Crítica: X-Men: Fênix Negra


X-Men: Fênix Negra
por Joba Tridente*
publicado originalmente em Claque ou Claquete

Fim ou recomeço? Em se tratando de HQ e ou de trilogia cinematográfica, pode ser qualquer coisa, dependendo da bilheteria ou do proprietário dos Direitos Autorais. Assim, independente do “desaparecimento” (ou seria morte?) de alguns personagens, X-Men: Fênix Negra, sendo o quarto filme na linha de sucessão da “trilogia” reiniciada com X-Men: Primeira Classe (2011), seguida de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) e “encerrada” com X-Men: Apocalipse (2016), pode tanto ser o prólogo de mais uma “retomada” ou “rebombinada” ou “recomeçada” dos “X”, quanto o epílogo da “recente” franquia. Os espectadores mais velhos (?) sabem que a saga dos Mutantes ganhou as telonas na borda da virada do século XX, com X-Men: O Filme (2000), acompanhado de X-Men 2 (2003) e botando um “The End” definitivo (?) no X-Men: O Confronto Final (2006)..., e também se lembram que a explosiva Jean Grey/Fênix, já soltava as suas labaredas devastadoras por ali. Quem viu lá, vai comparar aqui! Será que a leitura cinematográfica de hoje (com muito mais recursos técnicos) é melhor que a leitura de ontem?


Baseado nas HQs da Fênix Negra (de Chris Claremont, com arte de Dave Cockrum e John Byrne, publicadas em 1976-1977 e 1980) o filme de ação e drama, com pitadas românticas, X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix, 2019), roteirizado e dirigido por Simon Kinberg, nos (re)apresenta Jean Grey (Summer Fontana, criança, e Sophie Turner, adulta) vivendo dias felizes, como integrante da equipe de frente dos Mutantes, agora reverenciados como Super-Heróis. O ano é 1992 e quando o Professor Charles Xavier (James McAvoy), a pedido do presidente dos EUA, envia os seus melhores X-Men e X-Women numa missão de resgate da tripulação de um ônibus espacial, a equipe traz para a Terra, além dos astronautas, uma Jean Grey diferente, tomada por um força incontrolável, após absorver uma grande carga de energia cósmica. E na sua cola, uma “gente” com as piores intenções..., sob o comando de uma tal Smith (Jessica Chastain). Não vai ser fácil para Grey entender o que está acontecendo com ela e nem para os outros Mutantes encontrar uma forma de ajudá-la a controlar um misterioso poder que está colocando em risco a vida de todos ao seu redor..., e mesmo o equilíbrio do universo! Um poder que tem muito em comum com o poder de outra heroína vista recentemente nas telonas: Capitã Marvel. Aliás, os dois filmes (X-Men: Fênix Negra e Capitã Marvel) têm algumas situações em comum...


X-Men: Fênix Negra, obviamente, é protagonizado por Fênix, mas não dispensa a força coadjuvante dos obstinados Raven (Jennifer Lawrence); Ciclope (Tye Sheridan); Fera (Nicholas Hoult); Noturno (Kodi Smit-McPhee); Mercúrio (Evan Peters) e Magneto (Michael Fassbender), sempre dispostos a uma pancadaria entre si e ou com inimigos alienígenas em comum. Embora dê umas escorregadelas (ou seriam furos de edição?), o enredo busca (re)contar o drama de ação (com suas manjadas questões de família biológica e  ou afetiva) de forma breve e coerente com a fantasia de ficção científica dos quadrinhos, sem se desviar muito do assunto (salvar a heroína e o planeta) e sem apelar demasiadamente para a pieguice, a comiseração e ou o romance grude tapa buraco.

Tem de tudo um pouco do gênero (vilões vs. heróis vs. preconceito = a destruições espetaculares), mas nada que ocupe muito tempo na tela, a não ser as batalhas. Nem mesmo a irritante trilha horrorosa  é capaz de embaraçar a narrativa linear que apresenta algumas sequências impactantes (principalmente no primeiro ato), que podem fazer diferença para quem assistir em 3D (de profundidade) IMAX...., ponto para os ótimos efeitos especiais. Se bem que a explosiva briga (escura e confusa) entre a turma de Xavier e a de Magneto, não é das melhores, mas a dos dois times contra os violões, dentro de um trem (de novo?!), é muito legal (ou bem melhor que a terrível sequência da Capitã Marvel brigando com um Alien Metamorfo dentro do metrô). 




Enfim, sem espaço para o humor, mas sempre com abertura para interessantes questionamentos morais, X-Men: Fênix Negra cumpre o que promete: diversão alucinadamente cósmica, sem aborrecer e ou frustrar muito o leitor/espectador com algumas liberdades inteligentes..., já que HQ é uma coisa e cinema (apesar dos fotogramas) é outra um bocado diferente (ou quase). O elenco é excelente; os personagens estão menos histéricos e passionalmente equilibrados; os diálogos (curtos ou longos), para a história que se propõe contar, são bons, sem fugir muito do clichê aceitável e sem cientificismo de dar nó em cérebro da garotada. Ainda que tenha muitas surpresas já mostradas nos trailers (que só assisto depois da sessão normal!), não dá para comentar muito sem acabar cometendo spoiler. Se bem que a história da Fênix, ou ao menos seu argumento, é bastante conhecido, e o final (acredite!) não muda..., mas recebeu tratamento apoteótico de arrepiar. Quanto ao destino de Xavier e Magneto, este, sim, vai dar um nó..., se você, é claro, se lembrar de um final (?) mais ou menos recente dos dois...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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