Semana passada fui boazinha na lista e postei sobre coisas mais próximas do nosso planeta e não tão letais. Desta vez a lista conterá os maiores monstros estrelares que você jamais imaginou existirem! Prepare-se e confira:
**Algumas imagens são meramente ilustrativas e todas elas podem ser ampliadas clicando-se sobre as mesmas.**
Anel invisível - que Saturno é o planeta dos anéis tudo
mundo já sabe, mas recentemente foi descoberto mais um anel e dessa vez muito
maior do que se poderia imaginar. Utilizando infravermelho, os astrônomos
descobriram que Saturno tem mais um gigantesco anel de pó de gelo disperso, o
que explicaria porque é praticamente invisível com equipamentos comuns. Chega a
ser 20x mais espesso do que a altura de Saturno (e olha que ele é um planeta
enorme!) e ainda conta com respeitáveis 12milhões de km de extensão, ou seja, é
7mil vezes maior do que o próprio raio do planeta. Essa descoberta na verdade
destruiu a teoria de que anéis que ficam muito longe de planetas são
impossíveis, já que formariam novas luas ao invés de se manter espalhados ao
redor dele. Apesar de ser tão grande, suas partículas estão dispersas demais,
portanto 1km³ não teria mais do que 100 pedacinhos de gelo. O gigante anel
agora é chamado de "anel Febe".
Um estranho no ninho - no universo, graças às forças
gravitacionais, quase tudo tem uma forma circular ou esférica. Planetas,
galáxias, até as nebulosas se expandem nesse formato circular. Entretanto há
uma nebulosa que está intrigando os astrônomos porque ela é quadrada. Na
verdade ela tem um formato mais de cruz ou de 2 cones juntos, mas no final das
contas forma um quadrado. O brilho intenso do centro é provocado por uma estrela
que está prestes a explodir e quando isso acontecer, aí sim talvez ela se torne
mais redonda. A "nebulosa vermelha quadrada" é um fenômeno raro e
pouco conhecido da ciência. Outra nebulosa descoberta tinha um formato
retangular e 2 estrelas em seu centro.
 |
Nebulosa quadrada. |
 |
Nebulosa retangular. |
As estrelas frias - diferente da série "Futurama"
de Matt Groening (criador dos Simpsons também) que brincava com anúncios de
apartamentos de baixo custo à venda no Sol, nós nunca poderíamos passear ou
morar em algo do tipo. Estrelas são uma amostra grátis do inferno,
literalmente. São quentes, explosivas e tornam a ideia de morar no interior de
um vulcão ativo mais viável do que morar nelas. Bem, isso agora já não é mais
verdade. Depois da descoberta das anãs Y, você poderia começar a cogitar ter
uma casa de veraneio intergalática, já que essas estrelas frias contam com a
temperatura de apenas 27 graus, menos do que a temperatura do corpo humano. Mas
há 2 grandes problemas: esse tipo de estrela é bem difícil de ser detectada
porque quase não emitem calor e acredita-se que a gravidade delas é
extremamente brutal de tão alta, o que te esmagaria com facilidade. Virar
torresmo ou pastel? Melhor ficar na Terra mesmo e ir pra casa da sua tia em
Santos.
Open Bar espacial - perto da Via Láctea há uma gigantesca
nuvem que está intrigando pra valer os cientistas. Basicamente é uma batida de
rum com framboesa que o universo fez. Você pode achar que estou caçoando, mas é
verdade: é uma nuvem de rum com framboesa MESMO. Vou explicar: essa nuvem com
150 anos-luz de extensão chamada de Sagitário B2 contém cerca de bilhões e
bilhões de litros de álcool porque é basicamente composta das mesmas moléculas
do álcool e de metanoato de etila, um composto que tem cheiro de rum e também é
o mesmo componente que dá o sabor à framboesa. Se por um lado é uma boa notícia
ter um batidão grátis flutuando no universo capaz de gerar o coma alcoólico
mais astronômico no universo, por outro lado é melhor ainda porque esses
compostos podem indicar que há vida em outros planetas, já que o álcool precisa
de organismos vivos para ser criado. Já não bastasse uma nuvem gigante, ainda
tem os “garçons” correndo pelo universo que nada mais são do que cometas
etílicos. O cometa Lovejoy, por exemplo, corre liberando uma grande quantidade
de álcool e açúcar etílico. Alguns especulam que ele libere o equivalente a 500
garrafas de vinho por segundo. Ele é também um dos cometas mais brilhantes e
ativos que temos rodando pelo nosso sistema solar.
 |
Sagitário B2 |
 |
Cometa Lovejoy |
Estilingue galático - estilingues podem ser armas
letais, mas também podem ser brinquedos divertidos. Entretanto, um estilingue
astronômico gerado pela colisão de 2 galáxias pode ser um verdadeiro pesadelo!
