A FASE DEFINITIVA DO DEMOLIDOR

 


A FASE DEFINITIVA DO DEMOLIDOR

 

Um dos meus personagens favoritos das hqs é Demolidor, o homem sem medo. Isso se deve ao fato do demônio de Hell's Kitchen ser uns dos raros personagens da Marvel que teve a sorte de ser escrito por grandes roteiristas como Kevin Smith, Brian Michael Bendis, Ed Brubaker, Mark Waid e, atualmente, Chip Zdarsky. No entanto, o roteirista cuja fase foi o ponto de partida para o sucesso do Demolidor nos quadrinhos é o Frank Miller. Apesar dos seus trabalhos atualmente serem...controversos, não há como negar a importância que a fase do Miller (Demolidor vol 1 158 a 191) teve em tornar o Demolidor num herói reconhecido que ele é atualmente.

 

DEFININDO OS TONS DAS HISTÓRIAS

 


Antes da chegada de Miller, Demolidor era um personagem que os roteiristas não tinham ideia do que fazer com ele. Sua história mudava de uma direção a outra. Ele começou como um herói colorido enfrentando vilões fantasiados, lembrando muito histórias do Homem Aranha, enfrentou ameaças paranormais e até mesmo chegou a mudar de cidade e teve uma longa parceira com a Viuva Negra. Nenhuma das ideias tinha sido o bastante para aumentar sua popularidade.

 


Quando Miller, que na época era apenas um desenhista assumiu os roteiros ele deu pras histórias uma direção, dando a elas um tom bem noir e pé no chão.. Ao invés de um herói colorido e charmoso, o demolidor era um vigilante badass e sombrio, tentando manter a ordem em um bairro violento, o que tornou o drama em suas histórias bem relacionável.

 

A EVOLUÇÃO DOS VILÕES

 


Uma das formas que Miller abordou essas temáticas mais maduras e complexas foi por meio da relação do Demolidor com seus inimigos, que foram de vilões coloridos e cartunesco para mafiosos e assassinos, que representavam um desafio o demolidor, não só em relação em sua força física, mas em relação a sua ideologia e valores como um vigilante, um advogado e até mesmo um homem religioso.

 


Os maiores exemplos disso estão na forma como Miller reinventou dois vilões da editora Mercenário e o Rei do Crime como adversários que encaixam no mundo do Homem sem Medo. Interessante é a forma como Miller foi capaz de tornar esses vilões populares sem retconizar a história estabelecida deles, mas desenvolvê-los através da narrativa, dando mais profundidade. No caso do Mercenário, que era um vilão genérico e sem carisma, foi mostrado o efeito que suas derrotas nas mão do Demolidor, fazendo ficar insano e imprevisível. Sempre que Mercenário entrava em cena, deixava para trás uma pilha de cadáveres, deixando o herói tentado a executa-lo, a quebrar seu código moral e sua fé na lei.

 


Mas o melhor vilão na fase foi o Rei do Crime, um vilão que tava praticamente sem lugar nas hqs. Embora tenha começado como um vilão do Aranha, os escritores não achavam que Fisk se encaixa-se na galeria de vilões do amigo da vizinhança, mesmo tendo acrescentado detalhes interessantes ao vilão como seu relacionamento com Vanessa, sua esposa, e seu filho Richard.

Foi graças a Miller, que o Rei do Crime achou seu lugar como um dos vilões mais importantes do universo Marvel. O seu retorno no arco "Guerra de gangues" mostra Fisk voltando a sua vida de crime, após o sumiço de sua esposa Vanessa, e aos poucos conquistando o submundo de Nova York, se tornando uma figura importante nas histórias seguintes. Sua rivalidade com Demolidor foi um dos maiores destaques na fase do Miller, com os dois tendo seus conflitos mas também um certo respeito e necessidade pelo outro, agindo como os dois elementos opostos que promovem equilibrio de poder em Hell's Kitchen.

 

ÁREAS CINZAS ENTRE O PRETO E BRANCO

 


Além de vilões como Fisk e Mercenário, Miller também introduziu ao mundo do Demolidor anti heróis, que reforçavam o questionamento do herói em relação aos seus valores, como por exemplo, o Justiceiro, que desafia a crença do Demolidor na efetividade da lei, fazendo questionar se vale a pena deixar criminosos serem julgados, sabendo que eles provavelmente conseguiram escapar (legalmente ou ilegalmente) e repetir os mesmo crimes.

