Texto da tag "Escritor Convidado", escrito por: Jotabê
Publicado originalmente AQUI.
As amizades reais, aquelas onde ocorrem contatos de terceiro grau” acabam por muitos motivos distintos: mudança de ambiente de trabalho, mudança de bairro, mudança de cidade, estado, país. E até mudança de estado civil.
Alguns puristas poderão dizer que amizades terminadas assim não eram amizades verdadeiras. Pode ser, mas confesso não ter isenção para julgar essa afirmação, pois TODAS as “amizades” que fiz ao longo da vida acabaram sofrendo o impacto de um ou mais dos motivos citados acima. E a essência comum a todos eles é a perda de contato diário ou frequente, tornando constrangedores eventuais reencontros depois de passado algum tempo.
Por exemplo, reunião anual de ex-alunos. Tem gente que quase dá a vida por esse tipo de (re)encontro. Eu, ao contrário, nunca fui a nenhum deles, mesmo quando ainda era convidado a participar. Como recusei todos os convites, os organizadores acabaram por me excluir da lista de participantes.
E, fala sério, quer coisa mais tediosa que um encontro desses? Os que participam geralmente têm um ponto em comum: depois de certo tempo de formados alguns tornaram-se profissionais de sucesso, empresários ou diretores de empresas. Os assuntos que rolam ou são reminiscências do tempo de escola, ideais para ressuscitar bullying em alguns ou para exaltar as conquistas individuais, as viagens internacionais, o carrão carésimo, a mansão em Angra, o caso extra-conjugal com alguma gostosa quinze anos mais nova, etc. Duvido que alguém se anime a ir nesses encontros de egos super inflados se estiver desempregado na época, duvido mesmo.
Uma amizade pode terminar pelo fato de estar construída em cima de fundações instáveis. Fiz amizade com um sujeito que namorava uma de minhas cunhadas. Esse cara tinha perdido o irmão mais velho em um acidente no dia do casamento da irmã, situação mais que traumática. Pois bem, como saíamos da casa das meninas no mesmo horário, íamos batendo papo pelo caminho e ficávamos horas conversando fiado. Esse sujeito, talvez por me identificar com seu irmão falecido, não demorou a se transformar em meu fã incondicional. Eu também gostava dele, tanto que também se tornou meu melhor amigo. Ia à sua casa, bebia cachaça com ele, ficávamos os dois tocando violão, coisas assim. Acabou ficando noivo da irmã mais nova de minha mulher, noivado que durou pouco, pois minha cunhada amarelou, teve medo de se casar tão nova e lhe aplicou um providencial e definitivo pé na bunda. A partir daí tudo mudou.