Que fim levou? - Episódio 5: A novela sobre quem são os pais dos Gêmeos Maximoff



 Por volta de 2014, a Marvel surpreendeu o público com uma notícia que balançou a maioria dos fãs: Mercúrio e Feiticeira Escarlate não são filhos do Magneto. Essa notícia foi odiada por muitos, afinal, pra quê mudar um fato pra lá de estabelecido? Só por causa dos filmes, pra adaptar-se ao MCU, que estava em crescimento? Um absurdo, afinal, Magneto sempre foi o pai deles e ponto final, certo? ERRADO!

Na verdade, o fato de eles serem filhos do Rei do Magnetismo só foi canonizado em sua história mais de cerca de 20 anos após sua criação! Como foi essa novela? E, principalmente... que fim levou?

Venha comigo que lhe contarei a verdade!

Quem eram os pais dos gêmeos Maximoff na época de sua criação nas HQs?

Criados em 1963, nas páginas de X-Men#4, Pietro e Wanda apareceram como membros da Irmandade de Mutantes naquela época. Eles foram rejeitados em sua própria aldeia na Europa, apenas para serem resgatados pelo poderoso Mestre do Magnetismo de uma multidão de humanos enfurecidos. Foi assim que eles se juntaram à Irmandade. Não sabíamos muito sobre suas origens na época - quem eram seus pais? Eram órfãos? Levou algum tempo até que percebêssemos que eram gêmeos. Às vezes, Wanda até se referia a Pietro como seu irmão mais velho (o que foi retconizado depois).


Passados quase 10 anos, algo interessante aconteceu na edição Giant-Sized Avengers #1 que trouxe uma reviravolta na história. O talentoso escritor Roy Thomas, em um épico com mais de 60 páginas desenhadas por Rick Buckler, apresentou uma nova ameaça: Nuklo, o filho esquecido de dois heróis da Era de Ouro, Tufão e Miss America. Nuklo tinha sido mantido sob controle pelo governo devido à sua perigosa exposição à radiação. No entanto, Nuklo não era o único filho do casal.

Em uma segunda tentativa de ter filhos, Robert e Madelaine Frank buscaram a ajuda do Alto Evolucionário para garantir a segurança de seus bebês. O cientista de Wundagore aceitou o desafio, e os gêmeos nasceram saudáveis. No entanto, o processo resultou na trágica morte da heroína. A notícia devastadora perturbou profundamente Tufão, levando-o a abandonar as crianças. Todas essas revelações emocionantes surgiram durante uma conversa entre Tufão e a Feiticeira Escarlate nas páginas seguintes. Incrível, não é?


Essa mudança significativa na história não aconteceu por acaso. É importante lembrar que a Marvel já vinha trabalhando há alguns anos na reintegração de seus heróis da Era de Ouro ao novo universo, principalmente para proteger seus direitos e evitar disputas legais com os criadores originais. Um dos casos mais notórios que os leitores lembram é o de Carl Burgos, que viu seu personagem original, o Tocha Humana, aparecer nas páginas do Quarteto Fantástico apenas para ser morto, e depois, nos anos 70, tornar-se a base para a criação do Visão.

No contexto atual, o retorno do Tufão após anos de ausência foi uma decisão da editora para reintroduzi-lo no mundo contemporâneo. Seus poderes de velocista se encaixaram perfeitamente na ideia de ser o verdadeiro pai de Mercúrio. Até mesmo sua origem passou por uma modificação pelas mãos de Gerry Conway, indo de uma origem envolvendo soro de sangue de Magusto para poderes mutantes latentes, tudo para se adaptar melhor ao novo contexto. Além disso, Wanda e Pietro começaram a usar seu sobrenome, e Robert Frank acreditou que fosse o pai dos gêmeos até o início da década de 80. 

Surge Magneto

Foi, de fato, nos esplêndidos anos 80 que um complexo processo de metamorfose começou a emoldurar a trama em questão. A semente dessa transformação, contudo, germinou já ao crepúsculo dos anos 70, como meticulosamente tecido nas páginas das icônicas aventuras dos Vingadores.