 


No entanto, o oponente que representou as áreas cinzas no mundo preto e branco  de Matt Murdock foi a primeira grande criação de Miller: A ninja assassina Elektra. Tendo sido amante de Matt durante a faculdade, o fato de estarem em lado oposto, com Elektra sendo mercenária e Matt sendo um combatente do crime, torna sua relação bem dificil, com ambos estando divididos entre seus deveres e a paixão que sentem um pelo outro, tornando o romance dos dois um dos arcos mais trágicos e icônicos na fase do Miller

 

 

A OBRA PRIMA DE MILLER

 


Após ter trabalhado nas hqs Demolidor desde a edição 158 a 190 (tendo assumido os roteiros a partir da edição 168), Miller encerrou sua fase em Demolidor vol 1 nº191, com a história "Roleta Russa", onde Matt confronta Mercenário no hospital, narrando para ele uma história sobre um garoto que admira o herói por ele ser violento, fazendo Matt questionar o que seu alter ego representa como um símbolo para a população que ele protege.

 


Essa história é emocionante foi uma excelente forma de Miller encerrar sua fase no Demolidor. Se essa tivesse sido sua ultima história, a fase dele teria terminado de forma muito boa. Mas não foi...pois Miller tinha um final muito mais grandioso em mente.

 

Ao voltar por um breve período as hqs do demônio de Hell's Kitchen, Miller fez uma ultima grande história do personagem, uma que viria a ser a história definitiva do Demolidor aos olhos dos fãs e que definiu Miller como o melhor roteirista dos quadrinhos do Demolidor: A queda de Murdock.

 


Nesse arco épico, temos o retorno de Karen Page uma antiga namorada de Murdock que estava sumida das hqs. Agora sendo viciada em drogas, Karen acaba cedendo a identidade secreta do Matt a um traficante e essa informação acaba caindo nas mãos do Rei do Crime, que começa a destruir a vida do Matt aos poucos, indo desde incrimina-lo e faze-lo perder sua licença de advogado a explodir sua casa deixando o herói desabrigado e afastado dos seus amigos.

 

Depois de várias histórias mostrando Matt confrontando inimigos mortais e encarando dilemas que o faziam questionar sua moral e seus métodos como um herói, essa história foi um final perfeito pra fase do Miller, puxando o Demolidor até seus limites, fazendo ele perder tudo em sua vida pessoal, mas mostrando seus pontos fortes, com Matt se recusando a se dar por vencido, se esforçando para sobreviver mesmo diante um cenário tão dificil, tornando seus momentos de vitória muito mais merecidos e bem construídos.

 


E não é só Matt, mas vários personagens do seu elenco de apoio passam por dificuldades nessa história, seja a Karen tentando fugir dos capangas do Rei do Crime ou Ben Urich sendo ameaçado por investigar as operações do Rei, todos tendo momentos de derrota e desespero, mas no final conseguindo se reerguer para alcançar seus objetivos. Isso perfeitamente reforçar a mensagem da história e demonstrar o que tornar Demolidor um herói tão legal: Sua habilidade de sempre levantar, não importa quantas vezes ele caia.

 

LEGADO DO DEMÔNIO

 


Embora Miller tenha deixado as hqs do Demônio de Hell's Kitchen, seu trabalho nunca será esquecido, tendo estabelecido o tom e estilo de histórias que muitos fãs associam com o Demolidor.

 

Até hoje, muitos roteiristas que trabalham nas hqs pegam inspiração da fase de Miller, chegando até mesmo desenvolver tramas estabelecidas em suas fases como a rivalidade do Demolidor com o Mercenário (ex: Demônio da Guarda de Kevin Smith) ou o Rei do Crime ter descoberto a identidade secreta do herói (ex: O arco Revelado de Brian Michael Bendis e a fase do Mark Waid).

 


Mesmo as adaptações em outras mídias como desenhos, séries e o filme do Ben Affleck pegaram inspiração da fase Miller, demonstrando a influência que ela teve na mitologia do Demolidor

 


Claro que tudo isso é opinião pessoa, e tem pessoas que julgam as fases dos outros escritores superiores a do Miller, porém nenhuma fases teria existido se não tivesse sido pela forma como Miller pegou esse herói desconhecido, com a hq a beira do cancelado e o transformou num melhores personagens da Marvel. Pode-se dizer que ele realmente ensinou a todos, sejam editores da Marvel ou nós, fãs leitores de hqs que...

 

Um homem sem esperança é um homem sem medo!


Então é isso! Qual a opinião de vocês em relação a fase do Frank Miller no Demolidor? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.


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