, volto a dizer. Mas acredito em mudança. Em iniciativa privada. Em esforço individual e conjunto. Em empenho em prol do benefício coletivo. Em AGIR. Mas agir de verdade. Em tempos de falência do Estado, como os atuais, muita gente acha que a solução são as ONGs. Uma meia dúzia delas executa trabalhos sérios e importantes, é bem verdade. Mas o resto são partidóides. Um paralelismo ao modelo político convencional. Gente que quer entrar nas prefeituras pela porta dos fundos.

Quer fazer algo pela sua rua, distrito, cidade, estado, país? Pois vá e faça o que estiver ao seu alcance, ora. Não é mais válido do que apertar os botõezinhos da Urna Eletrônica, achar que fez sua parte e passar quatro anos reclamando da vida...?

P.S.: esse texto não teve a menor graça, eu sei. No entanto, aí vai uma compensação, estimado leitor: se quiser rir um pouco, ligue a TV no horário político.

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