AQUAMAN - REVIEW



“Eu sei que eu não sou digno de ser rei. Mas é isso, ou algo bem pior.”

A
quaman talvez seja um dos filmes que menos tem vergonha de ser um filme de super-heróis que se verá no cinema, ou melhor dizendo, um dos mais imersivos em se tratando de mitologias e mundo fantásticos, uma espécie de “Fúria de Titãs” feito da maneira correta, em termos mais diretos. Após longa espera, incerteza, e divisões entre o público sob qual a “visão” (é preciso haver apenas uma?!) que o universo DC deve seguir nos cinemas, seja a realista e cinzenta de Zack Snyder, ou a radiante e esperançosa de Patty Jenkins, “Aquaman” bate o martelo na segunda opção, trazendo um longa que faz “Guardiões da Galáxia” ser um filme “sombrio” perto dele.




O roteiro (com o próprio Geoff Johns entre os escritores, astutamente envolvido) é o mais redondo possível, ao ponto de soar forçado com alguma atenção na quantidade de vezes que determinadas frases chaves são devolvida em momentos de revanches, a maneira como quase tudo é exposto em diálogos (embora as imagens não sejam poupadas, graças aos Deu$e$), até mesmo o fim cíclico com o começo. Conseguiram combinar as duas versões que mais lograram fama com o grande público, a “bruta” dos anos 90, com a imponente dos Novos 52, ambas trazendo o oposto da versão que virou galhofa popular, de um “loiro com cara de anjo que fala com peixinhos”. O uso inteligente desse dom de controlar e entender toda uma biodiversidade aquática, em vez de um poder ridicularizado, vira um aspecto da realeza separando tiranos impacientes de reis com capacidade de se comunicar com seu povo. Ponto para a criança interior de Johns.



E é justamente nesse “ser Rei”, que se equilibra toda uma série de provações, dignas das lendas dos mitos gregos (logicamente, com seus excessos característicos), e uma montagem complexa de reinos de fazer inveja as próprias divisões dessa temática no “sub-gênero”. Embora guarde similaridades – e até tomadas parecidas em planos aéreos — com “Pantera Negra”, fica nítido em “Aquaman” o desejo de superar visualmente tudo o que foi impressionante em Wakanda, com mais tecnologia, mais diversidade de pessoas e criaturas, tribos, tradições, mitos e efeitos especiais, se divergindo do filme de Ryan Coogler justamente ao abraçar o fantástico, enquanto Pantera é mais político, ai reside toda a beleza palpável do longa, e sua identidade, em meio a esse mar de “já vi isso antes” quando se fala em gente saída das revistinhas, com mais de 50 anos de mensais.

Embora leitores das antigas possam até se sentir desconfortável visualmente pelo visual – e estilo de briga – de lutador de WWE que Jason Momoa possui, acaba tendo empatia pelo sujeito justamente por sua simplicidade, não condizente com alguém que deveria um dia tomar conta de 70% do planeta. O visual serve de contraponto exato ao vilão Orm (aka Mestre dos Oceanos), com ar anticéptico, sério e pomposo, em armaduras e maneira de se prestar aos interlocutores. Patrick Wilson pode não ter feito um Zod, Thanos, ou Killmonger, mas consegue ser um vilão digno, não envergonhando em propósitos como o “Lobo de Esterco”. Sua motivação ecológica começa bem, mas o roteiro se sente tímido a ir por essa via, a exemplo do que Alan Moore fez em Monstro do Pântano, e prefere apostar no campo seguro e mais conhecido do grande público, de irmãos que não se conhecem e se odeiam, “amam” a mesma mulher, e “por acaso” devem duelar pelo direito de reinar. A grande decepção em antagonismo fica com o Arraia Negra (o esforçado ator Yahya Abdul-Mateen II), tendo uma inserção previsível, desperdiçado como apenas um desafio físico, quando na verdade se trata do maior nêmeses que passou pela vida de Arthur Curry, tendo inclusive lhe causado os danos mais irreversíveis nos quadrinhos. Por todo um “mergulho” que a direção faz com a percepção do público, um homem com capacete gigante, espadas e lasers nos olhos não parece tão estranho, após tubarões serem até mesmo usados como cavalaria em batalha. Na ação, o personagem se garante, o problema resiste a sua subserviência a alguém de uma espécie que pela lógica, ele enquadraria na vingança, dependendo até de certa forma para ter seu traje. Provavelmente pelo tamanho (até arrastado em alguns momentos) que a projeção final ficou, toda uma jornada inversa desse vilão, para ter condições de machucar o Aquaman, acabou tendo de ser cortada. Teríamos nós numa sequência um Arraia capaz de roubar o filme para si, enquanto acaba com os pais do Aquaman e seu possível filho e mão? É bem difícil, se a DC continuar a trilhar o caminho de “filme de Natal”.

James Wan consegue combinar várias referências de blockbusters, o filme é quase um tributo a filmografia mais “pipoca” do Spilberg e James Cameron, mas mostra que apesar de não figurar ainda entre os grandes, tem capacidade para dirigir filmes de verão com semelhante quadriloquência. Quem tiver o mínimo de bagagem, vai notar um "Indiana Jones", embalado com "Jurassic Park", "Tubarão", "Titanic" e "Avatar". Dito isso, fosse lançado nos anos 90, "Aquaman" teria virado um "Clássico da Sessão da Tarde" de muita gente, lançado "pós-Guerra Infinita", vira mais um "Ok, DC! Até que ficou bom vindo de você" do grande público. Eu, como minoria que ainda preferia reflexão de BvS, vou aguentando aonde dá, com filmes "limpinhos" vindo da DC, para não machucar o raciocínio de quem assiste.
Nota: 7,3

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Até o próximo.



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1 Comentários

  1. Reflexão de Man of Steel:

    Não salvou o pai de um tornado, mas destruiu um caminhão por causa de uma birra de bar.

    Rdflexão de BVS:

    Batman brucutu sendo manipulado por cartinha de intriga do Luthor.

    O plano mirabolante do Lex Luthor de destruir o Superman, pouco se lixando se vai destruir o mundo e a própria imagem.

    N-referencias aleatorias que nao acrescentam NADA à trama.

    Roteiro vendido como sério e maduro, mas que veio cheio de furos e descaracterizações dos melhores aspectos dos personagens, cho que a inteligência (a falta) de inteligência e desconfiança do Batman foi o caso mais gritante

    SAVE MARTHAAAAA.


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