Nessa sexta passada,
dia 1 de agosto, foi o Dia do Homem Aranha, dedicado ao escalador de paredes
favorito de vários fãs de hqs e cultura pop.
Sendo um ícone que esteve presente por 63 anos nas hqs e adaptações, o Aranha teve várias versões diferentes que se conectaram com fãs de cada geração, com alguns debatendo qual é a definitiva (o que, vamos encarar, é um argumento sem vencedor, com a resposta dependendo da opinião pessoal do fã).
Portanto, em homenagem
ao Dia do Homem Aranha, nesse texto irei falar da versão que eu considero a
melhor do Homem Aranha, tanto em hqs quanto filmes, séries e vídeo games: A
versão do “Homem Aranha Série Animada”.
Com certeza um das
adaptações mais lembradas do personagem, com esse desenho tendo sido a
introdução de vários fãs, incluindo este que vos escreves, a mitologia do
cabeça de teia.
Embora tem outras
versões legais do personagens como os dos filmes, do Espetacular Homem Aranha e
do jogo de PS4, a versão do desenho dos anos 90 continua sendo a melhor versão
do personagem em vários aspectos.
Por que acho isso? Que
aspectos são esses que me refiro?
Vamos vê-los um por um
Adaptação de histórias icônicas e subestimadas
Um dos motivos por trás
do sucesso da série animada foram as várias história que ela adaptou dos
quadrinhos. Não só tiveram episódio adaptando histórias icônicas como “O Menino
que colecionava Homem Aranha” e “A Saga do Duende Macabro”, como também de
histórias não tão conhecidas como a primeira aparição do Mysterio, a Saga da
Tabuleta Antiga, ou "24 horas até o Juízo Final" (onde o Aranha e o Jameson ficam algemados a uma bomba). Isso demonstrou
com John Semper Jr e sua equipe de produtores conheciam as hqs e como passa-las
para animação.
Porém isso não
significa que eles eram puristas e obcecados em apenas copiarem o
material-fonte. Eles também fizeram mudanças para adequa-las a narrativa do
desenho. O melhor exemplo tendo sido a Saga de Venom/do traje negro, onde eles
estabeleceram detalhes mais conhecidos pelos fãs da história, como Eddie Brock
sendo rival do Peter no Clarim Diário, o simbiote sendo trazido pra Terra pelo
John Jameson ou, o mais importante, o fato do simbiote tornar o Aranha mais
agressivo.
Tal como Batman Série Animada, a série do
Aranha não só adaptou as hqs, como também as influenciou, estabelecendo
detalhes como a relação de mentor e aluno entre o Peter e o Doutor Octopus e o
conceito do Aranhaverso, com Homem Aranha tendo aventuras ao lado de versões
alternativas de si mesmo.
Melhores
team-ups e crossovers
Embora eu defenda o
Homem do Aranha do MCU como uma boa adaptação e a forma como mostrou o Peter
indo de um jovem adolescente para um herói que vira parte desse vasto universo
de aventuras, Homem Aranha Série Animada fez esse conceito melhor.
Não só a série teve o
Aranha se encontrando com várias figuras conhecidas da Marvel, como Demolidor,
Homem de Ferro, Justiceiro e os X-men, mas ele também acertou na diversidade de
dinâmicas. Ao invés de ter cada herói agindo como um mentor para o Aranha, a
série criava diferentes interações entre ele e o resto do universo Marvel.
Enquanto alguns heróis como Homem de Ferro e Capitão América se dão bem com o
Aranha, outros (como Justiceiro e os X-men) desconfiam dele a princípio, fazendo-o
ter que conquistar a confiança desses heróis, indo de um jovem subestimado para
um herói respeitado pelos outros.
O Aranha age como um
perfeito “olhos do público”, com os telespectadores aprendendo mais sobre o
universo Marvel a medida que ele (que é apenas um herói urbano) vai tendo que
sair de sua zona de conforto e conhecer o lado defendido pelos outros heróis,
tornando a série não só uma boa adaptação do Aranha como também um cartão de
entrada para qualquer que queira conhecer o universo Marvel.
