Samurai X - O Final é o melhor live action de mangá/anime

 





Já faz um tempo que tinha assistido ao live action de Samurai X - O Final na Netflix. Também conhecido como Rurouni Kenshin, o famoso mangá/anime de Nobuhiro Watsuki. Na verdade, chamar de Samurai X era muito mais comercial, pois fazia alusão a marcas como X-Men, mas é realmente um título sem sentido, visto que a cicatriz do protagonista Kenshin nem é um “X” na realidade, e sim uma cruz.






Como adaptação do mangá, é excelente. Claro que tem de se levar em conta que a base é um mangá/anime shonen, com aspectos caricaturais. Há umas atuações muito exageradas e caricatas, sobretudo dos capangas do vilão Enichi Yukishiro, interpretado pelo filho de Sonny Chiba, Mackenyu. No mangá, apesar de esses capangas não terem muito destaque, cada um tem sua motivação para odiar Kenshin Himura, cujo papel é feito por Takeru Satoh, o ex-Kamen Rider Den-O. No filme, só fica mais clara a motivação de Kujiranami Hyōgo, samurai cujo braço foi decepado por Kenshin, na época em que era o battousai. No mangá, Kujiranami teve o design do vilão Apocalipse dos X-Men como base. Tem outro vilão no mangá que é igual ao Venom e luta com o Aoshi, mas que no filme ficou com um aspecto freak.

O flashback do Kenshin com a Tomoe no filme também é muito rápido, várias cenas cortadas, e no mangá dura vários volumes. Samurai X - O Final talvez padeça um pouco do mesmo mal da adaptação live action de Blade - A Lâmina do Imortal, que é ter de transcrever muita coisa que acontece no mangá em um filme de quase duas horas e meia. O ator que faz o vilão, Enichi, tem uma atuação exagerada, oscilando da fleuma para a agitação, mas é exatamente assim que o Enichi é no mangá. Ele toma como base as características mais caricaturais do personagem. Ademais, é bastante comum os atores japoneses terem esse tipo de atuação exagerada, gritando muito, lembrando até um pouco novela mexicana.



Por sua vez, Takeru Satoh interpreta um Kenshin contido, mas com muita entrega. No filme, realmente não dá para mostrar graficamente o olhar do Kenshin como no mangá, em que ele passa de afável para perigoso de uma hora para outra. Apesar disso, a direção é muito competente, as cenas de luta são ótimas, bem como o figurino e a ambientação.


Claro que houve algumas soluções de roteiro que não me agradaram muito. Sanosuke, por exemplo, é um personagem que foi muito mal aproveitado no filme, quase apagado, servindo apenas como alívio cômico. Yahiko também, que, apesar de ser um sidekick, tem um crescimento importante na Saga da Vingança dos Homens no mangá. No entanto, Sojiro Seta aparece no ato final, para dar uma ajuda a Kenshin, sendo que ele nem aparece nessa saga no mangá. Evidente que Kaoru tem grande importância na história, mas não há no filme todo aquele plano de o Enichi usar uma boneca para enganar Kenshin, para que ele ficasse atormentado achando que Kaoru tinha sido assassinada, como acontece no mangá.

Engraçado é que não percebi nenhuma movimentação dos canceladores do Twitter, nem aqui nem em outros países do Ocidente, exigindo boicote ao filme, por Watsuki ter sido preso, apanhado com material de pedofilia no Japão. Foi suave, talvez tenha esquecido do fato, mas isso é algo raro nesses tempos em que sempre procuram algo comprometedor no passado de qualquer artista.

Nas possibilidades, até que é uma adaptação muito fiel ao mangá. O que não ficou fiel é porque era necessário verossimilhança. Ao final, o filme é uma experiência verdadeiramente apoteótica para quem assistiu aos outros longas da série. Melhor que a maioria dos filmes da Marvel. Nota 8 de 10.

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