No sistema CID-42, um fenômeno assustou os astrônomos: duas galáxias se
juntaram e lançaram um massivo buraco negro bem longe e bem rapidinho. Este
vídeo mostra uma simulação de como os cientistas acham que tudo aconteceu. O
ponto branco no vídeo é teoricamente o buraco negro, mas pode ser uma estrela
ou qualquer outra coisa realmente poderosa. Acredita-se que a força para lançar
algo tão grande e poderoso é tão absurdamente colossal que nossas mentes sequer
podem imaginar. O fenômeno só foi descoberto porque uma bola branca massiva de
energia apareceu entre as 2 galáxias e está se movimentando bem rápido para
fora de toda aquela confusão. Seja lá como for, vamos agradecer aos céus por
não estar no caminho dessa coisa!
A última viagem - quando você olha pro céu noturno e vê um
rastro brilhante, imediatamente chama aquilo de "estrela cadente".
Esse termo está muito errado simplesmente pelo fato de que nenhuma estrela
passou por ali e sim um meteorito queimando loucamente e deixando um rastro
para trás. Estrelas geralmente ficam paradas ou se movimentam muito pouco, mas
parece que a Mira resolveu viver seus últimos dias com uma certa glória
destruidora. Por algum motivo, Mira está literalmente correndo pelo universo a
uma velocidade de 469.319km/h! O majestoso rastro que deixa para trás mede
memoráveis 13 anos-luz e é composto de materiais que possivelmente ajudarão na
formação de novas estrelas e planetas. Essa foi a primeira "estrela
cadente" real que detectamos.
 |
Faça um desejo! |
Kitsune espacial - Kitsune é uma raposa do folclore japonês
que possui até 9 caudas, mas o universo tem o P/2013 P5, um cometa que tem 6
caudas. Ninguém sabe ao certo porque ele tem tantas caudas, mas uma das teorias
sugere que seja material ejetado de uma pilha de escombros presa nele. Na
verdade, alguns astrônomos afirmam que ele sequer seja um cometa, mas sim um
asteroide que está passeando por aí em alta velocidade e se desintegrando aos
poucos. O formato de peteca intriga os especialistas, pois parece que o asteroide
gira às vezes. É a primeira vez que um asteroide é detectado com tantas caudas.
O brilho misterioso – em 2006 o Hubble andava xeretando
universo afora quando de repente flagrou algo interessante na constelação de
Boieiro: um brilho intenso no meio do nada com uma forma totalmente estranha.
Uma estrela? Uma pulsar? Uma super nova? Um buraco negro? Curiosamente o objeto
não combinava com nenhuma forma ou brilho já conhecido pela astronomia.
Conhecido como SCP 06F6, o fenômeno se manteve brilhando por 100 dias e depois
misteriosamente diminuiu até desaparecer durante mais 100 dias. O brilho das
super novas dura apenas 20 dias e desaparece em um pouco mais de tempo, mas não
chega a 100 dias. O espectro incomum impediu que os astrônomos medissem sua
distância com infravermelho e sequer sabemos se ele estava dentro ou fora da
nossa galáxia. Outro fato interessante é que o local onde ele foi encontrado
raramente tem estrelas e se tem, elas são fracas ou distantes demais. O
satélite europeu XMM Newton detectou raios-x no fenômeno que chegava a ser 2x
mais intenso do que de super novas. O fenômeno se tornou o mais brilhante já
descoberto na história da astronomia, mas ninguém faz ideia do que era e por
que ele brilhava tanto. Certamente era necessária muita energia, mas muita
energia mesmo para conseguir esse feito. Entretanto, numa região do universo
que não tem quase nada, essa energia toda se acumular é praticamente
impossível! De qualquer forma, muitos cientistas mantém a teoria de que era um
novo tipo de super nova, mais massiva, mais destrutiva e muito, mas muito mais
brilhante. O mistério permanece.
