Completa com etanol, por favor...


"Vá tomar no cu" é certamente a expressão de raiva, desprezo, desafeto, mal-querer e xingamento mais difundida da língua portuguesa, ao menos do português do Brasil.
"Vá tomar no cu" todo mundo conhece. Faz parte do nosso patrimônio cultural imaterial. Deveria figurar, se é que não, nos anais de nossos registros históricos e folclóricos mais remotos.
"Vá tomar no cu", independente de classe social, faixa etária, credo, etnia e regionalismos, todo brasileiro já mandou alguém, e/ou também já foi enviado a abjeto destino. 
Embora, é verdade, de umas décadas para cá, o "vá tomar no cu" perdeu muito de seu poderio bélico-ofensivo. Há trinta ou quarenta anos, tempos de hegemonia do macho das antigas, sugerir ao sujeito que profanasse a sacrossanta basílica de suas pregas, introduzindo cu adentro seja lá o que fosse, era ofensa mortal. Famílias contraíam rixas eternas e ficavam gerações a se odiar. Era injúria a ser resolvida com sangue derramado em duelo ao pôr-do-sol.
Hoje, nem tanto. Antes pelo contrário. Em tempos de embichamento planetário, muitas vezes, dependendo de quem, mandar que um sujeito "vá tomar no cu" é o mesmo que lhe desejar boa sorte, fazer-lhe votos de eterna felicidade.
E "tomar pelo cu"? Sim, caro leitor macho do Marreta, não é tomar no cu, em+o cu; é tomar pelo, por+o cu, através do cu, via cu.
"Tomar pelo cu", confesso, nunca tinha ouvido, era novidade para mim. Até anteontem, ao ler uma reportagem cujo link me foi enviado nos comentários do blog por um anônimo.
Conta a reportagem, publicada no portal Terra, que atualmente - tristes tempos de pregas frouxas e piscantes -, entre jovens dos Estados Unidos e da Europa, está a se consolidar a moda - ou a tendência, como preferem os viadinhos mais descolados - de se embriagar pelo toba, de tomar um porre pelo cu.
Tem aumentado significativamente o número de jovens a darem entrada nos hospitais depois de terem "ingerido" grandes quantidades de uísque, vodka ou vinho através de um tubo enfiado no cu. Até em coma alcoólico, alguns. Então, é coma alCUólico!
Se cu de bêbado já é, notoriamente, propriedade devoluta, sem escritura passada, cu bêbado, então, é mesmo terra de ninguém, nem assentamento de sem-terra quer.
E não é só pelo cu que a juventude de hoje do primeiro mundo está a se embriagar. Pela buceta e pelo olho, também. Pelo olho, órgão da visão; além do já citado olho do cu, o terceiro olho. Vídeos na internet mostram jovens praticando o "vodka eyeballing", que consiste em pingar vodka no olho. Meninas encharcam absorventes tipo tampão, o famoso OB, de vodka, enfiam na xavasca, vão para as baladas e o absorvente fica lá, dando de beber a noite toda à perseguida.
Segundo os médicos, os riscos de quem ingere álcool por vias alternativas são os mesmos do método convencional, os efeitos positivos e colaterais nada diferem entre si. Porém, tomar pelo cu dificulta o controle do quanto o viadinho está bebendo.
Quando bebemos, vamos tomando de pouquinho em pouquinho, de gole em gole, parando de vez em quando, dando um tempo, comendo um tira-gosto, se percebemos que estamos a passar do ponto. Pelo cu não tem jeito. A bichona vai, enfia o tubo e já injeta logo uma garrafa de vodka inteira, não vai ficar indo ao banheiro toda hora para dar de beber aos poucos para o cu. Além disso, a absorção do álcool pelas mucosas do intestino e da vagina é muito mais rápida, ocorrendo em minutos, enquanto que pode levar horas para a bebida ser processada se tomada por via oral.
Dei uma ligeira procurada por casos ANÁLogos no Brasil e não encontrei nada. Pelo visto, a moda ainda não aportou em terras tupiniquins. Ainda bem.
Se a moda pega por aqui, a bichinha vai chegar para o frentista do posto de combustíveis, abaixar a calça, empinar o toba e pedir : "completa com etanol, por favor...".
Pãããããããta que o pariu!!!


Fonte : Terra 

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