É dito, amiúde, que pai e mãe não são quem põem no mundo, sim aqueles que tomam para si a difícil e meticulosa tarefa de criar, cuidar, alimentar e educar o rebento. Que, por vezes, a biologia é um mero e triste acaso, uma fatalidade para uma criança que, expelida de um ventre aos 9 meses, é abandonada para sempre pela vagabunda que a pariu. Que, muitas vezes, os pais que acolhem o desafortunado, os "pais de coração", são muito mais merecedores do nobre título que aqueles que rejeitaram o próprio sangue.
E eu concordo.
A pandemia de covid-19, o famoso vírus chinês, é filha (micro)biológica da democrática pátria de Mao, foi parida e teve por incubadora e manjedoura a província chinesa de Wuhan. Mas, segundo a mídia "progressista" mundial e brasileira, o "acidente" do nascimento do novo coronavírus, o infeliz "acaso", igual a gravidez de biscate que sai por aí dando a torto e a direito, foi prontamente combatido e estancado em solos amarelos. Hospitais foram erigidos em tempo recorde, a população foi imediatamente isolada e imunizada com a eficientíssima vacina xing ling, a coronavac. Ainda de acordo com o consórcio mundial de imprensa, a depender dos pais (micro)biológicos chineses, o sagrado fruto do ventre deles, o coronavírus, nem teria se alastrado pelo globo. Em nenhum momento, a China foi responsabilizada de nada.
Contudo, e sempre me baseando nas informações da CNN americana e da Globo tupiniquim, o bastardo renegado por seus pais (micro)biológicos foi amorosamente adotado, bem cuidado e alimentado por um dedicado pai de coração. E o bichinho cresceu, vicejou, proliferou. Ganhou corpo e força de homem.
E quem, de acordo com a imparcial e nada comprada imprensa, foi que resgatou o coronavírus do abortadouro do Instituto de Virologia de Wuhan?
Ele. O mito. Jair Messias Bolsonaro. O presidento Triplo I. Imorrível, imbrochável e incomível.
Devido ao seu caráter e a seus atos presidenciais de cunho fascista, negacionista e genocida (tudo segundo a imprensa recém-órfã de bilhões em verba de propaganda governamental), Jair Bolsonaro foi o responsável direto pela morte de cada brasileiro mandado ao colo do capeta pelo vírus chinês. Mesmo, e principalmente, pelas mortes daqueles que nunca seguiram as regras básicas de segurança propostas durante a pandemia, daqueles que nunca usaram máscaras médicas, que nunca mantiveram o respeitoso e seguro distanciamento social, que continuaram a se reunir e a se aglomerar feito bois e vacas que não sabem viver sem cheirar o cu do que está à sua frente e sem ter o próprio farejado por quem está atrás. Mesmo de todos esses irresponsáveis e indisciplinados - traço marcante e irremovível de "nosso" povo -, Bolsonaro é quem lhes foi o verdugo, com suas falas negacionistas.
A levar a cabo seu plano genocida - vomitava a iracunda imprensa -, Bolsonaro prevaricou da compra das vacinas chinesas, atrasou sua compra com o claro propósito de dizimar a população. Exigia do Presidente, a supradita de forma recorrente imprensa brasileira, que ele comprasse e disponibilizasse imediatamente a vacina chinesa ao povo brasileiro. Sem mesmo que ela passasse pelos mínimos crivo e protocolos da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, cuja chancela é necessária para liberar o uso e consumo de qualquer produto destinado aos seres humanos, desde vacinas e medicamentos até as bolachas, iogurtes, maioneses, molhos de tomate, óleos de soja etc comprados aos supermercados. Cuspiam aos quatro ventos que Bolsonaro oferecesse à população um produto sem comprovação de eficácia e/ou de segurança.
Foram tempos de trevas, meus amigos, a Era Bolsonaro. Quatro anos sombrios que tentaram ofuscar o período anterior de luzes, que foram os 16 anos de PT. Quatro anos que equivaleram no Brasil aos 10 séculos da Idade Média na Europa.