 |
Comparado aos outros "brilhos" ao redor, o SCP 06F6 era muito mais forte. |
Ímã astronômico - pulsares, super novas e quasares são
assustadores, mas uma nova descoberta pode te trazer mais pesadelos! Chamados
de Magnetares, essas estrelas mega pesadas tem potência suficiente pra apagar o
seu cartão de crédito há anos-luz com seu magnetismo! Basicamente ele converte
calor e energia rotacional em energia magnética super forte em certos
intervalos de tempo. Eles também emitem um brilho constante de raios-x em alta
potência e seu campo magnético pode chegar a ser 1000 trilhões mais potente do
que o do nosso planeta. Sua superfície queima a respeitáveis 10 milhões de
graus celsius. Mas toda essa energia e magnetismo são cruéis para a pobre
estrela que se deforma de tempos em tempos e libera feixes de radiação gama
capazes de ofuscarem as estrelas mais potentes, o que é basicamente um suicídio
lento e doloroso para o magnetar. Acredita-se que se estivéssemos a cerca de 10
anos-luz de um magnetar, ele destruiria a nossa camada de ozônio e
consequentemente a vida na Terra. Teorias sugerem que eles surjam de super
novas, mas é um fenômeno bem raro pra nossa sorte.

O batatão – os medievais estavam errados quando disseram
que a Terra era plana e os modernos mais errados ainda quando disseram que a
Terra era redonda. Se tirarmos toda a água, tudo se resume a uma forma bem
desigual e até meio feia que parece mais uma batata do que uma bola. É isso
mesmo, nós vivemos num batatão de rochas inundado de água que flutua no
espaço!hehe Veja-o
aqui em 3D.
O Everest que se cuide! – O monte Everest é bem conhecido
por todos nós, principalmente por ser um dos mais altos do nosso planeta. Mas
em Marte há o DEUS de todas as montanhas descobertas até agora! Seu nome é
“Monte Olimpo” e acredita-se que ele seja um vulcão também. Pra se ter uma
ideia, ele é maior do que a França em extensão e quase 3x mais alto do que o
Everest, sendo que pode chegar bem próximo de quase sair da atmosfera de Marte.
Se você ficasse numa ponta da boca dele e olhasse para frente, não conseguiria
ver o final porque ele se perderia no horizonte de tão gigantesco que é.
 |
A França está em cinza e em bege está o monte Olimpo. |
A rainha das galáxias - IC 1101 está a 1 bilhão de anos-luz da Terra.
Medindo cerca de 6 milhões de anos-luz, contém até 100 trilhões de estrelas a
mais do que a Via Láctea que supostamente tem 200 milhões de estrelas. Tudo
isso lhe dá o título de maior galáxia já descoberta. É um verdadeiro monstro
que faz a Via Láctea parecer um grão de mostarda.
 |
Da esquerda pra direita: Via Láctea (nós), a galáxia de Andrômeda, a galáxia M87 e por fim a majestosa IC 1101. |
A gigante - e por falar em coisas gigantes, logo na
constelação de Canis Major fica a VY Canis Majoris, a maior estrela já
descoberta. Ela é tão gigantesca que chega a ter 1500x o tamanho do sol,
tornando-o um grão de areia perto dela. Se pudéssemos viajar de avião a 900km/h, demoraríamos 1100 anos para completar uma volta ao redor dela.
 |
Esta é uma foto dela. |
Astronômico é pouco - ficou assustado (a) com a galáxia
gigante ou a estrela gigante? Pois saiba que há coisa pior e muito, mas muito
mais destrutiva. Conhecido como "Large Quasar Group" ou LQG, é na
verdade uma coleção de 74 quasares próximos uns dos outros. O quasar é
basicamente uma estrutura massiva e muito poderosa que chega a ser mais potente
que uma estrela, mas menor do que uma galáxia, apesar de ter tanto brilho
quanto a nossa via Láctea. Os quasares são a única coisa conhecida no universo
que é capaz de liberar altíssimas quantidades de energia. Ninguém sabe o que
são realmente, mas algumas teorias sugerem que sejam grandes buracos negros
poderosos o suficiente pra destruir até pensamento! Agora imagina um bando
dessas coisas juntas? Certamente você não iria querer topar com o LQG, cujas
dimensões chegam a ser 40mil vezes maiores do que as da nossa singela galáxia.