Vilões
bem desenvolvidos
Tendo durado 5
temporadas, a série introduziu vários dos inimigos do Aranha, desde famosos
como Doutor Octopus, Escorpião, Mysterio e Carnificina a personagens bem lado c
ou d como Big-Wheel, Rocket Racer e o Gatuno (a versão do Robbie Brown, não a
conhecida do Aaron Davis, tio do Miles Morales).
Embora muitos deles
fossem vilões de semana, os roteiros sabiam dar eles personalidades e
motivações próprias do que serem apenas “vilões genéricos querendo dominar o
mundo”, como foi o caso com o Doutor Octopus (que foi de um cientista louco
criminoso para um homem amargurado, obcecado em completar seus experimentos e
se vingar daqueles que o subestimaram) ou Escorpião (que foi representado como
um homem transformado num monstro).
A força da galeria de
vilões vinha pela forma como eles refletiam o Peter em aspectos como suas
perdas, suas frustrações e seus deveres. Só que ao contrário do herói, seus
inimigos escolheram um caminho diferente, buscando abusar de seus poderes para
beneficio próprio, sendo responsáveis por suas próprias tragédias. Isso é
evidente pelos três grandes vilões da série: Venom, Rei do Crime e Duende Verde.
Ao invés de ser
introduzido em sua identidade vilanesca, Eddie Brock foi estabelecido bem no
primeiro episódio como rival do Peter, buscando ter sucesso e fama como o
fotógrafo, porém não demonstrando a mesma moralidade, buscando encontrar
desculpas para justificar suas ações egoístas e prejudiciais. Quando seus erros
finalmente lhe custam seu emprego, Brock passa a odiar o Aranha e culpa-lo por
seus problemas, tornando a razão para ele ceder ao simbiote mais
compreensível.
No entanto a série
também destaca suas qualidades redimíveis, visto que Brock, em sua última
aparição desenvolve um interesse pela doutora Kafka e, no final, deixa suas
diferenças com o Aranha de lado para salva-la.
Essa direção não foi
aplicada a Wilson Fisk o Rei do Crime, que foi um dos vilões recorrentes na
série. Similar ao Lápide no desenho do Espetacular Homem Aranha, Fisk foi apresentando
como o chefão do crime de Nova York, estando envolvido em várias operações para
obter mais poder ou eliminar o Aranha.
Porém, conforme a série foi avançando nós aprendemos mais sobre seu passado, como ele foi de um jovem abandonado pelo pai para apodrecer na prisão para um mafioso inescrupuloso, como também sua relação com sua familia (sua esposa Vanessa e seu filho Richard) e como ela vai sendo destruída pela recusa do Fisk em abrir mão de seu império e sua vida criminosa.
Melhor
rivalidade com o Duende Verde
Impossível discutir os
vilões do Aranha na série sem falar de seu maior inimigo: O Duende Verde.
A versão do Norman
Osborn nessa série é bem diferente do que muitos estão acostumados. Ele é
representado como pai negligente do Harry Osborn e um empresário, porém ele não
completamente mal ou abusivo com seu filho. Norman é apresentado como um homem
que ficou endividado com Fisk e é forçado a pagar o débito ajudando o vilão em
seus esquemas para eliminar o Aranha, um fato que Norman esconde do público,
principalmente do Harry, com quem ele realmente se importa. Ele se arrepende de ter se envolvido com Fisk, porém ao invés de se redimir e se opor ao vilão, ele abre mão de qualquer oportunidade por temer as consequências.
Após sofrer vários
fracassos em eliminar o Aranha e Fisk, com o ultimo continuando abusa-lo,
Norman foi apenas desenvolvendo mais ódio de seus inimigos, culminando no
episódio “Surge o Duende Verde”, onde ele sofre o acidente que o torna insano e
faz virar o Duende Verde, buscando vingança contra todos que ele culpa por seus
problemas.
Mesmo depois de ser
derrotado pelo Aranha e terminar preso em outra dimensão, Norman não desisti de
atormentar o herói, usando um link psíquico com seu filho Harry, para
manipula-lo a se tornar o novo Duende Verde, demonstrando como Norman perdeu
sua humanidade nesse ponto, disposto a usar seu próprio filho em sua vingança,
a coisa que ele sempre quis evitar.