Felizmente (como somos sortudos), este tenebroso período já se foi. As trevas foram banidas, escorraçadas e forçadas a recuarem para o seu covil de obscurantismo pelas iluministas forças do bem. Que nos devolveram não só a usurpada democracia como também, e sobretudo, o Amor. O amor venceu. Isso é o mais importante. E a tudo justifica.
Em época de tanta democracia e de tanto amor, nunca mais um brasileiro morrerá por negligência governamental, certo? O Painho, de todos os filhos da pátria, cuidará e zelará como se os seus próprios fossem, correto?
Correto é o caralho! O meu caralho mole e torto!
A dengue, epidemia que assola o Brasil desde meados da década de 1980, bateu novo recorde de número de casos e de mortandade em 2023 : 1,6 milhões de casos registrados contra os 1,3 milhões em 2022, um aumento de 16% , e 1.079 mortes contra as 987 em 2022, cerca de 10% de aumento.
E é só começo : nessas duas primeiras semanas de janeiro de 2024 já foram registrados quase 56 mil novos casos da doença, o dobro do reportado no mesmo período do ano passado.
Da imprensa, que já está de novo com seus farnéis locupletos de dinheiro público (nosso), escutei um dia desses que o El Niño é o grande culpado pelo avanço da dengue em 2023/24. O aumento de temperatura provocado por esse menino levado da breca, por esse capeta em forma de guri, levou a uma maior proliferação do Aedes aegypti, mosquitinho carijó e já nos tão da família que virou até personagem dos mais carismáticos do Xou da Xuxa.
Agora, da boca suja e podre da esquerdalha, quaisquer números negativos do III Reich de Lula - mais negativos que os de Bolsonaro - são creditados e jogados às costas do El Niño. Recorde de queimadas na Amazônia? Culpa das altas temperaturas do El Niño. O quilo da batata, do chuchu, da cenoura, do feijão etc a quase R$ 10,00? Culpa das quebras de safra provocadas pelo El Niño. Cinquenta e cinco mil novos casos de dengue em duas semanas? Culpa do El Niño, que tornou mais tépidos e convidativos os nascedouros do Aedes.
Fosse entre 2019 e 2022, tudo seria culpa de Bolsonaro. Agora, não aparece um filho da puta com um pingo de hombridade e vergonha na cara para imputar qualquer responsabilidade ao governo Lula.
Assim como não é possível ensacar o vento (como bem nos ensinou a sábia Dilma Rousseff), é óbvio que Lula, e nenhum outro governante, tem como barrar o El Niño - assim como Bolsonaro não tinha como barrar a pandemia chinesa (mas isso nunca importou, não é?) -, mas Lula teria, sim, se quisesse, se se importasse, todos os recursos para lançar mão de medidas que combatessem os seus efeitos, uma vez que ao fenômeno climático vêm sendo atribuídas todas e quaisquer mazelas.
Mas, segundo denúncia do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), Lula não lançou mão de tais medidas. Em julho de 2023, deixou de comprar um grande lote de vacinas contra a dengue, que bem poderiam ter reduzido os números de casos e mortes em muito. Mas não sejamos tão duros com Lula em nosso julgamento. Ele tinha coisas mais importantes para fazer e com as quais se preocupar, outras urgências e prioridades. Esteve mais preocupado em fazer voltar todos os impostos tirados de nossas costas por Bolsonaro e se empenhar na criação de outros novos tributos e taxações. Estão pensando o quê? Que é fácil arrumar dinheiro para comprar políticos, empreiteiros, juízes etc e voltar a financiar ditaduras sul-americanas?
Ou seja, caso a denúncia de Jordy seja procedente (e notem que eu digo, caso seja procedente), em 2023, Lula, em relação à dengue, comportou-se exatamente do mesmo modo que Bolsonaro, segundo a imprensa recém-desmamada, em relação à covid-19, em 2020 : prevaricou da compra de vacinas para imunizar a população contra os vírus da dengue, decidiu assinar as sentenças de morte de um sem-número de brasileiros, brasileiras e brasileires.
