O Predador: A Caçada

  



Cor

Estados Unidos

110 min.

Título original: Prey

Datas de lançamento: 21 de Julho de 2022 (San Diego Comic-Con) e 05 de Agosto de 2022 (Estados Unidos e Internacional)

Direção: Dan Trachtenberg

Roteiro & História: Patrick Aison e Dan Trachtenberg

Baseado nos personagens criados por Jim Thomas e John Thomas

Produção: John Davis, Jhane Myers e Marty P. Ewing

Elenco: Amber Midthunder, Dakota Beavers, Michelle Thrush, Stormee Kipp, Julian Black Antelope e Dane DiLiegro

Cinematografia: Jeff Cutter

Edição: Angela M. Catanzaro e Claudia Castello

Música: Sarah Schachner

Companhias Produtoras: 20th Century Studios, Davis Entertainment e Lawrence Gordon Productions

Distribuição: Hulu (Estados Unidos), Star+ (América Latina) e Disney+ (Internacional)

Idiomas: Inglês, Comanche e Francês



Sinopse


Em 1719, Naru, uma jovem comanche treinada como curandeira, sonha em se tornar uma grande caçadora 5como seu irmão, Taabe.  Enquanto rastreia veados com seu cachorro Sarii, ela testemunha a chegada de um Thunderbird no céu (na realidade, uma nave espacial deixando um Predator), tomando isso como um sinal de que ela está pronta para provar a si mesma.  





Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!


Da prática de julgar Filmes ou Séries antes dos mesmos serem lançados, faço parte se vez em quando. Não por simples sentimento de Troll ou de um Boomer reacionário, Hater acerebrado; quando um Trailer ou as Notícias sobre uma produção não me agradam, questiono se a concepção da mesma foi necessária dentro de um específico contexto ou vários. No caso da Franquia Predador, considero o primeiro filme,  do ano de 1987 e estrelado por Arnold Schwarzenegger, como um Grande Clássico da Ficção Científica combinando Suspense, Terror e Ação em proporções das mais corretas. Os demais filmes realizados foram inferiores, tentativas inúteis e fúteis de alimentar a Mitologia da Franquia que resultaram em obras fracas, esquecíveis e muito ruins. Desanimado e sem expectativa alguma sobre "O Predador: A Caçada" o assisti sábado à noite, com a mente fora das minhas próprias restrições quanto a ele. E, assim como em diversas vezes anteriores quando julguei uma obra antes de pessoalmente conhecê-la, me arrependi de ter desprezado esta produção. O filme me conquistou desde seu início e retornou ao mesmo sentimento de desespero, atmosfera de desassossego e claustrofóbica ambientação envolvendo Seres Humanos com habilidades bélicas limitadas caçados por um Alienígena com recursos quase ilimitados de Adaptação, Combate e Disciplina na Arte Da Caça. 


O primeiro Predador se caracterizou por ser mais do que um filme de mortes brutais e tiros de metralhadora no meio da selva. Sobrevivência diante de um inimigo do qual pouco se sabe, a necessidade de ultrapassar os próprios limites e atingir uma superior camada de possibilidades para superar aquele constituem a essência daquele filme. Não senti esta essência nos demais realizados em torno da Mitologia nele iniciada até este realizado com um apuro técnico na Fotografia, Música Instrumental, Roteiro e Montagem. Sem fillers compondo desnecessárias tramas dentro da trama principal, a Direção de Dan Trachtenberg focou no alvo central da história lançando uma flecha direto no objetivo de contá-la com paciência e humildade aos meus olhos de cinéfilo. Outro Diretor menos comprometido e com tendências megalomaníacas de se sentir "o maior e melhor dos Cineastas da Contemporaneidade" trataria de expandir o filme para duas horas ou mais de duração com um amontoado de sequências que preencheriam o desenrolar dele com questionáveis ritmos de diálogos e situações. A duração foi correta nas mãos de Trachtenberg, que soube manipular o tempo na Montagem Final descartando, sem dúvida, o que enfraqueceria o todo da obra. A sensação que tive foi que o filme durou horas, seu limite certeiro de duração proporcionou uma devida imersão, algo que privilegio com muita ênfase quando busco apreciar obras audiovisuais. 


Imersão auxiliada ainda mais por uma Fotografia pouco comum a filmes deste Gênero, com planos longos, cenários alongados e impactantes jogos de luz dentro da noite, da névoa e de uma floresta sufocante onde a morte apresenta-se muito mais imprevisível do que em qualquer outro lugar da Terra. O meu matrimônio imersivo condensou-se mais pleno com uma Trilha Sonora que justifica e solidifica a qualidade das sequências planejadas com um foco muitas vezes nitidamente meditativo. As longas sequências sem qualquer diálogo, pontuadas por um tambor em ritmo de marcha anunciando que o perigo ronda bem perto, também é algo surpreendente em um filme de uma Franquia que muita gente pensa ser um monte de gente armada pronta para ser esmagada por um monstro e com apenas um adversário à altura no fim. Todo o elenco se capacita aqui ao elemento de adequação ao estranhamento, ao medo, à tensão e ao suspense que as músicas compostas por Sarah Schachner aludem simetricamente convenientes a cada momento. A única parcela técnica do filme que deixou a desejar foi nos Efeitos Especiais, o que elevou um pouco mais a minha repulsa pelo famigerado CGI. O que foram aqueles leão e urso gerados em Computação Gráfica? O que foi o próprio Efeito de Invisibilidade do Predador, muito mal feito em sua composição? Até fica absurdo e ridículo, parecendo que Amadores desenvolveram a parte da Computação Gráfica com parcos conhecimentos dos instrumentos dos Softwares com os quais trabalharam. Pequenos detalhes que não ignorei porque são a parte mais desproporcional em relação ao conteúdo restante da película, o que não retira desta a capacidade de ser excelente no que sem enrolação entrega. 