Todo esse
desenvolvimento contribui ainda mais para a rivalidade entre Aranha e Osborn,
com ele representando o que Peter poderia se tornar se escolhe culpar outros
por seus problemas, ao invés de assumir responsabilidade por eles.
Elenco
de apoio bem desenvolvido
Assim como os vilões, o
elenco de apoio do Aranha no desenho também foi memorável e bem desenvolvido.
Talvez não no mesmo nível que Espetacular Homem Aranha, porém personagens no
série tinham crescimento no decorrer dos episódios, mesmo que fosse feito de
forma sutil.
Flash Thompson, por
exemplo, não chega a ser utilizado como outras versões. Porém, quando aparece é
mostrado ele indo foi de um rival do Peter pela Felicia Hardy para um homem mais
empático, corajoso e até desenvolvendo uma amizade/romance com a nerd Debra
Whitman.
Outro personagem a
receber destaque é o Robbie Robertson, que não só age como defensor do Aranha
no Clarim Diário, mas também recebe episódios que exploram sua relação com sua
família e sua rivalidade com o Lápide.
Falando no Clarim
Diário, eu tenho que citar o J. Jonah Jamenson. Embora seja apresentado como
nós fãs conhecemos, um velho ranzinza que vive criticando o Aranha, a série
também apresentada vários momentos onde Jameson realiza ações boas por seus
empregados, desde pagar Matt Murdock para defender o Peter num julgamento e
buscar provas para limpar o nome de Robertson, após esse ter sido incriminado
pelo Lápide. Até mesmo seu ódio pelo Aranha é explicado bem cedo na série,
tornando o Jameson um personagem mais complexo do que apenas um rabugento
genérico.
Porém as coadjuvantes
mais desenvolvidas na série são as duas mulheres na vida do Peter Parker:
Felícia Hardy (A Gata Negra) e Mary Jane Watson.
Tal como fizeram com Eddie Brock (e pra diferenciar da Mulher gato da DC), os produtores fizeram uma boa decisão em introduzir Felícia logo no início da série como uma colega de faculdade do Peter, com um padrão bem de riquinha popular, mas nunca a ponto de fazer dela uma patricinha estereotipada.
Conforme a série vai avançando é revelado detalhes sobre sua vida, como sua história com seu pai, Walter Hardy e como a falta dele a levou se tornar essa moça que sempre se envolve em relacionamentos problemáticos, incluindo com Morbius e Homem Aranha.
Isso torna
o momento onde Felicia se torna a Gata Negra bem memorável, pois representa ela
se tornando uma heroína, colocando os interesses de outros acima dos dela.
Já a Mary Jane Watson,
apesar de não ser tão descontraída, continuou fiel em aspectos chaves de sua
versão das hqs, como seu passado problemático com um pai abusivo e seu desejo
de se tornar uma atriz.
Embora a personagem se
metesse em vários apuros, ela tava longe de ser uma donzela em perigo, tendo
vários momentos em que ela demonstra sua astúcia e determinação para se virar
diante os problemas, mesmo sem a ajuda do Aranha (os melhores exemplos disso
sendo os episódios envolvendo o Hydro-Man).
Usou
a censura ao seu favor
Um dos aspectos pelo
qual a série é conhecida até hoje são as censuras que ela sofreu dos executivos
da Fox Kids, que foram bem mais exigentes comparado a outros desenhos da época como
Batman Série Animada e Gárgulas.
Por causa de suas
regras, o desenho tinha uma violência física limita (ex: O Aranha não podia
bater nos vilões), não podia mostrar sangue (daí o motivo de personagens como
Morbius se alimentarem de plasma), personagens não podiam ser mortos (daí o
porquê da série não ter a presença de Gwen ou do Capitão Stacy ou Jean DeWolff) ou sequer
falarem em palavras como “matar” ou “morrer”, etc...
Esse detalhe poderia
ter sido uma grande desvantagem contra o desenho baseado num quadrinho de ação
e aventura. Contudo John Semper Jr e sua equipe conseguiram formas de usar
essas limitações ao favor do desenho.
Por exemplo, a situação
menciona do Morbius, como não podiam ter ele sugando sangue pelas presas, os
produtores o colocaram sugando plasma por ventosas em suas mãos. Isso não só dá
um detalhe bem de “horror-body” para personagem como ajuda a destacar Morbius
de outros vampiros como Blade, estabelecendo que ele é um ser criado por
ciência e não misticismo.
