SHE-HULK | SÓ DEMOLIDOR SALVA?

 




Texto da tag "Escritor Convidado", escrito por: Vagner Francisco

Publicado originalmente AQUI.

Talvez você não saiba, mas houve um tempo em que a seleção brasileira de futebol, cuja camisa ainda não havia sido sequestrada por bolsominions - e digo categoricamente: façam bom proveito! - pré-penta em que os jogos eram difíceis; difíceis de vencer, de competir e--- de assistir.

 

O Brasil patinava numa Eliminatória que parecia não ser muito promissora.

Aí, o Rivaldo, então melhor jogador do mundo, cavava uma falta, fazia o gol, a seleção vencia por 1 a 0 e todo mundo ia feliz para a casa.

No final das contas, o Brasil foi à Copa de Japão/Coreia e trouxe a taça.

 

Hoje em dia você acaba rindo disso tudo porque o Vampeta está sempre contando causos ocorridos na época.

 

Bem, a série da She-Hulk é meio parecida. E, er--- o Demolidor é uma espécie de Rivaldo nessa.

Acaba conseguindo fazer com que a série termina de forma--- ahn, satisfatória.

Agora, e se tirarmos o Homem sem Medo, de Charlie Cox? Aí, amigas e amigos---- desanda a maionese.

 


She-Hulk vinha com uma ideia digamos revolucionária; afinal a advogada Jennifer Walters, nos quadrinhos, sempre foi advogada e Vingadora!

Peso-pesado da Marvel - John Byrne fez questão de mostrar isso! - She-Hulk era vidrada no Hércules, pois dizia que ele tinha os olhos de Tom Selleck [astro da série Magnum e quase foi Indiana Jones].

Além disso substituiu o Coisa no Quarteto Fantástico e namorou o navajo, Wyatt Wingfoot.

 

Então, quando ganhou sua segunda revista própria, sendo chamada de Sensacional Mulher-Hulk, Jen atingiu um novo patamar na prateleira dos quadrinhos.

Sim, porque ela estava em pé de igualdade com as super-heroínas clássicas, como Mulher-Maravilha.

 

Mulher-Hulk fez muito mais pelos quadrinhos do que tentam supor: ela conseguia trazer um misto de feminilidade, senso de humor e força; dava mostras de ser "humana" [as aspas é porque ela era uma personagem de quadrinhos, ou seja, papel. Hoje em dia é preciso explicar tudo] quando observava Dane Whitman, o Cavaleiro Negro treinar sozinho e achá-lo "interessante".

 

Noutra ocasião, quando a então líder dos Vingadores deixa a equipe, Mulher-Hulk decide se candidatar à vaga porque tinha receio de Thor ser escolhido - e ela o achava muito empertigado.

 

Também já erraram a mão com a personagem: acredito que uma das maiores injustiças que cometeram com ela foi na saga Liga da Justiça versus Vingadores à qual ela enfrenta Aquaman e ele a vence de forma até infantil, justamente porque a Mulher-Hulk entraria numa briga simplesmente pela briga. A personagem nunca foi assim! Acredito que o roteirista da saga, Kurt Busiek, não fosse um grande fã da personagem.

 

De qualquer maneira, ela começou realmente como prima do Hulk - assim como o Super-Homem tem uma prima, a Supergirl; Namor tem a Namorita, etc - numa revista escrita por Stan Lee e desenhada por John Buscema. No entanto, ela foi ganhando espaço no universo Marvel e coração de leitores.

 

Uma série para a personagem e possível participação em filmes dos Vingadores seria questão de tempo. E aconteceu.

 

Porém--- e há muito poréns aqui---- é que a série é muito ruim!

E, o que segurou a audiência foi exatamente a propaganda de que o Demolidor, de Charlie Cox, apareceria na série.

A questão era: quando?

 

E foi no oitavo episódio, o penúltimo.

Antes disso?

Antes, bem, Jennifer acaba sofrendo um acidente e tem o sangue de seu primo, Bruce, também conhecido como Hulk, parando em suas veias. Com isso, ela acaba ficando grande, verde e super-forte. E um CGI horrível!

 

Mas esse talvez não seja o maior problema da série.

 

She-Hulk é o tipo de história pós-moderna; ou seja, feminista, feita de mulher para mulher e cujos homens não prestam.

Ou prestam--- até a página seis.

Sim, nenhum homem na série é confiável, ou tem caráter ou honesto.

Todos têm problemas e, aqueles que parecem não ter, é porque ainda não mostraram sua verdadeira face.

 

Quando She-Hulk aparece e se torna um amálgama dela mesma com Jen, supostamente se estabelece um grupo de ódio que busca destruir a personagem, simplesmente por ela ser--- mulher.

E dá-lhe briga, confusão e empoderamento.

Porém, eu vou pular as partes chatas - porque são muitas - e vou direto ao que interessa: Demolidor.

Jennifer acaba enfrentando nos tribunais outro advogado, chamado Matthew Murdock.

Eles acabam se reencontrando quando o cliente dela pede ajuda, dizendo estar sendo atacado, mas na verdade ele estava sequestrando outra pessoa.

Assim, She-Hulk fica frente a frente com o Demolidor.

 

E posso te dizer que é disparado o melhor momento da série. Tudo funciona muito bem e a dupla acaba vencendo os bandidos e resolvendo a questão.

 

No entanto, há uma premiação de melhor advogada na OAB deles e Jen acaba sendo exposta por videos que foram feitos sem a anuência dela.

Óbvio que aquilo a deixa verde de raiva e, com isso, ela explode em fúria e se torna uma ameaça.

 

Jen acaba presa e se vê obrigada a usar uma espécie de tornozeleira eletrônica que supostamente a impediria de se tornar a She-Hulk - ou ao menos se ela o fizesse, as autoridades saberiam. Com isso, ela consegue descobrir quem estava por trás daquilo tudo e porquê.

 

E, como ela não gostou do enredo, decide quebrar muito mais que a quarta parede e invade o MCU para peitar os roteiristas.

Assim, Jen fica frente a frente com o responsável por tudo aquilo, numa piada pra lá de chata.

 

Na verdade, é o que a série é: algo raso, sem desenvolvimento algum, com conclusões bobas e serve apenas para termos a certeza de que Charlie Cox nasceu para ser o Demolidor. Simples assim.

 

She-Hulk merecia um destino melhor, com roteiro melhor, produção melhor - o CGI é tosco! - e empoderamento melhor.

 

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