HORA DO DUELO - Drácula (1931) vs Drácula (1958)

 


HORA DO DUELO -  Drácula (1931) vs Drácula (1958)

Drácula de 1931 é um dos filmes mais influentes de todos os tempos. Seu sucesso foi responsável não só por popularizar o personagem da obra de Bram Stoker, como marcou o início do Universo de Monstros da Universal nos anos 30.



Por causa dessa popularidade, Drácula é um dos personagens mais adaptados da cultura pop, com vários diretores tentando dar suas abordagens na história do vilão.



De todos esses filmes, o que mais se aproximou da qualidade da versão de 1931 foi o filme  Drácula de 1958 (conhecido no Brasil como Drácula O Vampiro da Noite), que foi produzido pelos estúdios Hammer, sendo a primeira adaptação onde o Drácula foi vivido por Christopher Lee.



Os dois filmes possuem semelhanças, mas também tem suas diferença que os ajudam a se destacar como adaptações próprias e únicas do vampiro icônico. Mas qual delas é a melhor? Qual teve a melhor representação do Drácula, seus inimigos e o estilo de seus filmes?

Vamos descobrir...

É HORA DO DUELO!

HISTÓRIA

As histórias dos dois filmes são idênticas em conceito. Ambas tramas envolvem Drácula atormentando uma família e tentando transformar uma mulher numa vampira como ele. Suas ações acabam chamando a atenção do professor Van Helsing, que tenta encontrar o esconderijo de Drácula e mata-lo. São os detalhes distintos que revelam os pontos fortes e fracos dessas adaptações.

No filme de 1931, Drácula viaja para Londres, conhecendo o doutor Sewarde desenvolvendo uma atração por sua filha Mina. 



Já no filme de 1958, As vítimas do vilão são a família de Lucy Holmwood, noiva de Jonathan Harker, um caçador de vampiros que tentou matar o Príncipe das Trevas.



O que ajuda o filme de 1931 a manter a atenção do público é todo clima de suspense que o filme cria, com Drácula se passando por um charmoso aristocrata para aproximar da família de Seward e, aos poucos, manipular sua filha. Isso torna cada cena em que Drácula está presente bem tensa, deixando os fãs ansiosos para que os personagens consigam perceber a verdade por trás do Conde.



Infelizmente, essa história sofre de alguns furos em sua narrativa. Nunca é explicado o porquê Drácula ter vindo a Londres e seu encontro com Seward parece acontecer por simples conveniência.  Já no filme de 1958, Drácula sabe sobre a família de Harken, pois obteve informação com o próprio antes de mata-lo e seu objetivo é seduzir uma das moças dessa família para substituir sua noiva, que foi morta por Harken. Tem algo mais pessoal nesses ataques do que apenas Drácula buscando mais vítimas para se alimentar.



Outra coisa que o filme de 1958 consertou foi a execução do plano de Van Helsing para eliminar o vampiro. Na adaptação de 1931, Van Helsing sabe onde Drácula está morando. Tudo que ele precisaria fazer seria esperar o sol da manhã, ir até a região, encontrar o caixão de Drácula e mata-lo.... mas o filme fica enrolado esse plano até o Van Helsing colocá-lo em ação, o que faz ele e os outros heróis parecerem incompetentes e inativos. Já no filme de 1958, Drácula coloca o caixão dele em vários locais diferentes, justificando o motivo de Van Helsing ter tanta dificuldade de encontra-lo.

Devido a isso, o filme da Hammer tem uma história melhor e com mais coerência.

Vencedor: Drácula (1958) 

 


CINEMATOGRAFIA E EFEITOS

Um dos aspectos mais influentes que o Drácula de 1931 trouxe para os filmes de terror da época foram os cenários com estética gótica e macabra, como o castelo do Drácula, as florestas escuras ou cemitérios cobertos por neblinas, tudo elementos que permitem criar uma atmosfera misteriosa e assustadora.




O filme de 1958 conseguiu recriar esse background e estéticas para os cenários, se mantendo fieis ao estilo estabelecido pelo filme de 1931. 




Ele também tinha menos censura, conseguindo mostrar cenas mais sangue e violência enquanto no filme da Universal o terror era mais sugestivo.

No entanto, apesar dos efeitos modernos do filme da Hammer, a vantagem do filme da Universal estava na sua escolha de técnica. Suas cenas tinham um ritmo mais lento e eram filmadas e um ângulo que permitia o público observar os cenários em todos seus detalhes. Tinha ocasiões em que dava para cortar de uma cena para outra, porém deixava a cena rolando, fazendo o público não só ver o ambiente, mas experimentar sua atmosfera e as emoções dos personagens.