E a excelência do filme como entretenimento atrelado a uma reflexão sobre Identidade e Pertencimento a uma Cultura não existiria sem a presença da Grande Atriz que é a Amber Midthunder. Sua Naru rouba a cena junto com o lindinho cachorrinho que a acompanha, o fofo Sarii, uma dupla que deu maior alma ainda aos acontecimentos. Amber não tem trejeitos exagerados, não é careteira e nem se caracteriza, como outras Atrizes por aí que fazem filmes compostos por elementos de Ação, por um comportamento histérico até quando não há a necessidade de atuar com mais vigor. A escolha de uma Atriz de verdade, que interpreta com muita naturalidade uma personagem que busca ser integralmente aceita como uma Guerreira dentro de sua Sociedade Tribal, está entre as melhores características da obra em si. Os olhares dela são diferentes para cada tipo de situação, o que me impressionou por ser algo raro; bem, eu devo ter assistido muitos filmes com Ação e Lutas onde Atores e Atrizes possuíam a capacidade dramática de um poste, por isso me surpreendo quando me deparo em um filme assim com quem tem talento de verdade. Adorei conhecer o trabalho desta Atriz, que nublou até mesmo a presença do Predador por a este ofuscar sem ter a qualquer intenção quanto a isto. Um detalhe é que Naru não se diminuiu diante do perigo de morte, foi inteligente o suficiente para vencer com habilidades que desenvolveu treinando durante anos e se capacitou ao ponto de ultrapassar aos outros Guerreiros da tribo, todos estes homens. Uma mensagem bela de que nem todo típico caminho seguido pela maioria serve para todos está incluída na cena onde todas as mulheres da tribo seguem em direção às tarefas peculiares do dia referentes ao sexo feminino. Naru segue com elas até certo ponto, mas muda de direção para seguir o caminho que o coração dela ordena, uma bela cena que foi mais um detalhe que eu não esperava em um filme como este.


Certos comentários desprovidos de  muito bom senso, caráter e entendimento sobre a protagonista ser uma mulher indígena povoaram Grupos e blogs antes do lançamento do filme. Tais comentários continuam agora e comprovam que os machos com Masculinidade Frágil demais se incomodam bastante com protagonistas femininas de peso com muito destaque como a Naru. Falando como homem, mais do que como cinéfilo e Nerd (na Subcultura Nerd de hoje, por mais incrível que pareça, o preconceito contra as mulheres como protagonistas de qualquer obra é escandaloso e identificável automaticamente logo nas primeiras palavras de um comentário ao nível de macho ofendido), nunca me incomodo com mulheres em posição de destaque. Já tive chefes em empregos do sexo feminino e nunca me senti diminuído por ser um subalterno delas; nos tempos de escola, a maioria dos melhores alunos dela eram garotas e nunca me senti incomodado com isto; quando hoje procuro o que assistir, ler e ouvir, prefiro dar lugar à presença feminina; meus escritos, em sua maioria, são pontuados por uma fortíssima ligação com O Feminino; e minha principal obra autoral tem mulheres como as grandes protagonistas. Me desculpo agora com as leitoras e os leitores racionais deste texto pelo que vou dizer a seguir, mas preciso mandar um recado direto para quem se sente ofendido com mulheres à frente de qualquer coisa. Você aí, homem, lendo esta Resenha, pode me chamar à vontade de "feministo", "escravoceta", "mangina", seja do que for, não estou nem aí. Enfie o seu preconceito de babaca arcaico conservado em formol no olho do seu cu. Foda-se se você não aceita o protagonismo feminino, sua opinião retrógrada não vai retirar do mesmo a relevância e importância que sempre teve bem antes das correntes ideológicas que hoje procuram tirar proveito da mesma. 


Não considero "O Predador: A Caçada" uma obra militante feminista limitada ou uma tentativa de compor uma narrativa contra a predominância masculina nos filmes com conteúdo de lutas, sangue e massacres à exaustão. O que vi no filme é uma protagonista foda interpretada por uma Atriz muito foda dentro de uma história mais foda ainda. Se o filme atrai a sua atenção, me direcionando agora a quem ainda não o assistiu, não dê chance a ficar lendo, ouvindo ou assistindo às camadas podres ignóbeis do Meio Nerd que vomitam ódio, preconceito e ataques diretos apenas porque ele tem uma mulher como protagonista. Passe pela experiência de assisti-lo, assimile o que sentir e faça da sua opinião o que terá a dizer sobre ele. Para mim, o único discurso panfletário nele é a favor da perseverança da Sobrevivência em situações bastante extremas. Reparem no olhar de Naru ao final do filme, vocês entenderão isto de modo muito claro, há muito mais aqui envolvido do que se discursa por aí em torno dele. 


Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores!




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DUBLADO




























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