Carlos Jordy usou suas redes sociais para relembrar a negligência do Sapo Barbudo para com seus amados filhos ruminantes. Segundo o deputado, Lula teve a oportunidade (e, portanto, a obrigação) de adquir a vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, mas que optou por não fazê-lo sob a alegação de querer prestigiar a produção da vacina nacional, do Instituto Butantan, que, então, não tinha, sequer, data prevista para a entrega.
Disse Carlos Jordy, ontem, 21/01, em seu X, ex-Twitter : "Lula descartou a vacina contra a dengue ano passado e o resultado foi que, em 2023, tivemos o recorde de mortes com a doença. Só nas duas primeiras semanas de janeiro deste ano, foram mais de 55 mil casos. Desgoverno negacionista!".
Assumamos, pois, para efeito de uma suposta neutralidade (impossível em qualquer realidade - nem pH verdadeiramente neutro existe na prática) e de uma isentona moderação ("argumento" muito usado por vários que votaram em Lula), que ambos tenham sido igualmente negligentes. Bolsonaro, em 2020, em relação à vacina anticovid, e Lula, em 2023, em relação à vacina antidengue. Assumamos que, para todos os fins, ambos tenham sido dois grandes filhos das putas que estão a cagar e a andar para o povo.
Ainda assim, há mais agravantes no caso de Lula e a dengue, caso o deputado Jordy esteja correto.
Primeiro : antes mesmo de ser eleito, foi pré-determinado pela mídia que Bolsonaro, uma vez Presidente, faria um governo ditatorial, fascistão, que seria um governo fóbico em todos os sentidos, uma gestão do ódio. Então, se já estava estabelecido que assim seria, não importando qualquer ação em contrário de Bolsonaro, ficou tudo dentro do esperado, certo? Não houve falsas promessas do Cavalão, não houve estelionato eleitoral. De absolutamente nada, Bolsonaro deve desculpas ou justificativas a ninguém, não é mesmo? O governo de Lula, por sua vez, é o governo da democracia, do fome zero e do amor. Como um painho tão cioso, caso venha a se confirmar a fala do deputado, pôde lançar seus filhos à má sorte de uma epidemia?
Segundo : a pandemia chinesa foi uma surpresa, pegou todo mundo desprevenido, de calças curtas, com pouquíssimo tempo para os líderes mundiais tomarem suas decisões de combate ao coronavírus, acertadas ou equivocadas. Foi uma situação que estava inédita há mais de um século. Já a dengue é um problema antigo, flagela o país, de forma sistemática, há cerca de quatro décadas. Duas das quais sob os primeiros mandatos petistas. Quase vinte anos no poder, e a conviver com uma situação grave de Saúde Pública, é ou não é tempo mais que suficiente para que a questão da dengue estivesse, no mínimo, próxima à erradicação?
Nada de efetivo, porém, foi feito em quatro mandatos federais petistas.
Bolsonaro não conseguiu "resolver", em seis meses de governo, a pandemia chinesa; Lula logrou mesmo fracasso com a dengue, em quase vinte anos de governo, porém.
Bolsonaro : ditador, negacionista, genocida; Lula : democrata, homem das letras e das ciências.
Terceiro : não se sabia, no início, da eficácia da CoronaVac, tampouco da segurança de sua inoculação, de seus efeitos colaterais. E não havia, de fato, tempo hábil para saber. Uma vacina "normal", entre sua criação e os testes de sua eficiência e segurança, pode levar mais de 10 anos para ser plenamente desenvolvida, com todos os prós e contras mapeados. A vacina chinesa foi feita a toque de caixa e ofertada ao mundo em poucos meses. Natural alguma desconfiança e certa resistência em aplicá-la massivamente na população. Dúvidas que Lula não pode alegar caso tenha, de fato, declinado da oferta japonesa. Tal vacina foi desenvolvida pelo Takeda Pharma dentro dos mais cartesianos protocolos e já tem a aprovação da Anvisa desde fevereiro de 2023.
Ou seja : estando certo Carlos Jordy, Lula prevaricou em dez meses a chegada da vacina ao SUS, simplesmente, porque quis. E ponto. E fim de papo.
E agora, seus filhos das putas simpatizantes de descondenado e ex-cadeieiro? Quem é o negacionista? Quem é o genocida?
Façam o "L". E o enfiem no cu!
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