Por exemplo: Na cena em que o agente imobiliário Renfield chega ao Castelo de Drácula, o filme mostra duas vezes as imagens do castelo, seguida pela carruagem passando pelo portão. Depois, quando Renfield entra no salão principal, a câmera mostra todo o salão. Quando Drácula se apresenta, tem uns minutos dedicados a Renfield subindo as escadas, deixando claro seu estado nervoso e construindo o suspense, conforme ele vai se aproximando do  conde misterioso.




O clima de terror é mais beneficiado no filme de 1931 devido à falta de som no background. O que ajuda a tornar cada cena cada vez mais surpreendentes e impactantes.

Portanto, apesar do filme de 1958 ter efeitos mais modernos e menos censura, o de 1931 ganha essa categoria devido as técnicas que ajudaram a criar um clima mais aterrorizante e memorável.

 Vencedor: Drácula (1931) 

 


ELENCO DE SUPORTE

Eis um ponto que ambos filmes se diferenciam: O elenco de apoio. Apesar de ambos serem baseados na obra de Bram Stoker, a forma como executam os personagens é diferente.

Alguns personagens, como o mencionado Renfield (o agente imobiliário que se tornar o assistente insano de Drácula) e Doutor Seward (um médico do asilo onde Renfield é internado) estão presentes no filme da Universal mas foram excluídos do filme da Hammer.





Já outros tiveram suas relações alteradas. Por exemplo: Mina, a donzela que se torna alvo do Drácula está presente em ambas adaptações. Porém enquanto no primeiro ela é filha do Doutor Seward e noiva de Jonathan Harker (que, junto do Doutor Seward, age como “os olhos do público”, o personagem que é introduzido a esse mundo sobrenatural por Van Helsing), no filme de 1958, ela é esposa de Arthur Holmwood, que, por sua vez, assume o papel de Harker do filme de 1931.




Apesar dessas mudanças, ambos filmes tem personagens de suporte bem carismáticos, com os quais o público se importa e torcem para que consigam sobreviver ao vampiro. Porém, enquanto o filme de 1931 nos faz se importar com os personagens e seus destinos, o de 1958 dá a eles papéis mais ativos na trama do que serem apenas vítimas. Jonathan Harker, por exemplo, é o primeiro personagem a ser apresentado no filme como um caçador de vampiros que se infiltra no castelo de Drácula para tentar matar o vampiro e sua morte nas mãos do conde é o que traz Van Helsing atrás de Drácula.



Outro exemplo é a personagem Lucy, que é uma das primeiras a ser morta por Drácula no filme de 1931, mas no filme de 1958 ela é transformada numa vampira, representando o que poderá acontecer com Mina se Van Helsing e Arthur falharem em protege-la. Sua transformação também tem um papel no desenvolvimento de Arthur, com ele tendo que aceitar que sua irmã se foi e deixar Van Helsing matá-la, demonstrando as duras decisões que um caçador de vampiros precisa tomar.



Por causa desse desenvolvimento, eu considero o elenco do filme de 1958 superior ao de 1931, vencendo esse round.

Vencedor: Drácula (1958) 



 

VAN HELSING

Drácula pode ser o personagem-título, mas o papel do protagonista pertence ao seu arqui-inimigo, o professor Abraham Van Helsing. Contudo, sua representação é distinta dependendo do filme em questão.

No filme de 1931, ele é interpretado por Edward Van Sloan e representado como o archtype do velho sábio, bem estilo Gandalf, Senhor Myagi ou Tio Iroh. Ele parece ser apenas um médico velho e simpático mas, quando menos se espera, ele se revela como um expert no sobrenatural, sempre tendo um truque na manga, com o carisma de Sloan tornando as cenas bem divertidas e satisfatórias.



Já no filme de 1958, temos a versão do Peter Cushing (o icônico Almirante Tarkin de Star Wars), que é mais estoico e badass que a versão de Sloan. Toda vez que ele está em cena, o Van Helsing de Cushing consegue passar essa presença marcante, deixando claro de cara que ele é um caçador astuto e calculista, sempre tentando estar um passo à frente de Drácula.



Logo a melhor versão depende de qual o indivíduo prefere: O velho sábio (Sloan) ou o herói de ação (Cushing)?