Pra se ter uma ideia, levaria 4 bilhões de anos pra atravessar o LQG de uma
ponta a outra na velocidade da luz. A coisa toda quebra uma pancada de teorias
da física, principalmente as que discutem sobre a formação do universo e sobre
o tamanho máximo de estruturas que podem existir no espaço.
 |
Cada bolinha preta é um quasar. |
Viagens com cuidado quadruplicado – depois de saber o que
tem pelo universo, você certamente entendeu que viagens espaciais terão que ser
bem planejadas e com rotas alternativas, pois encontrar com um asteroide ou uma
estrela como a Mira pelo caminho com certeza seria uma péssima ideia. Um
acidente com um meteorito em alta velocidade poderia ainda estraçalhar com as
naves, fazendo com que as pombas e patos que são sugados pelas turbinas dos
aviões sejam brincadeira de criança! Claro que há mais espaço livre no universo
do que ocupado, o que por si só deixaria muitas rotas livres de grandes
estrelas e planetas, mas ainda sim tem coisas invisíveis pelo caminho que
poderiam nos atrapalhar como buracos negros, por exemplo. Já pensou ir visitar
a sua avó na galáxia de Andrômeda e dar de cara com um grande buraco negro
intrometido? E ainda teríamos que lidar com a massiva radiação cósmica, a mais
alta já detectada e a rainha do espectro de radiações ionizantes. Ela poderia
literalmente te cozinhar em minutos ou segundos! Atualmente há vários governos
e empresas privadas desenvolvendo motores especiais e carcaças de naves capazes
de aguentar o tranco das viagens espaciais, mas quem sabe nos próximos séculos
consigamos tal feito? Isso, é claro, se a humanidade não se acabar em bombas
atômicas antes. Talvez uma escolha viável sejam os vazios mencionados no post anterior, pois lá poderíamos testar nossas naves super velozes sem ter medo de bater em nada. Quem sabe até montar uma pista de corrida espacial?

Mais alguns dados sobre nós - a distância entre a Terra e a Lua é tão grande que os outros planetas caberiam entre elas. Hoje a Lua está a 400 mil quilômetros, mas se afasta 3 centímetros a cada ano.
Durante a noite, apenas as estrelas contidas nesse pequeno círculo amarelo são visíveis da Terra a olho nu.
Os sinais de rádio emitidos da Terra alcançam apenas este espaço mostrado no quadrado da figura.
Esta
animação mostra como seria se Júpiter estivesse no lugar da Lua. Só pra finalizar, veja
este vídeo com o tamanho das coisas do universo, começando da Lua e indo parar na VY Canis Majoris. Sinta-se um átomo no universo!
Afinal, existe mesmo vida lá fora? – depende do que você
considera como “vida”. Eu sempre respondo que sim e eis o porquê: inúmeras rochas
espaciais já vieram parar aqui e muitas tem organismos unicelulares bem
simples. Isso, para mim, é vida. E não surgiu aqui na Terra. Agora vida
inteligente, bem, aí já são outros 500! E você, leitor (a), o que pensa a
respeito?
VEJA MAIS:
Parte 1
Como seria viajar pelo universo? – um homem reuniu uma
série de fotografias do satélite Spitzer e criou um ambiente totalmente 3D.
Ponha os fones de ouvido, habilite a definição HD do vídeo (se possível), bote em tela cheia e dê o play! É uma experiência única, te garanto!
Veja a aurora boreal - a Agência Espacial Canadense disponibiliza imagens em tempo real da aurora boreal no Canadá. Mas preste atenção ao fuso horário, já que a câmera não funciona enquanto estiver de dia por lá. O fuso Brasil-Canadá é de cerca de 1 a 4 horas atrás do horário de Brasília, dependendo da região, então programe-se, acesse o site e, se você tiver sorte, verá algumas auroras boreais riscando o céu noturno do hemisfério norte. E leve em conta o horário de verão também. Perdeu a transmissão? Não fique triste, pois eles também disponibilizam um replay do que foi capturado no próprio site e assim você poderá rever ou ver o que perdeu.
Veja a Via Láctea - um fotógrafo foi até uma montanha na Espanha e filmou este espetáculo do céu noturno que mostra uma pequena parte da nossa galáxia.