Inicialmente, os Maximoffs emergiram nesse contexto, emprestando à narrativa uma nova dimensão. Django e Marya, como ciganos de coração e almas generosas, assumiram o papel de pais adotivos. Tais almas generosas atenderam ao clamor do Alto Evolucionário e, com corações abertos, acolheram os dois bebês com uma ternura que ultrapassava as barreiras da biologia. Curiosamente, o casal cigano havia enfrentado a devastadora perda de dois gêmeos pouco antes, tornando a adoção dos mutantes uma espécie de ressurreição, como se Mateo e Ana tivessem sido devolvidos à vida.

Entretanto, os dias que os irmãos Maximoff passaram sob a proteção do acampamento cigano foram efêmeros, pois antes mesmo de serem caçados como mutantes, enfrentaram a cruel rejeição devido às suas origens. Pietro e Wanda, jovens e vulneráveis, viram-se abruptamente catapultados em uma odisséia de adversidade ao caírem, de maneira dramática, nas águas turbulentas de um rio enquanto eram implacavelmente perseguidos. Assim, apartaram-se de Django e Marya, abraçando o sombrio rótulo de órfãos, e essa condição passou a ser sua realidade incontestável desde então.

Na verdade, a entrada de Django nesse intrigante enredo se deu pelas mãos hábeis de Jim Shooter, por volta de Avengers #182. Esta adição incluiu a complexa história de Chtlon e toda a trama permeada pelo lado mais místico da Feiticeira Escarlate. Foi nesse momento crucial que se lançou a pedra fundamental para definir que os notáveis dons de Wanda não eram meramente resultado de sua herança mutante, uma vez que, desde a tenra infância, ela já estava predestinada ao ocultismo. Esse esclarecimento marcou um ponto de virada fundamental na compreensão de sua origem. Como consequência desse reconhecimento, e com as lembranças fugazes do breve período vivido como ciganos, Pietro e Wanda decidiram assumir o sobrenome dos Maximoff.

No entanto, esse foi apenas o primeiro movimento na reconfiguração da narrativa que envolvia esses irmãos extraordinários. Um passo adiante ocorreu nas páginas de Avengers #185, quando os gêmeos empreenderam uma jornada de retorno a Wundagore, onde foram confrontados diretamente com uma revelação espantosa pela própria Bova, a serviçal de Herbert Edgar Wyndham, também conhecido como o Alto Evolucionário. Nesse capítulo intrincado, concebido por Steven Grant e Mark Gruenwald, uma nova figura emergiu: Magda, uma jovem assustada, grávida, que fugia apavorada de seu marido, que havia adquirido habilidades sobrenaturais. Magda deu à luz a gêmeos, mas, angustiada, optou por não criar as crianças e fugiu de Wundagore, abandonando-os à própria sorte. Em sua perplexidade, Bova procurou seu mestre, o Alto Evolucionário, em busca de orientação.

Curiosamente, Wyndham estava envolvido em uma questão igualmente complexa relacionada a Tufão e Miss America, que desesperadamente ansiavam por ajuda para conceberem um filho. Contudo, o desfecho dessa história foi notavelmente mais sombrio do que as versões anteriores sugeriam. Não somente a heroína da Era de Ouro perdeu a vida durante a gravidez, mas também seu bebê. Com a chegada de Bova e os gêmeos, o cientista vilão optou por uma solução perturbadora: inventar que os filhos de Magda, na verdade, eram descendentes de Miss America e entregá-los a Tufão. Robert Frank, entretanto, reagiu de maneira mais perturbadora do que Wyndham antecipara, optando por fugir, como já mencionado. Para resolver a complicada situação dos órfãos, o Alto Evolucionário se dirigiu à aldeia cigana próxima e entregou os bebês ao casal Maximoff, que, por um capricho do destino, havia perdido recentemente seus próprios filhos.

Esse enredo intrigante se entrelaçou com a narrativa dos X-Men, quando Magneto mencionou pela primeira vez seu amor perdido, Magda, em X-Men #125, escrito por Chris Claremont. Tanto Vingadores quanto X-Men foram ilustrados pelo mesmo artista, John Byrne, tornando evidente para os leitores da época a conexão entre Magneto, Magda e, portanto, os gêmeos. Anos mais tarde, as circunstâncias da vida levaram essas crianças a serem encontradas por seu próprio pai, que não sabia de sua paternidade, e a serem resgatadas por ele de uma multidão enfurecida. A confirmação do parentesco só ocorreu na minissérie em quatro partes dos anos 80, protagonizada pelo Visão e a Feiticeira Escarlate.