Na minha opinião, embora eu considere Peter Cushing o melhor Van Helsing de todos, depois de ter reassistido o filme de 1931, comecei a ver Sloan como a versão mais interessante. Ele é apenas um personagem que faz o fã querer saber mais sobre seu passado e o fato que ele é um velho e consegue se opor a figuras como Drácula o tornar muito mais badass e impressionante.

Falando no Drácula, o filme da Universal tem um desenvolvimento melhor da rivalidade do Van Helsing contra o Príncipe das Trevas. O filme de 1958 deu a ele uma motivação para caçar o vampiro (Drácula matou seu amigo Jonathan Harker) mas nunca teve os dois interagindo até o final do filme.

Já o da Universal tem mais cenas dos dois, com Van Helsing sendo um dos primeiros a deduzir que Drácula é o vampiro responsável pelos ataques em Londres. As interações entre os dois são muito bem feitas, com Edward Van Sloan e Bela Lugosi criando uma tensão bem convincente, que deixa o público preparado para o confronto decisivo entre Van Helsing e o conde.



Por isso, embora Peter Cushing ainda seja meu Van Helsing favorito, o de Sloan é a versão mais interessante e divertido de assistir em ação, sendo assim o vencendo essa categoria pro filme de 1931.

Vencedor: Drácula (1931)



DRÁCULA

Agora chegamos ao combate dos titãs, o confronto dos dois Dráculas mais icônicos da cultura pop, vivido por dois grandes atores: Bela Lugosi (filme da Universal) e Chistopher Lee (filme da Hammer).




O que há para falar do Drácula Bela Lugosi que não foi dito por vários? Ele é o homem que criou a imagem definitiva do Drácula, seja seu visual com capa, seu maneirismo, seu olhar hipnotizante e seu sotaque europeu. Quando a maioria do público pensa no Drácula, a versão do Lugosi é uma das primeiras a vir na mente.



Já Christopher Lee tem um histórico de interpreta grandes vilões (ex: Saruman no Senhor dos Anéis, Scaramanga no 007, Conde Dookan em Star Wars) e o Drácula dele não é exceção.  Ele tem elementos da versão do Lugosi, mas Christopher Lee dá ao personagem uma presença bem mais assustadora e imponente. Na verdade, ele só fala nos primeiros minutos do filme. Depois disso ele é apenas uma figura nas sombras, espionando suas vítimas e aparecendo quando é hora de atacar. Isso ajuda a desumanizar essa versão do Drácula e estabelece-lo mais como um monstro de terror, sem o charme excêntrico da versão do Lugosi.



Logo, assim como a escolha do Van Helsing, o melhor Drácula é decidido pelo interesse do fã: O vilão mais excêntrico ou um monstro assustador?

No meu caso, a melhor abordagem pro Drácula é quando o personagem tem uma dualidade: Ele é um monstro obcecado por sangue, mas sabe se disfarçar como um cavalheiro rico e excêntrico, o que permite ele se aproximar das pessoas e manipula-las.

Infelizmente para o Drácula de Lee passa maior parte do tempo como um monstro assustador e só vemos seu disfarce apenas nos primeiros minutos e, mesmo assim, ele é muito sério e direto ao ponto, ficando evidente que ele é mal ou está escondendo algo.



Já o Drácula de Lugosi, quando interage com outros, age de forma mais carismática e elegante, que é fácil de entender o porquê ninguém suspeitaria da verdadeira identidade do conde. Porém o filme nunca deixa o publico esquecer que Drácula, é um "lobo em uma pele de cordeiro", com cenas mostrando-o a dificuldade que ele próprio tem de se manter discreto.

Por exemplo: Quando Drácula visita a família de Seward, Van Helsing, percebendo que o conde não tem reflexo, coloca um espelho na frente dele, e Drácula, em pânico, rapidamente quebra o objeto para depois se relembrar que tá na presença do doutor Seward e sua família e retoma sua postura.  Cenas como essa não só demostram o talento do Bela Lugosi em alterar entre personalidades diferentes como torna o Drácula bem imprevisível.



Dessa forma, embora o Drácula de Christopher Lee seja bem marcante e uma boa adaptação do personagem clássico de terror, O Drácula de Lugosi, pra mim, é a melhor versão do personagem e o fator responsável pelo filme de 1931 ser a obra icônica que ele é até os dias hoje.

Sendo assim, o campeão desse duelo é Drácula de 1931.

Campeão: Drácula (1931)



Então, vocês concordam com minha opinião? Acham que o resultado deveria ter sido diferente? Fiquem a vontade para expor suas opiniões nos comentários.

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