Se há um personagem da DC que provavelmente é um dos raros casos de ter feito mais sucesso no Brasil que nos EUA, esse personagem é o Super Choque, graças ao SBT, que reprisava seu desenho em sua programação infantojuvenil até à exaustão. Então, não é de surpreender que a Panini publique uma minissérie com o herói. Entretanto, acho difícil que meras 48 páginas e o preço de 19,90 atraiam quem achava o desenho “legal”. Essa minissérie na verdade é o retorno do Super Choque à linha Milestone, que consistia em um selo criado pela DC apenas para heróis negros. Super Choque indubitavelmente é o personagem mais conhecido dessa linha, graças à famosa animação.
Dessa forma, aparentemente, o herói não vive no mesmo universo que Batman, Superman e cia. agora. Vale dizer que Super Choque também foi uma tentativa da DC criar um "Homem-Aranha negro", um super-herói adolescente, intuito que deu parcialmente certo. Ele também não deixa de ser um "Raio Negro teen", pois tem poderes muito parecidos com esse outro super-herói negro da DC.
O
personagem está sob os roteiros de Reginald Hudlin e Vita Ayala agora, dois
escritores negros. Hudlin é um escritor irregular; quando escreveu o Pantera
Negra começou bem, mas depois desandou um pouco. Essa Vita Ayala, acho mais
fraquinha; é da geração de escritores militantes das HQs modernas. O próprio
Virgil Hawkins é um militante agora; ele ganha seus poderes durante um protesto
do Black Lives Matter. Estava segurando a plaquinha de protesto quando é
atingido por um gás experimental lançado pela polícia que por fim ativa seus
poderes elétricos. Em razão disso, ele e vários outros cidadãos de Dakota
ganharam poderes. O responsável por isso é Curtis Metcalf, um bilionário negro
que desenvolveu o gás ainda em fase experimental. Para se safar, ele entra em
um reator em seu laboratório e também obtém poderes. Enquanto isso, outro vilão
Holocausto começa a ascender com as outras vítimas do gás.
Por sua vez, Virgil tenta levar uma vida normal e esconder seus poderes de sua família. Porém, ao entrar em uma briga com Francis Stone, o Raio de Fogo, na escola, terminar por revelar seus poderes para seus amigos. O próprio Stone estava no protesto, mas só queria encher a paciência de Virgil e seus amigos. A coisa piora quando o Raio de Fogo aparece e bota fogo na casa de Virgil, que enfim revela seus poderes para sua família.
Ao meu
ver, esse é um gibi que na verdade só cumpre tabela mesmo; se fosse menos
politizado, talvez funcionasse melhor. Aspectos raciais estão na essência do
personagem desde sua origem e até mesmo no desenho clássico, mas lá era mais
amenizado porque era voltado para um público mais infantojuvenil e tinha de respeitar a classificação indicativa. Na arte,
temos o veterano Reginald Denys Cowan, clássico desenhista do Questão, e
Chriscross, que tem um traço bem "mangalizado". Nota 5 de 10.
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