"THE WITCHER: BLOOD ORIGIN" - FEITO PARA FÃS QUE CONHECEM PROFUNDAMENTE A MITOLOGIA

Você já deve ter lido por ai criticas que 'baixam o pau', na série "THE WITCHER: BLOOD ORIGIN". Infelizmente não vou poder desmentir...completamente. E a matéria traz algumas razões pelas quais a série não agradou a alguns. Então vamos lá!

Quando a série "THE WITCHER" foi lançada, imediatamente começaram a surgir críticas contra a adaptação. Dizia-se que ela não respeitava a mitologia criada pelos livros, jogos e outras mídias; que os personagens não seguiam o padrão dos livros; que algumas situações foram mudadas; e etc...

De fato, 'The Witcher' tinha muitas referências a mitologia existente, mas realmente não a seguia de perto. Já o 'prequel', "Blood Origin", é exatamente o contrário, obrigando o espectador a ter um conhecimento prévio da tal mitologia. Assim, o espectador casual, aquele que não conhece o universo da série e a assisti como uma série sem ligações, acaba por não gostar e achá-la por vezes confusa e sem sentido...

Como se não bastasse isto, também há o 'efeito Flash'. A história é contada muito, mas muito rápido! Não há tempo para o desenvolvimento dos personagens, dos relacionamentos, das tramas palacianas e para a compreensão clara do que esta acontecendo.

Para se ter uma ideia, tomemos os dois personagens principais: o Rouxinol e Fjall. Os dois são de clãs diferentes e que aparentemente se odiavam. O Rouxinol ou Eile era da 'clã do Corvo' e Fjall da 'clã dos Lobos'. Os dois se conhecem no episódio 1 e deixam de lado suas diferenças para vingar suas respectivas clãs. Os dois se odiavam...

No episódio 2, já há uma interação melhor entre os dois. Os dois praticamente se completam no combate e se ajudam mutuamente. No episódio 3, já existe um profundo amor entre eles!! No episódio 4, um já quer se sacrificar pelo outro!!

Esta personagem ai em cima é Meldof, uma representante da raça anã. Ela entra na história vinda do nada, matando inúmeros elfos (que realmente não agradavam os demais povos), sem uma explicação inicial (mas que evidentemente é vingança). De uma hora para outra entra no grupo e mais rápido ainda já se 'enturma' e vira um membro vital! Sua história é contada em 2 minutos durante uma bebedeira...

A terceira co-protagonista é Michelle Yeoh, que faz a personagem Scian. Ela é a responsável por ser a personagem ranzinza e as vezes a cômica, soltando uma 'piadinha' para aliviar as tenções. A personagem é má aproveitada e sua história pregressa é contada em 3 frases. Ela é super eficiente em combate, mas já no inicio é ferida mortalmente; é curada no episódio 2; trai o grupo no episódio 3 e luta lado a lado com eles no episódio 4...

E assim, os personagens vão entrando no grupo sem muito preâmbulo ou explicações...O final da série que tem apenas 4 episódios, insuficientes para o que se tentou mostrar, acaba por sofrer contágio dos "Vingadores". Temos o sacrifício de um personagem carismático (o ator Laurence O'Fuarain, que consegue um milagre mesmo com a rapidez da série); uma despedida 'lacrimosa' e uma vitória com cara de derrota...

A influencia de "Vingadores" e de outros inúmeros filmes e séries de fantasia é observada no personagem Balor (Lenny Henry). Balor é o responsável direto por quase todas as coisas ruins que acontecem, sua motivação não podia ser outra: PODER! Ele aparece mais do que alguns personagens, contudo menos do que deveria.

A certa altura, Balor aparece com uma garota surda, Fenrik (Amy Murray). E quando digo 'aparece', quero dizer que a guria NÃO é apresentada ao publico, simplesmente...sai de trás das cameras, talvez. Eventualmente, voce descobre que ela é aprendiz de Balor. Balor faz uso de uns portais para contatar uma entidade superior maligna em outro mundo e lhe pede o 'poder do caos' (soa bem, ein!?). Para não perder o costume de 101% das séries e filmes do genero, a tal entidade pede que Balor faça um 'sacrifício verdadeiro'...Qualquer iniciante do genero que tenha assistido 'Vingadores', sabe ao que a entidade se refere, mas Balor demora a 'deixar a ficha cair'...

No meio do corre-corre dos capítulos, voce descobre que nem foi Balor quem descobriu os portais e sim um certo Syndril (Zach Wyatt), estudioso dos livros e mago, que parece ser parte do cenário, de tão pouca interação com o grupo. E é um cara vital no final! Outras peças do cenário são: Mirren Mack, que interpreta a Rainha Merwyn; Hebe Beardsall, que interpreta a maga Catrin; Huw Novelli, que interpreta Callan. Tem muitos outros, aliás quando olhei o cast da série, verifiquei que alguns atores e atrizes nem lembro de quando apareceram...e se apareceram!

Para 'linkar' as duas séries, os produtores deram um jeito de incluir o carismático Jaskier (o bardo de The Witcher), que acaba prejudicando um pouco a continuidade. A história é narrada pela personagem Seanchai, interpretada por Minnie Driver...

A forma como a história começa a ser narrada, te deixa com uma expectativa de algo grandioso por vir, mas de novo a pouca quantidade de episódios esvazia esta possibilidade. De resto é: monólitos; rainha que trai; rainha que é traída; a aparente origem do "Bando Selvagem"; mãe imortal; conjunção de esferas; monstros soutos no mundo; a chegada dos humanos e muitas outras coisas não aprofundadas. A impressão que se tem é que os produtores querem que o publico, por si só, se aprofunde no conhecimento do 'universo witcher' e que, em consequência, queiram mais séries que o abordem...