Mas essa mudança profunda não ocorreu por acaso. No final dos anos 70, os X-Men já eram uma sensação nos Estados Unidos, e a Marvel, que já estava adotando a estratégia de incluir personagens populares em outros títulos para impulsionar as vendas, decidiu explorar ainda mais essa tendência. Por que não mexer novamente na origem dos gêmeos? Afinal, eles sempre tiveram uma ligação inicial com Magneto, e essa conexão poderia ser mais profunda do que imaginavam. A mudança, embora controversa, surpreendeu os fãs e os desafiou a aceitar um novo status quo, marcando assim uma era revolucionária para os mutantes.

Pois bem, até aqui, aprendemos duas coisas. Primeiro: Não, os gêmeos não foram "sempre filhos do Magneto", como clamam os saudosistas. Na verdade, sua história sempre teve retcons e sua paternidade discutida. E, segundo: a Marvel sempre mudou suas histórias em prol do produto que mais vendia. Mudou a origem dos gêmeos para dar destaque aos personagens da Era de Ouro que ela queria destacar nos anos 70, depois para dar destaque aos X-Men, seu carro-chefe nos anos 80, e, novamente, em 2014, para dar destaque ao carro-chefe da vez: o MCU. E em todas as vezes isso foi feito de forma descarada. Então, sem essa de, "ainda bem que parei de ler HQs nos anos 90", ok?

Que fim levou a novela sobre quem são os pais dos Gêmeos Maximoff nas HQs?

Como dito anteriormente, em 2014, a Marvel mudou de novo a questão de quem são os pais dos gêmeos. Não se tratava mais de Magneto. E quem, de fato são seus pais? Não tivemos uma resposta concreta, senão até 2017, na série solo da Feiticeira Escarlate. Essa série adicionou uma mitologia muito rica e vasta para a história da bruxa, tornando-a uma heroína independente com história própria, sem depender de outros personagens de outros títulos em sua biografia. Por extensão, Pietro também foi beneficiado. Agora, ao invés de ser só filha do Tufão ou do Magneto. Foi revelado que, durante gerações, a família Maximoff possui um Feiticeiro ou Feiticeira Escarlate que possuía poderes mágicos. Uma tal Natalya Maximoff herdou esse título de seu pai. Quando seus filhos - isso mesmo, Pietro e Wanda - foram sequestrados pelo Alto Evolucionário, Natalya os resgatou e os levou para seu irmão, Django cuidar, mas isso custou sua vida. Então, Django Maximoff é, atualmente, oficialmente, tio dos gêmeos Maximoff.


Mas, que fim levou essa Natalya Maximoff? Será que Wanda algum dia ficou sabendo sobre ela? A conheceu no pós-vida? Não perca os próximos episódios de "Que fim levou"!

Que fim levou a novela sobre quem são os pais dos Gêmeos Maximoff no MCU?

No MCU, tal como nas HQs, a questão da paternidade dos gêmeos não foi abordada em suas primeiras aparições. Muitos fãs criaram a expectativa de que isso se deu pois a Marvel estaria aguardando o tempo de reaver seus direitos sobre Magneto para apresentá-lo de forma magistral. Contudo, os gêmeos foram adicionados ao universo cinematográfico no auge do boicote da empresa aos X-Men - os mutantes estavam sendo completamente subutilizados nas HQs e não apareciam em animações, games, nada! Então, essa teoria não tinha lá muita base.

Quando a série solo da Feiticeira Escarlate foi anunciada, muitos criaram expectativa da apresentação de Django Maximoff como pai dos gêmeos. Ou Magneto (afinal, os direitos tinham voltado para a Marvel). Ou a  Natalya. Mas não foi nenhum deles. A série cria personagens originais - sem nada de especial, só figurantes mesmo - chamados Iryna e Oleg Maximoff. Abaixo vai uma imagem deles, para fins de curiosidade:


E, por hoje é isso! O que acharam do desenrolar dessa novela? Comentem!



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