Outro caso foi no final da terceira temporada, Ponto sem retorno, que adaptou a “Noite em a Gwen Stacy Morreu”. Como não puderam introduzir a Gwen no desenho, os produtores trocaram ela pela Mary Jane. No lugar da história terminar com ela e Norman Osborn sendo mortos, eles acabam sendo sugador por portais dimensionais, o que, quando analisado, é um destino pior do que a morte e deixa uma ponta solta para ambos personagens voltarem sem precisar de uma explicação complicada pro retorno deles.
Contudo, a melhor superação da censura foram nas cenas de luta do Aranha. Por não poderem ter o herói batendo nos vilões, os produtores não só foram criativos, mostrando o Aranha derrotando seus inimigos com inteligência e artimanhas, como fizeram ser parte do arco do Aranha em alguns episódios, com ele demonstrando por seus inimigos e tentando redimi-los ou engana-los, ao invés de recorrer a força bruta.
Peter
Parker bem representado
Já tendo falado dos
arcos, dos crossovers, dos vilões e elenco de apoio, é hora de falar da melhor
coisa que o Aranha da série animada tinha de melhor em comparação com outras
versões: O próprio homem aranha.
Superficialmente o
Peter da série tem todos os aspectos que associamos com o personagem, os
dilemas, os azares, seu trabalho como fotógrafo, seu interesse em ciências e
seu senso de humor (as piadas do Aranha são pura comédia no desenho).
Porém o ponto que o
desenho acerta em cheio é a caracterização do Peter.
Nada contra versões
como o Tobey Maguire, Andrew Garfield, Tom Holland, do Espetacular Homem
Aranha, entre outros. Mas, desde o filme do Aranha do Raimi parece que todas
adaptações ficam representando o Peter como esse nerd tímido e adorável que ocasionalmente
comete erros.
Essa personalidade não
é ruim, porém é diferente do Peter Parker das hqs do Stan Lee e Steve Ditko.
Nelas o Peter, embora ainda um nerd, era
mais confiante, charmoso, sarcástico mas podia ser um pouco arrogante, impulsivo
e facilmente provocado. Mesmo quando ele se torna o Aranha, essas qualidades
não somem e sim permanecem sendo defeitos que o Peter é forçado a confrontar.
Sua história não é
sobre um garoto simpático aprendendo a preservar sua bondade. É sobre um garoto
problemático aprendendo a ser um homem responsável, altruísta e, o mais
importante, empático em relação as pessoas e buscar ajuda-las.
Essa é a qualidade que
o desenho do Aranha explora em suas temporadas. No inicio o Peter demonstra ter
seus defeitos, como uma atitude impulsiva e frustração com os problemas em suas
vida.
Contudo, com o
desenrolar da série, ele vai se tornando mais controlado, a conhecer melhor
seus amigos e inimigos, a reconhecer a influência que ele teve na vida pessoas
e no final de tudo, encontrar aceitação na vida que tem.
Isso é totalmente
personificado no final da série, onde o Aranha salva do multiverso do
Aranha-Carnificina, uma versão alternativa do Peter que não teve o mesmo
crescimento que ele e escolheu deixar que os problemas de sua vida o
corrompessem. Ao invés de finalizar seu inimigo com uma luta épica, o Aranha
foi capaz de derrota-lo com a ajuda de uma versão do Tio Ben, tentando resgatar
a humanidade de seu oponente (a representação dos defeitos do Peter).
O Homem Aranha dos anos
90 pode não teve a conclusão que muitos fãs esperavam, com ele se reencontrando
com a Mary Jane, se casando e tendo filhos. Mas, o que ele teve foi uma
conclusão para seu arco emocional, aprendendo a aceitar sua vida imperfeita e
encarar os desafios dela com otimismo e determinação em se torna um homem bom.
Isso é um final representa melhor do que ninguém a essência do Homem Aranha
como um personagem e é o grande motivo de eu considerar o Homem Aranha dos anos
90 a melhor versão do personagem.
Então é isso! Concordam
comigo? Discordam? Para vocês, qual é a melhor versão do Homem Aranha?




















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